Professor Edison José Corrêa

Gestão de 1998 a 2002 e 2002 a 2006

O Professor Edison Corrêa foi Pró-reitor de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais no período de 1998 a 2002 na gestão do Reitor Francisco de Sá Barreto e de 2002 a 2006 na gestão da Reitora Ana Lúcia Almeida Gazzola. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (1968). Especialista em Pediatria. Atualmente é professor adjunto IV da Universidade Federal de Minas Gerais (aposentado, Professor Convidado). Diretor da Faculdade de Medicina da UFMG (1994/1998), Presidente (2003/2005), coordenador da Comissão de Saúde (2006/2007) e Assessor (2006 -.2013) do Fórum de Pró Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Coordenador Técnico e Vice – Diretor do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva NESCON/UFMG e coordenador do Programa Ágora/Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família/Universidade Aberta do Brasil – núcleo UFMG. Profissional liberal – pediatra neonatologista Maternidade Octaviano Neves (1971-2007). Tem experiência na área de Pediatria/Neonatologia e Administração Universitária, com ênfase em Extensão Universitária, atuando principalmente nos seguintes temas: extensão universitária, saúde coletiva, universidades-transformação social, atenção primária á saúde, escolas médicas, educação médica e especialização em saúde da família (Educação a Distância).                                                                                                                                                                                                                                                Texto informado no lattes

Cevex: Este é um projeto chamado Centro Virtual de Memória da Extensão, o CEVEX. Temos algumas perguntas… a primeira delas: como era o seu envolvimento com a extensão antes de assumir a pró-reitoria de extensão?

Prof. Edison: Eu considero que eu tinha duas bases, a graduação, porque trabalhei 13 anos em um ambulatório periférico no Santa Maria, e lá me envolvi com a Associação Comunitária, com a creche. Fizemos um projeto e trabalhamos cinco anos com a creche comunitária, até com bicheiro, com a Escola de Samba que tinha lá, mas depois nós consideramos que era um risco grande, que não dava para colocar, mas eram bicheiros da Raja Gabaglia. E nesse processo, eu ia lá duas vezes por semana, e às vezes, como eu dava um trabalho para os alunos, eles tinham que fazer um trabalho que era de base comunitária, e uns dias que eles marcavam reunião no sábado e eu ia também. Então, me envolvi com essa comunidade e também no Internato Rural. Aí foi outro ponto.

Teve por exemplo em Presidente Olegário, o lugar que eu nasci, antigamente chamava Granjas Reunidas do Norte, onde tinha a Engenheiro Dolabella. Então, tinha uma total desorganização no processo de atendimento e fiz um projeto com o pessoal do Internato Rural que era organizar a atenção à criança. Era uma organização não só de protocolo, mas uma organização de serviço, como a gente planejava, qual era o tamanho, quantas crianças tinham… Foi um trabalho de uns dois anos.

E outro trabalho também que me deu muita satisfação foi com a Roseni Bosangela, trabalhamos lá em Presidente Olegário que era com o Internato Rural, em uma área meio marginal do Internato rural, era longe, depois de Patos de Minas, a gente ia de ônibus à noite, eram 4, 5 horas de ônibus, aí o carro pegava e levava a gente para Presidente Olegário.  Lá nós trabalhamos com a Associação de Pequenos Produtores, e na época nós produzimos, e temos aí até hoje. Outro dia estava vendo, tinha alguém de Sergipe me perguntando se podia usar a metodologia, eu falei “ Você tem 15 anos.” Como é que faz projeto? Como a comunidade faz projeto, metodologia de projeto comunitário? Então, esse foi um trabalho que vem na minha cabeça e deve ser o que me causa mais recordação.

Eu acho que esse processo constrói ligações com as pessoas, outro dia esteve aqui o Seu Tino, eu não me esqueço dele, que era o presidente da Associação Comunitária. E eram uns projetos ainda em uma fase, que começava a ter uma discussão nacional sobre fazer uma política de extensão, sistema de extensão. E depois, em um primeiro mandato, quando eu fui para ser pró-reitor de extensão, na realidade, eu nunca havia sido coordenador de Cenex, nunca tinha tido um cargo institucional. Eu tinha as ligações, sabia quem era do Cenex, eu me lembro de uma época em que tinha a Elza, Elzinha… Eu trabalhei muito com o Cenex, mas nunca fui representante de departamento, pelo contrário, no departamento eu estava dentro do colegiado de curso. Eu fui do colegiado, depois fui coordenador duas vezes do colegiado de curso de graduação, e por opção, ou não sei se por destino, ou pessoal, mas  eu nunca fiz uma pós- graduação, já comecei um mestrado e parei na metade, porque além do mais eu tinha uma outra relação que era muito forte dentro da escola, que era uma relação profissional, eu era um pediatra fortemente estabelecido na praça. (Risos). E eram 40 horas, não tinha nenhum problema de ilegalidade, mas depois eu assumi a chefia do departamento, depois o colegiado, a diretoria da faculdade, aí já me envolvi um pouco mais com extensão. Depois entrei de cabeça quando fui convidado pelo César, no primeiro mandato dele, para assumir a pró-reitoria. Mas foi uma coisa que foi acontecendo ao longo do tempo.

Cevex: E qual foi o foco para o planejamento das ações e políticas de extensão durante a sua gestão. Foram dois mandatos, né Edison? Oito anos.

Prof. Edison: Sim, dois mandatos, oito anos. Quando eu fui ao Fórum, eu me lembro muito bem, foi em Natal, com o Evandro. Tinha um Fórum Nacional mais ou menos em março ou abril… Evandro das Belas Artes, ele também foi dois mandatos. Foram dois ou três…

Cevex: Foram dois, ele ficou um período fora e depois voltou, não foram os dois diretos.

Prof. Edison: Ele entrou e saiu. Uma vez foi com o Tomáz. Eu lembro que quando foi o Evandro, ele até me telefonou “Olha, vai ter o Fórum Nacional você podia ir porque é meu último e vai ser o seu primeiro.”, lá eu fui apresentado, fui para o nordeste. Foi a primeira vez que eu tive um contato, eu não sabia dessa estrutura de Fórum, na época eu me choquei muito, eu achei a coisa muito desencontrada, parecia que cada pró-reitor tinha o seu problema, era uma hora que era muito agradável, todo mundo conversava, mas depois iam embora e não saia nada. Depois, no ano seguinte, nós começamos a descobrir muitos parceiros, um muito importante foi o Targino da Federal de São Carlos, UFSCar, a outra foi Malvina. Eles foram pró-reitores, mas ambos foram reitores depois, Malvina na Unirio, a Inês na Federal do Rio de Janeiro, pessoal da Unifesp. Então, na realidade, todo mundo tinha um certo anseio, e a primeiro ideia era ter um documento de referência nacional, com o que era extensão, não era nada nem o Plano, e aos poucos a coisa evoluindo, tanto do conceitual, político conceitual, para o prático. Então, como se organiza, o que é projeto, o que é programa, essa divisão das ações, a classificação das ações de extensão começam a aparecer. Tinha a Linda… Eu lembro que o pró-reitor de São Paulo era um pró-reitor com muito trânsito dentro da universidade e ele fazia muito o aspecto formal de ser pró-reitor, assinava papel, despachava, ia às reuniões, ia no Conselho Universitário, ele estava na esfera. Tinha uma pessoa lá que era a Linda, a Linda que era uma funcionária que era tipo uma Marizinha, ela conversava, entendia e tinha uma percepção danada, e ficou muito tempo lá na pró-reitoria.

Cevex: A Marizinha que foi pró-reitora adjunta com o Edison… Nos dois mandatos, não foi, Edison?

Prof. Edison: Não. Um foi o Paulo Henrique, e o outro foi ela. O primeiro foi o Paulo Henrique. Ela foi no mandato da Ana Lúcia, e inclusive a Ana Lúcia queria que um funcionário quebrasse essa questão de ser só professor, que a gente abrisse espaço para os funcionários trabalharem. A pró-reitoria, a administração, na época a administração era só funcionário, e algumas outras. Então, disso aí evoluiu para se estabelecer o Plano Nacional de Extensão. Nessa primeira conversa lá com o Evandro, em que eu fui convidado, tinha essa conversa, não é que a coisa começou tudo comigo, não. Já tinha essa conversa, o Evandro era presidente do Fórum, o Evandro inclusive deixou assim, “Missão para o próximo ano”. A gente chegava no Fórum e colocava um planejamento. “No próximo ano o que vamos fazer?” “No próximo evento nós vamos aprovar o Plano Nacional.” Mas não aprovou, não deu tempo, um ano só foi muito pouco. Eu me lembro que uns dois depois, eu não sei exatamente a data, mas o Festival de Inverno estava fazendo 30 anos e Ouro Preto estava fazendo 300 anos, então foi uma data muito simbólica. E durante o Festival a gente tinha um grupo de trabalho que estava elaborando, lembro que a Inês, o Targino, nós nos reunimos, fomos até antes do Festival para Ouro Preto, e durante o Festival participamos, eu já era pró-reitor e participava oficialmente de algumas coisas, e foi quando a gente saiu com o primeiro desenho. Pra mim era meio marcante, era 30, 30 e 0. (Risos). Ou um né? Depois conta aí qual foi o Festival de número 30.

Cevex: Esse ano é 50, o ano que vem…

Prof. Edison: Então, 20 anos atrás, são 20 anos dessa história. Nós preparamos, e depois quando teve o encontro seis meses depois é que foi apresentada a primeira versão, porque deu muita briga… Eram muitas áreas de extensão e todo mundo queria enfiar alguma coisa… “O plantio de feijão…” “Gente, a coisa é mais macro! Não é assim!” Então, agronomia é uma área. “Que nome a gente dá? Então chama extensão agrária?” Porque a agronomia tem uma história muito importante na extensão, mas aí tinha a história, a saúde da família, aquela lista, hoje com poucas modificações, mas eu acho que ainda persiste as chamadas linhas de expressão. E na época a gente pensou que não adiantava ter só isso, tinha que ter um sistema de extensão nacional. Então se trabalhou muito, o pessoal da informática, eu lembro do pessoal do Mato Grosso… Teve muitas surpresas agradáveis. O pessoal do Mato Grosso ajudou, o pessoal do Rio Grande do sul, tinha uma professora, ela era pró-reitora…

Cevex: A Sandra de Deus. Continua na pró-reitoria até hoje, acho que ela está indo para o terceiro ou quarto mandato.

Prof. Edison: A Sandra saiu, aí entrou um outro pró-reitor, já falecido, ela tinha um grupo de tecnologia daquele primeiro desenho, aquilo era um desenho razoavelmente simples, classificava, dava numeração. A idéia inclusive é que cada Estado tivesse um número. Minas Gerais , por exemplo, fosse 30 e fosse um sistema único. “Quantos programas de extensão você tem?” Aí, você podia classificar, UFMG aparece medicina… Então, o também que tem 50 anos que está aqui, agora ele saiu do Laboratório de Ciências de Informação, não lembro o nome, ele era o coordenador e também ajudou a fazer…

Foi à época que eu comecei a me inteirar ir de 0 a 3 na questão da informática, da necessidade da extensão trabalhar com sistemas. E eu me lembro de uma discussão que teve e que eu acho que tem um engano hoje, que o sistema fala assim: Área temática um e 2. Aí bota assim: Área temática 1: Saúde. Área temática: 2, eu posso colocar saúde da família. Aliás, saúde da família, não! São grandes áreas. Eu posso colocar saúde e por educação. Se amanhã eu quiser pesquisar o que a Faculdade de Medicina trabalha com educação? O que ela trabalha com saúde? O que ela trabalha com os dois juntos? Aí, pelo menos aqui na medicina, a orientação é “Não preencha a área dois. Não se aplica.”, mas aplica, eu continuo achando que se aplica. Mas aí eu vou mudar tudo?

Eu acho que a grande falta é porque a gente teve um sistema e cada universidade adaptou. Tem gente que não trabalha mais com nada disso, trabalha em outras coisas totalmente diferentes. Tem gente que evoluiu, tem gente que ficou parada, mas o sistema nacional na época começou assim: Sistema Nacional de Graduação. Até para o aluno de medicina, quer mudar para o Paraná… Aí ele faz só a movimentação e está com a vaga garantida. A ideia era ter um sistema nacional; o Andifes entrou nessa, e talvez a extensão fosse o primeiro sistema nacional. Então, a ideia do Siex foi o sistema nacional, que eu acho que é uma ideia ainda, que tem algumas coisas que funcionam. Por exemplo, eu abro lá o Fórum, pelo menos a via de informação que eu tenho do Fórum, é o Rio Grande Do Sul. Que lá tem o sistema tem os documentos, e a ideia desse sistema é que ele fosse um sistema operacional e que eu entrasse no sistema, igual entro no SIEX aqui, eu ponho lá Minas Gerais, Universidade Federal de Minas Gerais, programa ou projeto tal, boto um x e registro. Mas se alguém lá da Paraíba quiser saber como nós trabalhamos em um programa da saúde da família, está público. Era outra ideia interessante, que hoje é aplica no ministério, o que se produzia era produto de todo mundo. Então, meu projeto, meu desenho de projeto, se alguém quiser copiar e aplicar vale? Vale. Só colocar um nome e isso facilitaria.

Houve um tempo que se fazia, não sei como está agora, você chegava e você podia ter lá um Encontro Nacional de Pró-Reitores e colocar a área de concentração: saúde, ou então, de outra área: economia, tal, saúde da família, mulher ou o que fosse. Então, era fazer os encontros temáticos. Eu acho que a experiência do Rio Grande do Sul, ninguém se aventurou muito a reproduzir, cada um tem a sua página, você pode colocar o que quiser o estatuto da universidade, coisas particulares e tal. Mas esses documentos históricos, essa memória, por exemplo, acumulada nos documentos e algumas coisas que pararam um pouco, mas não mandaram. Esse documento mesmo aqui tem dez anos? Esse que eu mostrei aqui? Esse aqui é da área da saúde, a organização da extensão na área da saúde. Isso foram os Pró-Reitores que estavam mais envolvidos, têm seis ou sete autores, são os Pró-Reitores que estavam mais envolvidos na área da saúde. Então, a ideia era dizer o que é a extensão na área da saúde? O que é a extensão na área de Direitos humanos? O que é a extensão na área de tecnologia da informação? Então, para alguém que vá trabalhar na universidade, ela já tem uma referência. Então, a gente que trabalhava e era interessante porque a gente se encontrava muito. Então, a gente começou, depois de certo tempo, o Targino depois foi presidente do fórum e eu vice-presidente dele, ele ficou um tempo, depois passei a ser presidente… Eu lembro que a gente tinha uma comunicação permanente, e aí se criou também nessa época, os encontros regionais, regional sudeste e tal, então, foi feita essa divisão. Então, você tinha um regional e um nacional, e ainda continua funcionando.

Aqui nos nossos encontros presenciais estamos fazendo o mínimo do mínimo… E me lembro que nesses encontros, como todo encontro, a gente virava a madrugada. Acabava o jantar e se reunia pra escrever. Me lembro que o Targino e eu conseguimos que a mulher do Fernando Henrique Cardoso, que era a Dona Ruth da Universidade Solidária, e na época teve um movimento para que as universidades participassem, então nós participamos. A mulher do Fernando Henrique era PSDB, o primeiro mandato do PSDB foi meio encantador, depois veio o segundo que foi uma desgraça, com aquele Paulo Renato, ministro da educação, o que fizeram com a extensão foi muito ruim. Eu me lembro também de um encontro na Bahia, foi a Solidária que pagou a passagem de todo mundo, foi muito concorrido. Mas era paralelo, tinha um encontro da Universidade Solidária, então, tinha um encontro que era junto, às vezes separava e tal.

Cevex: Edison, então, acho que teve um foco muito grande na construção da política de extensão para o país, num plano nacional, e foi aprovado em 98. E pensando agora na Universidade, como você acha que a extensão é vista na universidade? Pelos professores, pelos estudantes, pelos técnicos. Era e é vista, pensando também em interações entre pesquisa, ensino e extensão.

Prof. Edison: Eu acho que avançou. Eu acho que o conceito de extensão é mais respeitado, ninguém tem vergonha de falar que faz extensão, acho que teve alguns ganhos sensacionais de pontuação, entrada no sistema, mas pra algumas coisas. Então, eu acho que ganhou, acho que não é tão marginalizado. Mas se você pedir a um aluno: “Coloca na ordem aí, ensino, pesquisa e extensão”, como você acha que ele vai colocar? E essa ideia de marginalidade, eu me lembro que discutindo com um professor lá de Pernambuco, Evandro, ele falou assim: “Extensão não tem problema de ser marginalidade desde que ela seja ponta de lança, que ela esteja na liderança”. Então, se é marginalidade, a gente muda; é aquela coisa: “Minha gente eu vou me embora, mineiro está me chamando.” Mineiro tem esse jeito, chama a gente e vai andando… Dizem que é do Guimarães Rosa… dizem… mas não tem nada a ver com Guimarães Rosa. (Risos).

Mas eu acho que a coisa caminhou. A minha idéia é de que quando a gente pensasse na extensão, começássemos a fazer uma avaliação da extensão pelos programas. Como as pessoas se organizaram em programa? Eu vejo aqui na Universidade, a terceira idade, tem vários programas, mas na realidade a gente deveria ter um programa de terceira idade… Aí chamaram o Flavio, Edgar, chamaram outros grupos, mas os programas ainda são um pouco isolados. E em alguns momentos, tinham questões muito pungentes, muito políticas, que deu um clima depois, após anos de ditadura… Então, as questões políticas apareciam com muita força. Então, tanto em questão de educação de jovens e adultos, que era um programa forte, que ainda continua, programa não só de ampliação de entrada, mas um programa de permanência. Os programas de permanência, as políticas, porque um programa tem de ser uma política. Se eu faço um programa aqui, hoje eu faço um programa de educação baseado na educação à distância, que é um nome ruim, baseado em novas tecnologias educacionais. Então, quais são as novas tecnologias educacionais? Então, eu acho que o sistema não pode ser só pra estar ali e virar uma burocracia, um cartório, tem que ser uma coisa de trabalho. Tem que ser uma coisa que facilite as pessoas a se encontrarem. Acho que hoje, se trabalha muito a ideia de acervo de recursos educacionais. Então, a extensão tem que organizar o seu acervo, desde as questões históricas, de memória, que a gente tem que ter, mas esse programa tem que estar dentro de um programa nacional. Às vezes, a universidade começa a organizar, provavelmente outras universidades estão pensando, ou já tem. Então: Como é que a gente junta uma com a outra? O que é novidade? O que é inovação? O que é que tem de importante? Como a gente pega, amarra isso com o sistema e talvez até pensar: se está indo bem, a gente não vai mexer no sistema, né?

É engraçado que no Mato Grosso, são onze universidades que trabalham com os médicos, os estrangeiros e os brasileiros do programa Mais Médicos, que é um programa político. Lá em Mato Grosso, a forma de organizar hoje, é um grupo da Extensão que organizou o sistema do programa Mais Médicos, lá. Como aqui também, quase todo mundo aqui já trabalhou na extensão e sabe, né?

Agora os formatos de casa são: Pública a extensão, a extensão gera uma série de conhecimentos novos que a gente precisa sistematizar e que a gente tem que publicar. E é mais difícil publicar periódicos que são qualificados, né, entre aspas, por que a qualificação o que, que é? Qualificação e subqualificarão de coisas..

Mas a gente precisa ter tempo pra escrever, sistematizar isso. Eu acho que a via da informática tem que entrar forte no sistema muito bem organizado, funcionando bem, funcionando como processo. Eu acho que ele ainda é muito de ir lá, colocar a informação, põe e depois ninguém lê mais. Então, eu quero avaliar seu programa tal. A primeira providência é ver o que você escreveu lá.

Cevex: A gente teve agora uma auditoria interna, estamos na segunda né, com o COMFOR, e os auditores pegaram com o SIEX. Tanto é que as recomendações todas vieram para que o SIEX, de fato, sirva como ferramenta de consulta. E o TCU e o CGU também vieram e ficaram encantados com o SIEX, como ferramenta de transparência

Prof. Edison: Acho que o conceito hoje, a educação à distância traz muitas coisas. Eu com sete anos de educação à distância, e sei que tem que ter equipe, tem que profissionalizar, tem que ter gente. A gente tem que ter, tanto uma equipe de design, educacional, como uma equipe de tecnologia da informação pra coisa funcionar. São caminhos cumulativos, sempre que você põe lá, o sistema não tem problemas, você põe milhões de informações, mas esse não é um sistema de validação. Um cara faz um relatório sobre a Educação de Jovens e Adultos, uma memória de 10 anos da Universidade, ele tem que submeter a algum processo de validação, não é simplesmente ele põe lá e você olha. Cada Cenex em cada unidade olha se foi feito o formal e se foi feito o formal, está atingido e pronto. Então, a gente tem que pensar que isso é um instrumento. Aprovou, enfia na gaveta e depois fala “onde que tá aquele projeto?”. Então, é fazer uma coisa operacional, e aí eu acho que um conceito hoje, de plataformas educacionais.

Cevex: Edison, eu estou vendo aqui… Acho que a gente já respondeu um pouco da próxima pergunta, que seria: “Quais são os maiores desafios da extensão?” – que você já citou vários- mas aí a pergunta vai tratar sobre a integração entre ensino, pesquisa e extensão.

Prof. Edison: Eu acho que o principal é que não sejam integrados, que não sejam paralelos, mas que interajam. A palavra de plataforma é interação. Como qualquer sistema que você abrir, o pessoal abre e coloca as bobagens que quiser, os outros veem, falam coisas sérias… Tem a pediatria aqui, que a gente não consegue ler né, são milhões de coisas… Então inserem a política no meio e não sei o que… Aí que começa a briga. Então, como se constrói interação? A famosa “Como se constrói pontes?” Aquela velha história… Então eu acho que é isso, os relatórios, igual se termina ali na pós-graduação, agora você vai fazer um artigo e publicar. Então, como é que a gente faz isso? Como a gente valoriza isso? Aquela fase final do Siex, ela é fraca porque ela não tem isso. Quando vai terminar o agora, falam que o programa foi encerrado e ponto final, acabou, morreu. Tudo bem, vamos encerrar, mas vamos recapitular o que você produziu o que você publicou. E esses relatórios de alunos, bolsistas tem que fazer a gente vê que fica repetitivo. Ele tem uma cópia, ele copia e muda uma linha ou outra linha, se não, ele não ganha a bolsa. Ele tem que fazer né, mas dá muito trabalho, dá muito trabalho!

Cevex: Qual a importância das atividades extensão para a sociedade, tanto no momento da sua gestão, quanto atualmente?

Prof. Edison: Se eu fosse ter um sonho, é que os projetos de extensão só poderiam ser projetos propostos pela sociedade. Projeto na educação? Quem na sociedade está organizado? O que eles querem da Universidade? O que eu posso aprender lá? Eu sou ignorante. Eu não sei naquele nível, posso ter alguma conceitual do movimento da mulher. Aqui é uma briga, eu chego aqui e falo sobre saúde mental, o povo escreve vinte páginas sobre desospitalização, eu quero saber é na prática, no dia-a-dia das famílias, dos centros de saúde e tal. Como as pessoas lidam? No que elas querem que a gente ajude? Que a gente trabalhe ou que a gente aprenda?

Tem uma igreja lá perto de casa, eu vou aos sábados, então imagine que eu me disponho a fazer um trabalho social lá dentro e tal, daí eu pego um ou dois alunos meus e levo junto, está formado meu projeto de extensão. Mas aí fica aquela história, uma coisa meio filantrópica…Então, esse é o sonho. Quando tem aquelas parcerias, a gente põe Ministério da Educação, Ministério da Saúde… Não põe Associação Comunitária e tal.. Quando ele vê lá coordenação do projeto, como essas pessoas estão dentro da coordenação? Da mesma forma eles têm de se organizar, tudo é possível. Me lembro que aqui tinha um Centro Mineiro de Danças Clássicas e minha filha dançava. Eles tinham um projeto de ir lá dançar no interior. Aí pegavam um ônibus e foram para Lagoa Santa ou Sete Lagoas, arrumavam um lugar tal e chamava-se “os clássicos estão na cidade”. Então, na época, eu fiz algum projeto com eles, ajudei a fazer um projeto tal, mas eles precisavam de um projeto para captar recursos. E nunca registrei isso como extensão. Aí eu falo: “Isso é um trabalho de cidadania, porque a gente pode integrar dentro do plano acadêmico, aí vira um projeto de extensão. Está integrado no plano acadêmico, eu vou escrever sobre aquilo e etc. Mas era uma grande ambição, quem está te pedindo? Alguns são fortes. A EJA, ainda é uma política. Como a universidade participa dessas políticas, a violência contra a mulher, é um tema forte. E são vários, a sociedade está cheia de problemas… E velha história: E as universidades estão cheias de departamentos. Cada um no seu quadrado. Mas era um sonho…

Cevex: Edison, você quer acrescentar mais alguma coisa?

Prof. Edison: Não, vocês arrancaram coisas lá do fundo da alma. (Risos) Coisas que eu nem estava lembrando!

Cevex: E Gabriela, quer comentar alguma coisa?

Cevex: Eu quero agradecer, por que a gente vai fazendo essas entrevistas e é muito enriquecedor para gente que está chegando agora. Eu tenho quase um ano de Proex e com essas entrevistas dá para aprender muita coisa. E eu adorei seu sonho, eu acho que a gente pode sonhar juntos. (Risos).

Prof. Edison: Então, isso são conversas, por que gente, quem topa? Quem está pedindo isso pra vocês? Chega lá, Rádio Favela, que evoluiu, é um projeto dentro da universidade, um projeto de um professor, não sei onde está o professor, mas eles ficaram autônomos. E é isso mesmo, eles queriam um apoio, pronto, ficaram autônomos.

Cevex: Pronto, é pra isso mesmo!

Prof. Edison: Foi engraçado na Rádio Favela, eu fui lá falar sobre a extensão. “Professor, o que é extensão universitária?” Aí, eu falei em meia hora de programa. Eu fiquei seis, sete, oito minutos falando sobre extensão. “Professor, o senhor é pediatra, eu posso abrir a conversa? Eu disse, pode! Aí, começou só as mães telefonarem! (Risos). “Como faz com a dor de barriga de neném?” (Risos). Aí virou as coisas.

Pra mim, foram oito anos muito felizes. O segundo é realmente muito difícil. No final do segundo mandato falaram pra mim: “Você não vai aguentar!” Mas eu aguento! (Risos).

 

Entrevista realizada no dia 27/12/2016, às 10:00 horas, na Faculdade de Medicina – UFMG. Entrevistadora: Professora Benigna Maria de Oliveira . Equipe participante:  Gabriela Braga Casali.

Assista ao vídeo gravado pela Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão da UFMG no dia 1º de setembro de 2017, na inauguração do CEVEX realizada na Sala de Sessões do prédio da Reitoria da UFMG:

Veja entrevista com:

Professora Angela Dalben

Veja entrevista com:

Professora Efigênia Ferreira e Ferreira