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Descubra 3 fins possíveis para o universo! 

12 de janeiro de 2023

 

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Nada dura para sempre. Tudo que já se sonhou existir, que existe ou as coisas estranhas que ainda existirão, eventualmente encontrarão sua conclusão. Ela pode ser silenciosa, tranquila e serena como adormecer, ou pode ser espetacular, iluminando o cosmos antes da escuridão tomar tudo. Nada escapa a essa regra. Nem mesmo nós, nem mesmo a corrente dos rios, a intempestividade dos mares ou a estrutura colossal das montanhas está alheia à inevitabilidade do tempo. Nem mesmo o universo e suas estrelas, seus planetas, galáxias, buracos-negros e suas nebulosas resistem à transformação, e mesmo ele, um dia chegará ao fim. 

 

Hoje saltaremos para um futuro muito distante, para conhecer três teorias que contam sobre a possibilidade de fim do universo através de processos diferentes

 

(Gráfico que ilustra as três teorias do Grande Colapso, da Grande Ruptura e do Grande Congelamento, respectivamente)

 

1- Big Rip, ou a Grande Ruptura

 

Nós sabemos que nosso universo está desde o seu nascimento se expandindo, afastando corpos celestes, como galáxias, uns dos outros. Isso acontece por conta de uma energia ainda misteriosa chamada de energia escura, que faz esse crescimento acelerar cada vez mais. Mas, por enquanto, a força gravitacional dos corpos celestes como galáxias e planetas é mais forte do que a expansão do universo e mantém todas essas estruturas unidas. 

 

Mas, hipoteticamente, no futuro, se houver mais energia escura no espaço do que se espera, um dia ela vencerá a gravidade. As primeiras coisas que irão se desfazer serão as galáxias. Os planetas, estrelas e buracos negros vagarão solitários pelo espaço, e depois esse crescimento vai ser tão poderoso a ponto de desintegrar suas estruturas físicas, afastando suas moléculas. 

 

As forças intermoleculares que preservam essas moléculas serão vencidas pela força da energia escura e tudo que existiu será desfeito. O universo se transformará em uma sopa diluída de partículas fundamentais que nunca mais interagirão entre si, pois estão muito distantes para isso. E logo, mesmo os tecidos mais primordiais do universo serão esticados e desfeitos, restando apenas um grande vazio.

 

2- Big Crunch, ou o Grande Colapso

Agora, caso as análises dos astrônomos a respeito da energia escura e de seu funcionamento no universo estejam errados e , na realidade, haja uma quantidade menor de energia escura do que se espera no universo, um dia a expansão alcançará seu limite pois toda a matéria existente servirá como um freio, através da força gravitacional. Então, nesse momento, por conta da gravidade, seria iniciada uma reversão. 

 

O espaço começaria a se comprimir em si mesmo. 

 

Galáxias antes muito distantes se aproximariam e, como já explicado no texto “O Ballet de Duas Galáxias”, se fundiriam em novas galáxias, cada vez maiores. Essa aproximação tornaria o espaço mais uma vez extremamente quente e denso, até o ponto de contrair a um estado onde todas as galáxias se fundiriam e seriam engolidas por um único e definitivo buraco-negro, que consumiria toda a matéria do universo em um grande evento de singularidade. No limiar dessa grande fusão, a matéria voltaria, no entanto, a se expandir, em um novo Big Bang, dando origem a um novo universo. 

O que essa teoria nos diz, nas entrelinhas, é que esse ciclo de expansão e colapso universal já aconteceu antes, sendo o nosso universo apenas mais uma etapa dessa grande cadeia cósmica de destruição e construção. Caso, contrariando as evidências da quantidade de energia escura, essa hipótese esteja correta, podemos imaginar quantos universos diferentes do nosso já existiram e quantos novos, com tantos segredos, ainda existirão.

 

Primeira Imagem de um Buraco Negro. (Créditos: Event Horizon Telescope Collaboration)

 

3- Big Freeze, ou o Grande Congelamento

 

Agora, digamos que a expansão do universo não tenha freios, mas digamos também que esse crescimento acelerado não seja nunca capaz de vencer a força gravitacional dos corpos. Essa é a premissa da teoria mais melancólica de todas as três. 

 

À medida que o espaço cresce, a distância entre as galáxias aumenta, o que aumenta também o percurso que sua luz deve trilhar para alcançar o céu noturno de outros planetas. Com o passar das eras, as distâncias serão tão colossais, que nem mesmo a luz de uma galáxia alcançará as outras. 

 

Imagine o céu de uma civilização que, como nós, observa as estrelas. Após milênios de observações, esse céu se tornará cada vez mais escuro, cada vez mais vazio e solitário, pois toda a luz que existe, estará longe demais para ser vista. Essa civilização estará sozinha no escuro. 

 

Bilhões de anos passarão e com o aumento da distância entre as estrelas, o universo vai ficando cada vez mais frio. Podemos dizer que o universo e todas as suas transformações, seus grandes eventos, seus espetáculos luminosos, estão se cansando e em algum momento, a energia do universo vai se extinguir. O resultado desse cansaço será uma morte térmica. 

 

Nela, todas as estrelas do universo se apagarão e não haverá energia suficiente para a formação de novas, tornando o universo um grande espaço escuro e gelado. Junto da escuridão, virá um decaimento generalizado da matéria, quando tudo que existe será decomposto para seu estado mais básico, sobrando apenas restos moleculares espalhados e diluídos pelo espaço graças à sua expansão. Nesse provável futuro, mesmo a mais brilhante das estrelas um dia se apagará e o maior e terrível dos buracos negros vai se dissolver. Após cada estrela no céu perder seu brilho, a única luz de todo o universo virá de poucas partículas luminosas e amontoados parcos de gás, até o instante fatídico em que essas últimas lembranças de brilho se perderão no escuro, decretando a morte gelada, tranquila e solitária do universo.

 

[Texto de autoria de Gabriel Barcelos, graduando em Jornalismo e bolsista de som no Núcleo de Comunicação e Design]

 

Para Saber Mais:

Timelapse do futuro 

Ballet de Duas Galáxias

Como nascem as estrelas?

As estrelas morrem?