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O Ballet de Duas Galáxias

20 de setembro de 2022

 

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Dez anos atrás a NASA confirmava as suspeitas dos astrônomos quando a partir de dados coletados pelo telescópio Hubble comprovou que nossa galáxia, a Via Láctea, está em rota de colisão direta com nossa vizinha Andrômeda. O evento, que acontecerá daqui quatro bilhões de anos, será responsável por mudar o formato de ambas, que, em uma espécie de dança sideral, se unirão em um grande ato, dando origem a uma nova galáxia, muito maior que suas precursoras. 

 

Em nosso universo, eventos dessa magnitude não são nem um pouco incomuns, considerando a frequente observação de interação entre galáxias, estruturas gigantescas compostas por estrelas, poeira e gases. Galáxias próximas se atraem devido a interação entre seus campos gravitacionais, e assim se dá o início do grandioso processo de colisão. A Via Láctea faz parte de um considerável  grupo de outras dezenas de galáxias conhecido como Grupo Local, nele, a maior de todas é Andrômeda com cerca de 220.000 anos-luz de diâmetro, sendo a Via Láctea a segunda maior, juntas, elas somam cerca de 80% de toda a massa do grupo. Apesar de estarem a uma distância de 2,5 milhões de anos-luz, esses objetos cósmicos se atraem mutuamente, levando à colisão.

 

(Simulação da colisão. Créditos: Space Shot of the Day – Cheezburger) 

 

Andrômeda flutua silenciosamente até nós, com a velocidade de 402.366 quilômetros por hora, o suficiente para viajarmos da Terra à Lua em apenas 60 minutos. 

 

Durante esse evento cósmico, a força gravitacional da colisão será forte o suficiente para deslocar as estrelas pelas galáxias, jogando-as para longe. Simulações indicam, inclusive, que nosso Sol será lançado para muito mais longe do centro da galáxia que está hoje. Além disso, a enorme pressão gravitacional comprimirá as nuvens de gás e poeira a um estado superdenso, o que permitirá o nascimento de novas estrelas que irão liberar grandes quantidades de radiação e vento estelar. Ao fim da colisão, os núcleos das galáxias se fundem e as estrelas se estabelecem em órbitas aleatórias para criar uma galáxia de formato elíptico. 

 

No entanto, apesar do grande deslocamento das estrelas e de nosso Sol, as chances que esses corpos sejam destruídos ou colidam diretamente entre si é mínima, considerando a imensa distância entre as estrelas. Portanto, apesar de serem incertas as consequências da colisão para o planeta Terra, as chances de que ele sobreviva são altas. 

 

O que podemos afirmar, com certo grau de certeza, é que o céu da Terra será agraciado com uma visão e tanto, pois com o passar dos milênios Andrômeda será cada vez mais perceptível, até tomar os céus quase que por completo. Mesmo que não estejamos mais aqui para presenciar o grande evento, podemos imaginar sua beleza.

 

(Ilustração de como será a colisão a partir do céu noturno terrestre. Créditos: NASA; ESA; Z. Levay and R. van der Marel, STScI; T. Hallas; and A. Mellinger)

 

Primeira Linha:

Esquerda – Hoje.

Direita – Em 2 bilhões de anos, o disco da galáxia de Andrômeda se aproxima.

 

Segunda Linha:

Esquerda – Em 3,75 bilhões de anos, Andrômeda preenche o campo de visão.

Direita – Em 3,85 bilhões de anos, o céu está brilhando com novas estrelas se formando..

 

Terceira Linha:

Esquerda – Em 3,9 bilhões de anos, a formação de estrelas continua.

Direita – Em 4 bilhões de anos, Andrômeda é esticada e a Via Láctea deformada.

 

Quarta Linha:

Esquerda – Em 5,1 bilhões de anos, os núcleos da Via Láctea e Andrômeda aparecem como um par.

Direita – Em 7 bilhões de anos, as galáxias fundidas formam uma enorme galáxia elíptica.

 

 

[Texto de autoria de Gabriel Barcelos, graduando em Jornalismo e bolsista de som no Núcleo de Comunicação e Design]

 

Para saber mais: 

Hubble da NASA mostra que Via Láctea está destinada a colisão frontal

Site Hubble