(Cantata cênica ‘Carmina Burana’ levou 1.500 pessoas ao Bosque da Música. Foto: Lucas Braga / UFMG)

As comemorações de meio século de fundação, a temática da edição de 2017 e o atual momento vivido pelo país transformaram o 49º Festival de Inverno da UFMG em um evento “diferenciado”, na avaliação da professora Leda Maria Martins, diretora de Ação Cultural.

“Esse clima se formou por uma congregação de elementos. Comemoramos os 50 anos de um festival do qual se originaram tantos outros festivais no país. A soma disso com o momento que a gente vive, e também com uma temática que tratava de criação, resistência e transformação, motivou reações extraordinárias”, destacou a diretora. Poéticas de transformação: criação e resistência foi o tema desta edição, por meio do qual se relembrou a trajetória do festival, atravessada, inclusive, pela superação da ditadura.

“Encerramos o evento com um auditório lotado e com artistas emocionados por fazerem parte dessa celebração”, afirma Leda. Somando os eventos artísticos, as oficinas, os minicursos, as aulas abertas e as residências artísticas, são estimadas 6.200 participações durante os nove dias de evento, entre artistas, público, professores e produtores. Vale lembrar que tal estimativa traduz um índice absoluto: participando de mais de um evento, uma mesma pessoa é contabilizada mais de uma vez.

Sarau do Grupo Galpão emocionou público na abertura do evento. Foto: Lucas Braga / UFMG

Organizado pela Diretoria de Ação Cultural, o 49º Festival de Inverno da UFMG foi realizado de 28 de julho a 5 de agosto no campus Pampulha e no Conservatório UFMG. “Mesmo tendo que realizar as últimas atividades culturais do dia mais cedo, às 18h e às 19h30, o público nos ofereceu uma resposta muito boa, tanto no auditório da Reitoria quanto no Conservatório”, lembra Leda. Mônica Ribeiro, diretora artística do evento, corrobora esse balanço. “Foi um Festival em que acertamos nossas escolhas, com apresentações de muita qualidade.”

Essa qualidade foi um dos fatores que contribuíram para o sucesso de público do evento: muitos dos espetáculos apresentados por pequenas e médias trupes também tiveram lotação esgotada, e não apenas as grandes atrações, como o espetáculo De tempo somos, do Grupo Galpão, e a peça Isso te interessa?, da Companhia Brasileira de Teatro.

Um exemplo dessas atrações de menor porte foi o espetáculo de dança Asararas, encenado no Conservatório: ao entrarem em cena, os bailarinos Guilherme Morais e Dorothé Depeauw não encontraram uma cadeira vazia na plateia. Disposto em círculo no pátio central do prédio, o público pôde assistir, na ocasião, um metaespetáculo que misturava dança, teatro e humor.

Show de Mônica Salmaso teve de ser transmitido também por telão, devido à quantidade de público. Foto: Lucas Braga / UFMG

No mesmo espaço, outro destaque de público foi o show de Juarez Moreira e Nivaldo Ornelas, de música instrumental. Já a cantora Mônica Salmaso, que interpretou músicas de Vinicius de Moraes, lotou o auditório da Reitoria, e seu show teve de ser transmitido por telão para o saguão do prédio, onde está montada a exposição Olhar revisitado: reencontros e novas afetividades – uma das cinco grandes mostras que integraram a programação do evento.

Números
O maior público foi registrado durante a cantata cênica Carmina Burana, que levou uma pequena multidão ao Bosque da Música: cerca de 1.500 pessoas assistiram ao espetáculo.

Guardada a especificidade de porte de Carmina Burana (só de artistas o espetáculo mobiliza quase 300 pessoas), os eventos artísticos, em sua maioria, atraíram grande público aos espaços da Universidade. “E o melhor foi que conseguimos trazer para o campus Pampulha e para o Conservatório pessoas que não são da comunidade da UFMG”, destaca Mônica.

Somados, os eventos artísticos do festival receberam mais de 4 mil espectadores, segundo estimativa da Diretoria de Ação Cultural. No que diz respeito às atividades de formação (oficinas, minicursos, residências e aulas abertas), foram ofertadas 875 vagas, com 864 inscrições.

Esses números desconsideram o público espontâneo das aulas abertas, que não demandavam inscrições, exceto para aqueles que desejavam obter certificado de participação. Segundo estimativa da DAC, esse público espontâneo ultrapassou mil pessoas.