Apresentação

Um sonho (in)comum de verão

Na oitava edição do Festival de Verão da UFMG, pretendemos fazer valer a aposta em uma comunidade dos incomuns. Essa comunidade não se baseia na ideia de comunhão, mas no sonho de uma ‘comunidade inconfessável’, como a concebe Maurice Blanchot: aquela que aposta no impossível, porque pretende reunir os sujeitos em sua singularidade.

Norteados pela ideia do sonho – seja a narrativa onírica de quem dorme, com seus deslocamentos e condensações; seja o desejo dos insones, com seus projetos de acordar os adormecidos –, pretendemos reunir os incomuns em torno de um desejo comum: o de que a universidade seja um universo onde as singularidades possam coabitar, num ‘estético convívio’.

Nesse solo comum, talvez possam enfim se reunir os ‘absolutamente sós’: os poetas, que ‘têm o céu como abismo’; os loucos, que ‘escrevem completamente’; os artistas, que sofrem de uma ‘saúde frágil’; os cientistas, que sabem que a única responsabilidade da ciência é aquela mesma responsabilidade do poeta: ir mais além.