Com abordagem acessvel a leigos, professor do Departamento de Fsica explica relatividade do tempo e do movimento
De Galileu, o primeiro a medir o tempo, fsica quntica e s quase aporias que a disciplina apresenta aos pesquisadores do assunto, assim como os principais estudiosos que fizeram avanar a reflexo na rea, como Newton e Einstein. Essa foi a abordagem do professor Sebastio de Pdua, do Departamento de Fsica, que, em uma hora, traou panorama sobre o tempo na perspectiva da fsica, no primeiro dia do Ciclo de Palestras da 10 edio do Festival de Vero da UFMG.
A abordagem de Sebastio de Pdua instigou os participantes a considerarem o carter relativo do tempo. Partindo da reflexo sobre as relaes entre tempo e movimento e da ideia de que, em movimento, o tempo corre mais lentamente, o professor se valeu de exemplos ficcionais para ilustrar as suas reflexes.
Ele contou, por exemplo, uma histria sobre o paradoxo dos gmeos. Suponha um casal de gmeos, Maria e Franklin, e que Maria viaje para muitos anos-luz longe da Terra, para ento retornar e reencontrar o irmo, disse. Para Franklin, na medida em que Maria viaja pelo espao a uma grande velocidade, o tempo dela precisa andar mais lentamente, de forma que, quando voltar, ela dever ser mais jovem que ele.
O problema que, na perspectiva de Maria, levando-se em conta a teoria da relatividade, pode-se considerar que quem est se movendo Franklin e a Terra. Assim, para Maria, quando os dois se reencontrassem, seria Franklin a estar mais jovem, e no ela, j que o relgio dele que teria andado mais lento, problematiza.
O professor tambm recorreu a situaes em que o cinema se valeu dessa premissa da fsica para criar seus enredos, como no clssico O planeta dos macacos, de 1968, filme em que um astronauta viaja para fora da Terra e, ao voltar, encontra o planeta algumas geraes frente daquela de quando partiu. A premissa do paradoxo dos gmeos a mesma.
Diferentemente dos novos paradoxos da fsica quntica, que estabeleceram o que o professor denominou de princpio de incerteza (espcie de aceitao de limites quanto possibilidade de se medir grandezas como tempo e movimento com preciso), o paradoxo dos irmos gmeos, estabelecido no contexto da fsica tradicional, j tem soluo.
Sebastio de Pdua explicou que Maria que envelheceria menos que o irmo. "O relgio de Franklin se mantm em um mesmo sistema inercial durante toda a viagem, ao contrrio do relgio de Maria, que precisa desacelerar para retornar Terra. Ela abandona o seu sistema inercial original e retorna para outro, completamente diferente. Nesse contexto, o argumento de Maria no mais vlido", explicou.
Entre um exemplo e outro, o professor aprofundou a reflexo sobre a relatividade, explicando que a prpria ideia de movimento s possvel em funo da ideia de tempo e que, nesse contexto, o movimento relativo: depende do referencial. Entre um nibus e a Terra, relativo quem est com velocidade zero. Tanto se pode dizer que o nibus est se movendo em relao Terra quanto se pode dizer que a Terra est se movendo em relao ao nibus, explicou. Nesse contexto, explicou o professor, at a ideia de simultaneidade passa a ser relativa.
Na sequncia, Marcella Guimares Assis, professora do Departamento de Terapia Ocupacional da UFMG, falou sobre o conceito de envelhecimento em relao s ideias de tempo e memria.
O Ciclo de Palestras do Festival de Vero prossegue nesta tera, 2, e quarta-feira, 3, no miniauditrio do Conservatrio. Sero duas palestras por dia, em sequncia, das 10h s 12h. O Conservatrio UFMG fica na Avenida Afonso Pena, 1.534, Centro. No necessrio fazer inscrio prvia: a participao livre, sujeita lotao do espao.
Ao fim das palestras, Marcella e Sebastio se reuniram no auditrio para responder s perguntas da plateia
Fonte: Agência de notícias UFMG

