Data: 29 de novembro de 2006
Local: Sala das Sessões – Reitoria da UFMG
A transposição do rio São Francisco vem sendo discutida no Brasil desde o Império. Consta que D. Pedro II teria oferecido joias da coroa para viabilizar a transferência da bacia do São Francisco para o Nordeste Setentrional. Na primeira metade da década de 80 do século passado, o projeto foi apresentado a partir de iniciativa de setores do governo da União no período. O debate vem sendo desenvolvido e perpassou todos os governos, independentes de suas feições ideológicas. No final de 2002 estava elaborado um projeto executivo de engenharia com dois eixos de transferência de águas: ao norte atingindo o Ceará e o Rio Grande do Norte, e a leste, chegando a Pernambuco e à Paraíba. Em 2003 o projeto foi retomado e desde então vem sendo palco de polêmicas em diversos espaços governamentais e não governamentais, além da academia e da mídia. Atualmente o projeto está suspenso em função do poder judiciário e de um acordo celebrado pelo presidente da república com o bispo católico Luiz Cappio.
As principais divergências em torno do projeto estão contidas nos seguintes eixos temáticos: a) diferenças de concepção quanto ao grau de intervenção possível em rios incluindo parâmetros e limites a serem considerados, b) concepção quanto ao tipo e a forma de estimular o desenvolvimento econômico do semi-árido brasileiro, c) disponibilidade hídrica atual da bacia do São Francisco para diversos usos da água, d) disponibilidade hídrica no Nordeste setentrional, e) alcance social econômico e ambiental do projeto. F) pendências jurídicas, g) possibilidade de revitalização do São Francisco.
A Universidade Federal de Minas Gerais é a maior universidade da bacia do São Francisco, situação que a coloca em posição privilegiada para participar deste debate com críticas, sugestões e apresentação de propostas para a revitalização da bacia do São Francisco e para o desenvolvimento sustentável do semi-árido brasileiro que tem seu início em Minas Gerais.
Thomaz da Matta Machado
Professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Universidade Federal de Minas Gerais. Atua nas disciplinas Internato em Saúde Coletiva e Saúde Ambiental. Membro titular do Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Minas Gerais desde 2003.Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (1978), Mestrado (2001) e Doutorado (2007) em Saúde Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais. Membro titular do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco entre 2003 e 2010 e presidente de 2007 a 2010. Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em epidemiologia, bacia hidrográfica, biomonitoramento e revitalização de rios. Organizador do livro A Revitalização de Rios no Mundo: América, Europa e Ásia.