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319 opiniões enviadas

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  1. 270
    Gerson Marques disse:

    Sou leitor regular deste blog. Há algum tempo tenho ficado incomodado com o debate travado aqui sobre este assunto das cotas. É incrível como em um espaço de tão alto nível, coordenado por um dos melhores jornalistas do Brasil, tem sido tratada sempre por uma só viés.
    De cara quero dizer que sou negro, sempre estudei em escolas particulares e fiz universidade publica; meus filhos também são negros, estudam em escolas particulares e abominam qualquer possibilidade de cursarem universidade que não seja pública.
    Um dos principais argumentos dos contrários às cotas é a citação do artigo 5º da Constituição, com isso tentam escamotear para um parágrafo escrito em papel um fato real. Neste país não são todos iguais, nem perante à lei nem perante à cultura social: existe sim, distinção de cor.
    Apesar da Constituição assim tratar esta questão, a realidade posta é completamente diferente e isso não dá o direito a pessoas inteligentes e bem informadas se escudarem neste artigo como se a simples existência dele por si acabaria com o preconceito e o racismo presente de forma tão evidente em nossa sociedade.
    O mérito acadêmico deveria ser de fato o único requisito a ser contemplado, isso se não tivéssemos um desnível tão grande entre a educação publica e gratuita e as escolas pagas. Nem por isso, conforme pesquisas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os alunos cotistas ficam abaixo da média, pelo contrario, em media estão acima. No universo de 54 universidades públicas que nos últimos oito anos adotaram o sistema de cotas no País, em ao menos quatro, distribuídas pelos principais Estados, alunos negros apresentam desempenho próximo, similar ou até melhor em relação aos não-cotistas. Resultados iniciais do aproveitamento de cotistas na Unicamp, Universidade Federal da Bahia (UFBa), Universidade de Brasília (UnB) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), divulgados pelo Ipea.

    As cotas são um medida válida e contribuem de forma afirmativa para a construção de uma verdadeira identidade nacional, elas são assim, como nos Estados Unidos, uma atitude de racismo inverso necessário, como lá a correção de uma injustiça histórica.
    Dizer que as cotas baixam o nível das universidades é repetir o velho preconceito, algo assim como dizer a presença de negros na nossa universidade branca mancha nosso currículos.
    Dizer também que a sociedade brasileira é contra as cotas é o mesmo que dizer: - Nós, a sociedade branca, que tivemos acesso à educação nas universidades públicas, somos contra as cotas porque tiram vagas de nossos filhos brancos. A sociedade brasileira é uma pluralidade complexa, enorme multicultura e multirracial, nunca neste país é possível falar de forma unânime em nome da sociedade brasileira, não somos uma unidade, dobre a língua quando falar em nome da “sociedade brasileira”.
    No parágrafo seis deste manifesto anticotas, consta outra barbaridade preconceituosa e vulgar ao dizer que a miscigenação impede definir quem é branco ou quem é negro. Para saber quem é um negro basta saber se você aceita que sua filha \”branquinha\” se case com aquele rapaz que ela conheceu lá na Bahia durante o verão enquanto dançavam lambada em uma cabana de praia em Porto Seguro. Os nativos de Porto são mestiços de índios e negros, bons lambadeiros e sensuais na ginga, normalmente adoram dançar e tirar um sarro com as \”branquinhas paulistas e gaúchas\”, que adoram se aventurar por praias baianas no litoral. Mais daí a você se tornar sogro de um mestiço são mais quinhentos anos não é verdade?
    Não seja bobinho repetindo estas asneiras. No Brasil somos brancos, negros, índios e mestiços; não existe nada de mais nisso a não ser a falta de respeito e o preconceito embutido em nossas relações de sociedade. Um negro jogador de futebol ou cantor ainda são possíveis e aceitáveis, se for assim pardinho ou quase branquinho melhor, pode até casar com sua filha, mas como serão nossos netos? É medíocre este comportamento de nossas elites, que negam sua condição de classe somente da \”boca para fora\” na tentativa insólita de querer parecer ser o que não somos.
    Nossa sociedade é racista, é assim há quinhentos anos. Os números, as estatísticas, os fatos e a história nada nega esta afirmativa. Negar isso é querer varrer para baixo do tapete uma verdade histórica insofismável, real e cruel. A verdade é que os negros deste país são enormemente cordiais, são enormemente altivos e nunca agiram da mesma forma como foram tratados, se assim agissem viveríamos em uma sociedade conflituosa e rasgada ao meio. Se não somos é por que os negros relevaram a chibata, as correntes, os estupros de nossas irmãs e filhas pelo senhor branco; se não somos uma sociedade dividida é por que fizemos de conta que aceitamos a historinha da princesa Izabel.
    Dizer que as cotas podem nos estigmatizar como incompetentes é pura presunção racial de quem se sente superior. A estigma já existe e não fomos nós que a inventamos. O que vocês não podem esconder é que apesar dos grilhões, dos navios negreiros e da miséria induzida nós demos a este país reis e rainhas como Pelé, Gilberto Gil, Machado de Assis, Zumbi, Marina Silva, Milton Nascimento, Dorival Caymmi, Elza Soares, Nilton Santos, entre tantos outros.
    As universidades públicas são um patrimônio da nação e assim devem ser acessadas por todos em igualdade de condições e não somente por aqueles que podem pagar escolas e cursinhos particulares e caros. Mas também temos certeza que chegará um dia em que todos de fato neste país serão iguais não só perante a lei, mas principalmente perante a nós mesmos.

    Gerson Marques
    gerson-marques@uol.com.br

  2. 269
    ingrid fernandes disse:

    Concordo plenamente!

    Ingrid Fernandes

  3. 268
    ana disse:

    Não tem porque ter preconceito. Quem estuda em colégio público merece ter essas cotas.

    Ana

  4. 267
    Thiago Carvalho Goulart disse:

    Segundo o artigo 4º do Estatuto Geral da UFMG é vedada à universidade adotar
    medidas baseadas em preconceitos de qualquer natureza.
    Tendo em vista, a definição da Larousse Cultural para a palavra preconceito, que diz:
    \” PRECONCEITO: s.m. 2. Julgamento FAVORÁVEL ou desfavorável relativo a alguém ou algo, formado de antemão, A partir de certas circunstâncias, fatos, APARÊNCIAS.\” Preconceito, pode sim ser uma descriminação favorável. E, estando isso proibido no Estatuto da universidade, está concomitantemente proibido a sua prática dentro desta.

    Thiago Carvalho Goulart

    Thiago Carvalho

  5. 266
    Lara Jhullian disse:

    Infelizmente, vivemos numa sociedade onde não há igualdade de direitos, e isso muito me aflige. Sou estudante de escola pública do interior de Minas e almejo passar no vestibular de Medicina da UFMG, mas sinto triste por saber a dificuldade que terei para ingressar na universidade, que apesar de pública possui a maioria dos aprovados de escolas privadas.
    Por isso, inclusão social se constitui em um debate necessário nas escolas e principalmente nas universidades, a fim de mudar o futuro de milhões de brasileiros como eu, que continuarei lutando em meio aos desafios para me incluir a sociedade.

    Lara Jhullian

    Nota de esclarecimento

    Favor ler matéria publicada no site da UFMG, cujo link é http://www.ufmg.br/online/arquivos/008586.shtml

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