Centro Especializado em Plantas
Aromáticas, Medicinais e Tóxicas
Universidade Federal de Minas Gerais

Heterosídeos Antracênicos

Os heterosídeos antracênicos não são tão distribuídos na natureza quanto os flavonóides e são encontrados somente em alguns grupos de plantas medicinais. Eles têm ação laxante e agem no organismo promovendo intensa irritação na luz do intestino grosso. Por isto o uso prolongado de remédios com essas substâncias pode ser perigoso. Algumas plantas ricas nessas substâncias, como a babosa, por exemplo, nunca devem ser ingeridas. A seguir são descritos dois testes para a identificação dos antracênicos.

TESTE DE IDENTIFICAÇÃO I:

Oxidação dos heterosídeos antracênicos

Os antracênicos são facilmente oxidáveis pelo ar e pela luz, o que promove uma rápida modificação na sua cor. Assim, no primeiro teste, é verificada a capacidade dessas substâncias de mudarem de cor, frente à exposição ao ambiente.

1. MATERIAIS PARA A EXPERIÊNCIA:

1.1. PLANTA:

  • Folha fresca de babosa (Aloe vera ou Aloe barbadensis).

1.2. OUTROS MATERIAIS

Faca ou tesoura; Pratinho de porcelana

2. PROCEDIMENTOS

1. Corte transversalmente, com o auxílio de uma faca ou tesoura, fatias de 1 a 2 cm da folha da babosa.

2. Deixe os cortes em repouso por 24horas em contato com o ar.

3. Coloque o restante da folha em um recipiente de vidro e deixar o gel escorrer por 24h (para uso na próxima experiência).

Gel oxidado e gel fresco da folha de babosa

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após 24 horas, compare o gel exposto ao ar no interior da fatia com outro recém-cortado da folhas: o primeiro adquire coloração vermelha. Esta reação acontece porque os heterosídeos antracênicos são oxidados quando em contato com o oxigênio do ar.

TESTE DE IDENTIFICAÇÃO II

Separação dos antracênicos por cromatografia em papel

A cromatografia é um método de separação de substâncias orgânicas. Ele é muito usado tanto em pesquisas que buscam identificar os princípios ativos das plantas como também em análises de qualidade dos medicamentos fitoterápicos. O método consiste em promover a separação das substâncias químicas da planta arrastando-as com soluções líquidas (eluente) em um material sólido (suporte). No caso da experiência abaixo, o suporte será papel de filtro e o líquido é a água.

1. MATERIAIS PARA A EXPERIÊNCIA:

1.1. PLANTA:

Gel oxidado obtido no experimento anterior a partir do corte das folhas frescas da babosa

1.2. REAGENTE:

Álcool a 70%: prepare misturando 3 partes de água com 7 partes de álcool comum.

Água (eluente).

1.3. OUTROS MATERIAIS

Cotonete; – Filtro de café em papel (suporte); Frascos de vidro vazios e limpos de maionese, geléia ou café solúvel; Conta-gotas.

2. PROCEDIMENTO:

1. Corte o papel de filtro em forma de “T” de modo que as ranhuras fiquem no sentido vertical.

2. Adicione 2 a 3 gotas de álcool a 70% ao gel seco oxidado

3. Embeba um cotonete nesta solução e aplicá-la na base do papel de filtro, formando um traço estreito de 1 cm. Deixar secar.

4. No frasco de vidro, adicione uma quantidade de água na altura de, no máximo, 2 cm (não deixar que ela cubra a mancha de babosa aplicada no papel).

5. Coloque o papel de filtro com a amostra dentro do frasco e observar a água arrastando a substância para cima.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observar a formação de duas colorações diferentes, indicando que houve separação das substâncias presentes no gel oxidado da babosa. As manchas vermelhas representam os heterosídeos antracênicos, que foram arrastados pela água. As manchas amarelas, que ficaram retidas na base da aplicação, são constituídas de outras substâncias presentes na planta.