O secretário para Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia, Rodrigo Rollemberg, anunciou em Belo Horizonte que sua secretaria estabeleceu contatos com o CNPq com objetivo de abrir financiamentos para programas de extensão, a exemplo do apoio que aquele órgão de fomento dá a pesquisa. O secretário fez a conferência sobre Universidade e Inclusão , no último dia do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (Congrext), encerrado nesta quarta-feira, 15, no campus Pampulha da UFMG. A reunião plenária de encerramento do encontro decidiu que a sede do 3º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, a se realizar em 2006, será anunciada até o fim deste ano, após consultas e deliberações. Antes disso, acontecerá em outubro de 2005 o 9º Congresso Iberoamericano de Extensão Universitária, previsto para o Rio de Janeiro. A plenária fez ainda uma avaliação da Congrext e decidiu que todas as intervenções verbaIs, que foram gravadas, serão oportunamente transcritas e divulgadas. Instrumento de inclusão No último dia do congesso, aconteceu também um ciclo de debates sobre Metodologia da participação popular . Coordenada pelo diretor de extensão da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) Jorge Hamilton Sampaio, teve como partcipantes o diretor da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Mec/ Secad) André Lázaro e o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jaílson Souza e Silva. A Secad trabalha com as prioridades políticas do Mec, que são a alfabetização como início de um processo de inclusão social e a educação de jovens e adultos. André Lázaro acredita que concretizar essas ações é um grande desafio. "Não se pode correr o risco de, em nome da participação, perder a capacidade de decisão e de implementação", diz. O prsofessor da UFF, Jaílson Silva, falou sobre a participação popular no desenvolvimento social. Para ele, "a única forma de se construir mecanismo de desenvolvimento e de extensão é por meio da elaboração de estratégias que possibilitem que a população participe mais efetivamente do processo". Jaílson acredita que é preciso construir um projeto de desenvolvimento integrado, que leve em conta a conexão de saberes. Responsabilidade social Francisco Vidal apresentou o trabalho do Centro, ressaltando o importante papel de assessoria que ele presta às empresas solidárias, visando a reduzir a mortalidade desses empreendimentos. Segundo Francisco, "o objetivo é possibilitar que tais empreendimentos desenvolvam a auto-sustentabilidade". Para isso, eles buscam desenvolver o conhecimento técnico gerencial das empresas, principalmente das sem fins lucrativos, já nestas os recursos são menores e o trabalho administrativo precisa ser muito eficiente. Maria Helena Webster falou sobre o tema Arte-Educação. Ela apresentou a Rede Arte na Escola, composta por 44 universidades de 17 Estados brasileiros. A Rede trabalha com a qualificação do ensino de arte, buscando a capacitação do professor das redes públicas de ensino e a sua instrumentalização através de materiais de apoio. Maria Helena considera fundamental a parceria do projeto com as universidades. "O nosso público alvo é o professor da rede de ensino das comunidades em que as universidades estão inseridas", afirmou. Pôsteres premiados
Em sua fala no 2º Cogrext, Rodrigo Rollemberg disse que, "por entender a importância da extensão universitária, nós elegemos seu trabalho como principal instrumento de política pública da Secretaria". Este ano, acrescentou, já foi lançado um edital de R$ 5 milhões voltado exclusivamente para a extensão universitária, na área de difusão de tecnologias apropriadas para a agricultura familiar.
Em breve serão divulgados editais contemplando também outros setores, como projetos para portadores de necessidades especiais e de segurança alimentar e nutricional.
O diretor da Secad falou sobre a construção da participação popular na gestão pública. Para André Lázaro, "um governo que emerge do movimento popular, como o nosso, precisa encontrar modos inovadores de construir essa participação". Ele apresentou a estrutura da Secretaria e descreveu suas atividades assegurando: "Nós temos procurado incorporar a recepção do movimento social no desenho das políticas públicas".
O outro ciclo de debates , Responsabilidade Social: experiências , foi coordenado por Ângela Pace, do Centro Universitário Newton Paiva, e contou com a participação de Francisco Vidal Barbosa, do Centro de Empreendedorismo e Inovação da UFMG, do editor do caderno Prazer [EM] Ajudar, do jornal Estado de Minas, Maurício Carneiro, e da diretora do Instituto Arte na Escola, Maria Helena Webster.
Maurício Carneiro apresentou o caderno Prazer [EM] Ajudar , a primeira publicação especializada em responsabilidade social corporativa do Estado, do qual ele é editor. De acordo com Maurício, "as empresas vêm sendo muito mal tratadas pela imprensa; a boa notícia sempre perde espaço para a má notícia". Foi pensando em dar visibilidade para as ações sociais que se criou o caderno, que tem edição mensal e faz uma abordagem leve do tema, mostrando o ponto de vista dos beneficiados pelos projetos.
Em plenária que encerrou as atividades do 2º Congrext, foram anunciados os 27 pôsteres de trabalhos acadêmicos sobre exltensão universítária premiados pela Comissão Científica. Confira o quadro de premiação
Manifestação
Antes da palestra do secretário de Inclusão Social do MCT, aconteceu uma manifestação de estudantes. Vinícius Ximenes, de Pernambuco, representante da coordenação de extensão universitária do Diretório Nacional dos Estudantes de Medicina, e em nome do Dce-UFMG, da Rede Anexu e de vários diretórios acadêmicos presentes ao evento leu manifesto em que o corpo discente critica práticas de extensão em curso na universidade brasileira.
"O caráter predatório e utilitarista das muitas extensões em cima da sociedade, dos movimentos sociais, das classes populares e de seus saberes ainda continuam a existir, trabalhando não a perspectiva de se incorporar ao processo de libertação dos homens, o fortalecimento, a potencialização de lutar já presentes e os processos de autonomia dos sujeitos sociais, mas sim pela mera incorporação e apropriação deste conhecimento popular construído para garantir louros e status acadêmicos para os intelectuais da Academia", denunciou.