Elaborar dietas capazes de atender as exigências energéticas dos animais de clima tropical é tarefa das mais difíceis, pois as tabelas que expressam tais necessidades utilizam informações colhidas na Europa e nos Estados Unidos. Além das forragens e condições climáticas diferentes – que se refletem no consumo de energia – ainda não há estudos específicos sobre os chamados rebanhos mestiços, que resultam de cruzamentos e existem em grande escala no Brasil. Pesquisas como esta agora podem ser desenvolvidas na Escola de Veterinária da UFMG. O recém-inaugurado Laboratório de Metabolismo e Calorimetria Animal Professor José de Alencar Carneiro Viana abre campo para investigações de caráter interdisciplinar, podendo alcançar inclusive a área de nutrição humana. “É o primeiro laboratório deste tipo na América Latina e o segundo no mundo com estudos na área tropical, se considerarmos o da Índia”, diz o coordenador, professor Norberto Rodríguez. Instalado com recursos do edital CT-Infra (Finep/MCT), da própria Escola de Veterinária e da Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, o laboratório pode simular qualquer clima ou temperatura do planeta e consegue detectar as trocas gasosas ocorridas no corpo do animal observado. Medir o consumo de oxigênio, a produção de anidrido carbônico e, no caso de ruminantes, a produção de metano, é fundamental para calcular o calor gerado, determinando, assim, as exigências de energia líquida* do animal. Com base nas informações colhidas em um período de 24 horas, em que o animal permanece nas câmaras repirométricas, é possível formular dietas que contenham os teores de energia líquida capazes de atender suas exigências de consumo energético. “Os outros métodos existentes para esse tipo de estudo dependem do abate e da análise da carcaça, enquanto aqui podemos obter informações rapidamente, mantendo o animal vivo”, explica Norberto Rodríguez. Segundo o professor, a maioria dos rebanhos do Brasil resulta do cruzamento de raças zebuínas (indianas) e européias. Pesquisas indicam que o zebu exige menos energia e se adapta mais facilmente a altas temperaturas, mas pouco se sabe sobre o comportamento energético de animais mestiços. “Nos países de clima tropical são usadas as tabelas nutricionais norte-americanas ou européias, mesmo sabendo que não são adequadas”, diz o professor, ao lembrar que só a partir da década de 1970 os países de clima frio deixaram de utilizar sistemas empíricos e passaram ao sistema científico que expressa, em tabelas, o valor de energia líquida dos alimentos e as exigências energéticas dos animais Leia mais informações no Boletim UFMG