As causas do Transtorno do Pânico (TP) ainda são uma incógnita para cientistas de todo mundo. Mas os efeitos da doença – inclusive os sociais – começam a se tornar conhecidos. Um estudo do médico Paulo Henrique Casadei Melillo revela, por exemplo, que o índice de desempregados entre os portadores do TP é significamente maior do que entre pessoas sem o distúrbio. Essa conclusão é parte da dissertação de mestrado defendida por Melillo junto ao programa de Farmacologia Bioquímica e Molecular do ICB. O resultado pegou de surpresa o próprio pesquisador. “É uma peculiaridade do meu estudo, não conheço outra pesquisa que traga esse tipo de evidência”, explica. “Acredito que as caracteríscas do transtorno dificultem a obtenção ou manutenção de um emprego, já que o simples fato de ter que sair de casa pode representar um problema, dependendo do estágio da doença”, avalia Melillo, que desenvolveu estudo experimental com homens e mulheres de várias idades, estados civis, níveis de escolaridade e classes sociais Os voluntários compuseram dois grupos: um formado por 49 pacientes com TP e outro, numericamente igual, de pessoas que não apresentavam a patologia. Os voluntários foram submetidos a exames sangüíneos para análise de DNA e a entrevistas sobre sua história familiar e pessoal. O procedimento permitiu ao médico confirmar, em pacientes brasileiros, estudos internacionais – realizados com pacientes europeus, norte-americanos e asiáticos – que atribuem um papel secundário ao poliformismo genético do transportador de serotonina na manifestação do TP. “Isso significa que a combinação gênica responsável pela produção dos diferentes subtipos do neurotransmissor que regula a ansiedade não influencia na manifestação do Transtorno do Pânico”, detalha Paulo Melillo. Distúrbio é resposta a ameaças inexistentes Leia mais na edição 1519 do Boletim UFMG.
O Transtorno do Pânico integra um conjunto de 12 patologias caracterizadas pela ansiedade excessiva ou sem motivos aparentes. Embora os transtornos de ansiedade sejam semelhantes, o do pânico apresenta uma peculiaridade: sua manifestação central é a ocorrência espontânea de ataques de pânico, crises nervosas repentinas desencadeadas pelo Sistema Nervoso Central, que respondem a ameaças inexistentes. Os sintomas são sudorese, tremores, alucinação, falta de ar, medo da morte, dor no peito e taquicardia. Aproximadamente 65% das pessoas que sofrem de TP também padecem de outras disfunções psíquicas.