Um consórcio formado por centros brasileiros de pesquisa, incluindo a UFMG, inicia este ano um aprofundado estudo sobre doenças cardiovasculares e diabetes melito no país. A pesquisa, denominada Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa), busca sistematizar informações para a criação de um perfil nacional da incidência dessas enfermidades na população adulta, relacionando fatores de risco, perfil sociodemográfico e outras doenças coadjuvantes. O estudo acompanhará por cerca de 20 anos a saúde de aproximadamente 15 mil adultos, com idade superior a 35 anos – daí a origem da expressão longitudinal. Segundo especialistas da área, o Brasil é carente de estudos com este perfil, ou seja, que busquem identificar os fatores de risco que influenciam o aparecimento dessas doenças na população brasileira em longo prazo. Para analisar essas influências, os pesquisadores valem-se de informações das populações americana e européia – que possuem características culturais, sociais e genéticas divergentes da brasileira. O Elsa surge, portanto, como a maior pesquisa sobre as doenças cardiovasculares e diabetes já realizada na América Latina. Banco de dados De acordo com o Ministério da Saúde, após a violência e os acidentes, os fenômenos que mais trazem danos à saúde da população brasileira são a hipertensão e o diabetes. No Brasil, o percentual de prevalência da hipertensão chega a 35% da população com idade igual ou superior a 40 anos – cerca de 12 milhões de pessoas. No caso do diabetes melito, o índice é de 11%, o que representa quase quatro milhões de brasileiros nessa faixa etária. O Elsa será desenvolvido em centros de investigação localizados em vários estados brasileiros. Em Minas Gerais, a instituição responsável pela pesquisa é a UFMG; no Rio de Janeiro, Fiocruz e Uerj; em São Paulo, a USP; na Bahia, a UFBA; no Espírito Santo, UFES; e no Rio Grande do Sul, UFRGS. As instituições foram selecionadas por meio de chamada pública e receberão R$ 22,6 milhões – dos quais quatro milhões aplicados em Minas Gerais – até 2008. Leia mais sobre o assunto na edição 1.524 do Boletim UFMG
O trabalho resultará na produção de um banco de dados que permitirá compreender melhor a dinâmica das doenças crônicas no país, avalia a professora da Faculdade de Medicina e coordenadora do Elsa em Belo Horizonte, Sandhi Barreto. “Tem crescido a incidência de doenças crônicas e, em particular, das cardiovasculares. Um dos maiores desafios é buscar novas contribuições para essa área do conhecimento”, aponta.