Universidade Federal de Minas Gerais

Foca Lisboa
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Dimitri: tese premiada

Movimentos migratórios têm motivação emocional, propõe tese do Cedeplar

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007, às 14h15

Nem só a conjuntura econômica explica a formação de grupos migratórios em direção a lugares que oferecem melhores perspectivas de vida. É o que conclui a tese de doutorado do demógrafo Dimitri Fazito de Almeida
Rezende, defendida junto ao Cedeplar, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, e premiada pela Capes.

Em seu estudo, o autor questiona o uso da retórica econômica para justificar o fenômeno migratório e defende uma análise mais detalhada sobre outros fatores. “O migrante também parte por motivos emocionais, só que ele não admite isso”, resume Dimitri

A partir de análise histórica sobre o processo migratório, o pesquisador verificou que a migração respaldada na ascensão econômica é relativamente recente, datando de cerca de 300 anos. “O migrante, de forma consciente ou não, produz um discurso para justificar seu deslocamento.

Se o indivíduo diz que vai para o exterior em busca de sucesso financeiro, a sociedade legitima essa justificativa porque priorizar fatores econômicos é uma atitude racional, que condiz com o discurso dominante do capitalismo”, afirma Fazito. Mas estatísticas indicam que o argumento não justifica as razões da mudança de país. “Quando pesquisamos o assunto, percebemos que o discurso é multifacetado. Muitas vezes existe o horizonte econômico, mas o ponto fundamental não é este”, diz.

Durante o movimento de descoberta do “novo mundo” empreendido pelos europeus, os fluxos migratórios eram mais intensos em comparação aos contemporâneos. E durante a maior parte da história, as migrações não diziam respeito a fatores econômicos. Os motivos eram religiosos, políticos, familiares ou culturais, como acontece com as populações indígenas que têm mecanismos de autocontrole dentro da própria população.

A prevalência do discurso econômico como justificativa para as migrações começou depois da Revolução Industrial, quando a mobilização das pessoas passou a ser pautada pela ótica dos mercados de trabalho e de consumo.

Valadares x Ipatinga
Fazito cita o caso do fluxo migratório de Governador Valadares – um dos estudos de caso que utilizou para desenvolver a tese – para demonstrar as lacunas na teoria da migração. Ele argumenta que o fluxo de Valadares para os Estados Unidos equipara-se ao de Ipatinga. No entanto, a realidade econômica dos dois municípios é diferente.

“É problemático que os demógrafos e cientistas sociais só consigam entender a migração de massa como resultado de decisões individuais, por questões econômicas. As dificuldades econômicas vividas em Valadares são maiores do que em Ipatinga, um pólo industrial. No entanto, a quantidade de migrantes é praticamente a mesma. Como reduzir a migração a um problema salarial?”, questiona.

Para Fazito, o esquema origem-destino é insuficiente para entender os fatores que levam grupos populacionais a buscarem uma nova vida fora de seu local de origem. Ele defende a idéia de que é preciso investigar os elos que se colocam entre as duas pontas do processo. As condições que provocam fluxos migratórios não são ditadas apenas pela realidade individual do migrante, mas pelo ambiente coletivo em que está inserido.

Rede
Por isso, o pesquisador optou por aplicar a teoria das análises de rede no estudo da migração. “As relações sociais devem ser levadas em conta, já que esse capital social favorece a criação de uma estrutura econômica após a viagem”, explica ele, lembrando que outros fatores intermediários – desde os falsificadores de documento, em caso de migrações ilegais, até os despachantes que tiram o passaporte – são partes de um processo que não pode ser ignorado.

“Os pesquisadores se limitam a contabilizar o fluxo de migrantes na origem-destino, justificando-o com base em questões macroeconômicas. É preciso trabalhar com os mecanismos intermediários”, defende o demógrafo.

Analisar esse processo em toda a sua complexidade também auxilia a compreensão do fenômeno migratório. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) calcula em 5,6 bilhões de dólares por ano as remessas enviadas por migrantes ao Brasil, o equivalente à receita com as exportações brasileiras de soja e a 1% do PIB.

Mas é sabido que o valor é maior, visto que o Banco Central não registra todo o volume transferido. “Os migrantes preferem mandar o dinheiro por meios não reconhecidos pelo Estado para não serem taxados. É algo a ser considerado, já que o Brasil é o segundo país da América Latina em remessas de migrantes, perdendo apenas para o México”, pondera Dimitri Fazito. (Boletim UFMG, edição 1560)

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