Não será este ano que a UFMG adotará o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como processo seletivo. A informação foi dada na tarde da última sexta-feira pelo pró-reitor de Graduação, Mauro Braga, em entrevista concedida ao Portal de Notícias, à TV UFMG e à Rádio UFMG Educativa. Ele justificou a não-adesão da UFMG ao Enem por falta de tempo hábil para introduzir a mudança, uma vez que o regimento da Universidade exige a publicação dos editais das provas com pelo menos 180 dias de antecedência. “Como o Enem está marcado para outubro, não há mais tempo para a UFMG associar-se a ele dentro do prazo para publicação do edital”, afirma Mauro Braga. Ele informou que a UFMG deve estudar o novo exame e avaliar a possibilidade de adotá-lo no ano que vem, tendo em vista a entrada de novos alunos em 2011. Autonomia A adesão ao vestibular unificado, no entanto, dependerá de cada instituição, que tem autonomia para decidir de que forma poderá incorporar a prova em seu processo seletivo. “Por uma coincidência fortuita, teremos a possibilidade de ver o que vai acontecer na prova deste ano. E isso nos dará o privilégio de avaliar bem a questão antes de tomar a decisão de como podemos adotá-lo, se formos adotá-lo”, afirma o pró-reitor de Graduação, ao lembrar que a princípio a intenção é usar o Enem como a primeira etapa do vestibular. "Essa hipótese, no entanto, será discutida com a comunidade da UFMG”, ressalva Mauro Braga. Outros aspectos da proposta do MEC estão sendo examinados pela Universidade, explica Mauro Braga. Uma das preocupações é a possibilidade de o candidato escolher seu curso depois de ter acesso às notas. “Isso pode resultar em uma escolha determinada pela possibilidade de aprovação e não pelo real interesse do aluno. Esse candidato tende a ocupar a vaga de quem realmente teria vocação”, diz o pró-reitor de Graduação. Vantagens do exame Leia mais sobre o assunto em matéria publicada recentemente pelo Boletim da UFMG
A adoção do Enem como parte do processo seletivo nas universidades federais é um desejo do Ministério da Educação. Até a última sexta-feira, 25 das 55 instituições já haviam anunciado a adesão ao Exame.
De acordo com a proposta do MEC que pretende alterar o processo seletivo nas universidades brasileiras, o Enem seria adotado como prova do chamado vestibular unificado, que permitiria ao candidato escolher seu curso e universidade a partir de uma lista de opções.
Apesar das restrições e da necessidade de amadurecer a proposta antes de adotá-la, o professor Mauro Braga vê aspectos positivos. “É muito válida a ideia de um exame nacional em que competências e habilidades sejam associadas a um conteúdo que explore facetas do processo de formação anterior à universidade”, opina Mauro Braga, lembrando que o novo modelo pretende instituir um tipo de avaliação que não cobra apenas o conteúdo, mas também a capacidade de interpretação e compreensão do candidato.