Pesquisadoras da UFMG que farão a segunda viagem à Antártica – dando sequência a projeto coordenado na instituição pelo professor Andrés Zarankin –, falaram em coletiva à imprensa, realizada nesta segunda-feira, 20 de dezembro, sobre as expectativas para a expedição, que será realizada em janeiro de 2011. O projeto visa conhecer o processo de ocupação humana do território, do ponto de vista da Arqueologia e da Antropologia. A mestranda Sarah Hissa, do programa de pós-graduação em Antropologia, vai ao continente pela segunda vez e explicou que, em 2011, o trabalho será realizado em grupo de sítios em uma localização geográfica diferente. No começo de 2010, o grupo trabalhou em uma porção oeste da costa sul da península de Byers. Agora, as escavações serão realizadas em outros dois sítios arqueológicos da costa norte. Outra novidade será a participação de um novo antropólogo, o chileno Nelson Souto, e da professora Yacy-Ara Froner Gonçalves, do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor) da Escola de Belas-Artes, que cuidará da conservação adequada do material em sítio. Ela conta que, na primeira viagem, não havia um pesquisador responsável pela realização desse trabalho, o que resultou na desagregação de alguns materiais. “A desagregação, principalmente do material orgânico, é muito rápida, então o processo de secagem tem que ser controlado e gradual”, comenta. Um dos equipamentos levados na exposição, de acordo com Yacy-Ara, será o datalogger, responsáveis por medir temperatura e umidade. “Através dele poderemos criar estratégias para que esse acervo sofra menos no processo de aclimatação no Brasil”, esclarece. O objetivo é utilizar o mínimo possível de produtos químicos, tanto para limpeza, quanto para conservação, uma vez que tais elementos podem podem alterar os dados da pesquisa arqueológica. Ciência universal A professora lembrou ainda que a ciência é universal e não deve ser pautada apenas por interesses locais ou regionais, mas sim por questões que interessem à comunidade global. O material encontrado nas expedições será exposto ao público, de acordo com a mestranda Sarah Hissa. “Em algum momento da pesquisa, pretendemos disponibilizar esses dados para o público, além de disponibilizá-los para a comunidade científica”, afirma. Além disso, as pesquisadoras estão dispostas a organizar um "diário de bordo" da viagem, relatando o dia-a-dia da pesquisa, as dificuldades encontradas e as descobertas realizadas. No entanto, ainda não se sabe como poderá ser feita a comunicação entre a equipe e o Centro de Comunicação da UFMG, para divulgação dos dados para a comunidade acadêmica. Leia mais sobre o assunto: UFMG volta à Antártica em janeiro para pesquisas em antropologia e arqueologia Por uma história cotidiana da Antártica Veja outras fotos:
As pesquisadoras ressaltaram que essa é a primeira equipe brasileira a explorar aspectos arqueológicos na Antártica. Segundo Yacy-Ara, trata-se de uma área estratégica do ponto de vista científico. “O acervo arqueológico lá descoberto, do ponto de vista da ciência da conservação, os métodos, as peças, os materiais desenvolvidos para esse projeto específico, podem resultar em pesquisa para conservação de acervos arqueológicos subaquáticos encontrados na costa brasileira”, frisou.