O professor João Cândido Portinari, diretor do Projeto Portinari e único filho do artista Cândido Portinari, estará na Escola de Belas-Artes da UFMG (EBA) nesta sexta-feira, 18, às 11h, quando dará entrevista coletiva junto com pesquisadores da EBA. Ele vai acompanhar a defesa da tese de doutorado do professor Alexandre Leão, da EBA, intitulada Restauração cromática digital de fotografias em filme a partir da Cartela Kodak Q13: Estudo de caso do acervo do Projeto Portinari. Leão coordena o Laboratório de Documentação Científica por Imagem da EBA. Pesquisadores da Escola de Belas-Artes da UFMG, vinculados ao Laboratório de Documentação Científica por Imagem, em pesquisa interdisciplinar inédita envolvendo métodos computacionais, conhecimentos de restauração, fotografia, fotografia digital, além da necessidade de restauração digital de fotografias em formato slide do Projeto Portinari, no Rio de Janeiro, desenvolveram tecnologia que permite recuperar as cores originais de fotografias já descoloridas pelo tempo. O trabalho foi feito através de pesquisa de doutorado do professor Alexandre Leão e envolveu parceria com o Departamento de Ciência da Computação da UFMG. Sem referência científica de controle de qualidade mas já oferecida em diversos laboratórios de revelação e por estúdios fotográficos, a restauração digital de imagens fotográficas é um processo complexo que envolve diversos conhecimentos e ferramentas computacionais. O processo efetivo com resultados comprovados ainda não é disponível comercialmente. Dentre os diversos acervos importantes no Brasil e no mundo, o Projeto Portinari tem no desenvolvimento deste trabalho de pesquisa a oportunidade de promover a restauração digital de seu acervo. Com sede no Rio de Janeiro, o projeto contém em seu acervo de documentação da obra do artista Candido Portinari por volta de 5.000 fotografias em filme (slides) gerados há mais de 30 anos envolvendo obras dispersas pelos cinco continentes. O processo de descoloração dos slides é bastante conhecido dos profissionais da área, e mesmo que as condições de armazenagem do material, com controle de iluminação, umidade relativa e temperatura, sejam as melhores possíveis, não há como deter, a longo prazo, a descoloração. A perfeição da recuperação e restauração das cores por processos digitais é necessária, pois neste caso os slides – documentos – retratam as pinturas, desenhos e gravuras produzidos pelo artista ao longo de sua vida, dentre eles os documentos relativos aos painéis Guerra e Paz, que encontram-se em processo de restauração no Rio de Janeiro, em ateliê aberto, no Palácio Capanema, até o mês de maio de 2011. Guerra e Paz Os resultados de análises físico-químicas dos materiais dos painéis Guerra e Paz já proporcionaram, por exemplo, a identificação de um pigmento branco, a base de titânio, que seria o responsável por um complexo processo de esbranquiçamento em determinadas áreas dos painéis. A documentação científica por imagem dos painéis é efetuada antes, durante e após a restauração, e permite aos conservadores responsáveis pela restauração o acesso a dados normalmente invisíveis a olho nu, permitindo o estudo mais detalhado da obra, seus processos de construção e envelhecimento. Um dos produtos mais esperados da documentação científica por imagem é a geração, após a restauração dos painéis, de uma imagem digital dos painéis Guerra e Paz em alta resolução, que permitirá ao Projeto Portinari o registro da obra, em caráter permanente e em escala 1:1, permitindo ainda a utilização de outras mídias e suportes para uma releitura da obra. O trabalho do professor Alexandre Leão é orientado pelos professores Arnaldo de Albuquerque Araújo, do Departamento de Ciência da Computação do ICEX, e co-orientado por Luiz Souza, coordenador do Laboratório de Ciência da Conservação (Lacicor) da EBA-UFMG e diretor da Escola de Belas Artes da UFMG. Leia mais em matéria recente do Boletim UFMG. (Com assessoria de imprensa da Escola de Belas Artes da UFMG)
A contribuição da Escola de Belas Artes para a conservação e o estudo da obra de Candido Portinari estende-se além da possibilidade de restauração digital dos slides do acervo do Projeto Portinari. Os laboratórios associados da Escola de Belas Artes – Laboratório de Ciência da Conservação (Lacicor) e Laboratório de Documentação Científica por Imagem, encontram-se em processo de colaboração técnico-científica com o Projeto Portinari, trabalhando na análise de materiais e técnicas do artista Candido Portinari, e no momento estão empenhados nas análises de materiais e técnicas dos painéis Guerra e Paz, além de toda a documentação científica por imagem dos painéis no Rio de Janeiro.