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A emoção tomou conta dos presentes quando as cortinas do auditório da Reitoria se abriram, na noite desta sexta-feira, 2, para a apresentação do Coral Ars Nova, agora regido pela maestrina Iara Frick Matte, da UFMG. As músicas com arranjo do maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca, um dos quatro homenageados com a Medalha Reitor Mendes Pimentel, deram início à cerimônia que destacou pessoas e instituições da área cultural que sempre mantiveram estreita relação com a UFMG. Além da homenagem póstuma ao maestro fundador do Ars Nova, receberam a Medalha a professora Ângela Tonelli Vaz Leão, a empresária Angela Gutierrez e o Grupo Galpão. A escolha das artes como tema exclusivo desta edição da Medalha reflete a importância que a UFMG confere à área cultural. “Ela reafirma a posição institucional em face da centralidade da dimensão cultural, presença fundamental para a plena realização de todos”, disse o reitor Clélio Campolina Diniz, em seu discurso (leia na íntegra). Homenageado in memoriam, Carlos Alberto Pinto Fonseca dedicou a vida ao Coral Ars Nova, do qual foi maestro por quatro décadas. A Medalha foi entregue à viúva e maestrina Ângela Pinto Coelho e ao filho Bruno Pinto Coelho Fonseca. Segundo ele, o pai ficaria feliz em ver a UFMG homenagear pessoas ligadas à cultura. “A universidade tem a responsabilidade de promover a arte”, justifica Bruno. O Grupo Galpão, hoje reconhecido internacionalmente, deu seus primeiros passos próximos à UFMG. Nascido no Festival de Inverno, o grupo foi representado na solenidade por Eduardo Moreira. “A universidade tem como papel fundamental investir em arte, e uma honraria como essa é prova do reconhecimento da UFMG pelo conhecimento e pela cultura”, afirmou Eduardo, um dos fundadores do grupo. “A palavra pode ser entendida como instrumento da arte”, definiu Ângela Tonelli Vaz Leão, em plena atividade aos 89 anos. Ela acaba de lançar o terceiro livro sobre a obra poética de D. Afonso, e publica, no ano que vem, edição ampliada de História de palavras, obra de 1961, sobre lexicologia, área em que se especializou. “Acredito que a ciência deve caminhar junto com a arte”, defende ela, primeira diretora da Faculdade de Letras da UFMG e, hoje, professora emérita da Instituição. A pesquisadora, colecionadora e empreendedora Angela Gutierrez não escondeu a emoção ao receber a Medalha Reitor Mendes Pimentel, por seus trabalhos na área de museografia. A compilação de centenas de imagens de artistas eruditos e populares, das mais diversas regiões do Brasil, do século 17 ao 19, faz parte do projeto Campus Cultural da UFMG, em Tiradentes (MG), que terá um museu dedicado a Sant´Ana e será referência em bibliotecas barrocas no país. “Esse caminho de lutar pela cultura no Brasil é difícil, porém muito gratificante”, disse. Foca Lisboa Leia mais sobre os homenageados na reportagem do Boletim UFMG. A Medalha O inspirador Na Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais, Mendes Pimentel assumiu, por concurso, em 1899, a cadeira de Direito Criminal e atuou como vice-diretor e diretor, o que lhe abriu caminho para se tornar, em 1927, o primeiro reitor da Universidade de Minas Gerais (UMG). Em seu discurso de posse, traçou metas do que entendia ser vocação da Universidade, como a “plena autonomia administrativa e didática”, não podendo a Instituição “ser cúmplice passiva de tiranias”. Mendes Pimentel morreu no Rio de Janeiro, em 1957, com 88 anos de idade.
Coral Ars Nova se apresenta na entrega da Medalha Mendes Pimentel à representantes do conhecimento cultural da UFMG.
Entregue em cada Reitorado a instituições e personalidades que tenham prestado contribuição relevante à UFMG, a terceira edição da Medalha Reitor Mendes Pimentel distingue quatro trajetórias distintas que têm em comum a grande contribuição à UFMG em suas respectivas atuações nas artes, explica a professora Lígia Maria Moreira Dumont, diretora de Cooperação Institucional (Copi), órgão responsável pela entrega da honraria.
Nascido no Rio de Janeiro, Mendes Pimentel veio ainda criança para Minas Gerais. Morou inicialmente em Pitangui e depois em Barbacena, onde se fixou e fez carreira, até a fundação de Belo Horizonte. Em Barbacena, além de atuar como advogado e professor de História, fundou o jornal A Folha, do qual era editor e o principal redator.