O poeta e ensaísta Affonso Ávila, que será enterrado às 13h desta quinta-feira, 27, no cemitério Parque da Colina, teve estreita ligação com a UFMG. Em 1963, organizou a Semana nacional da poesia de vanguarda, no saguão do recém-inaugurado prédio da Reitoria. “O evento foi um marco da poesia de vanguarda no Brasil e contou com a presença de concretistas do Rio de Janeiro e de São Paulo, estreitando vínculos nessa área entre os três estados”, comenta o professor João Antonio de Paula, do Departamento de Ciências Econômicas da UFMG. Ávila também esteve presente desde a primeira edição do Festival de Inverno da UFMG, no qual coordenava cursos na área de Barroco. Daí nasceu, em 1967, a Revista Barroco, a publicação mais importante sobre o tema no cenário internacional, a qual editou durante vários anos. Foi um dos fundadores do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), que completa 41 anos neste domingo, 30. Além disso, as primeiras obras de Affonso Ávila foram editadas pelo Centro de Estudos Mineiros, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. João Antonio compara o estilo de Ávila ao do mexicano Octavio Paz, que também combinava a pesquisa no campo histórico e da cultura com “uma atividade poética muito criativa e original”. Para o professor Wander Melo Miranda, da Faculdade de Letras (Fale), Ávila “conseguiu unir experimentação em poesia e ensaio com uma releitura aguda da tradição, principalmente a barroca”. Nascido em 1928, ainda jovem se engajou no jornalismo e na vida literária, destacando-se no campo da poesia e do ensaio. Ganhador do Prêmio Jabuti, Affonso Ávila publicou obras como Código de Minas, Cantaria barroca e O Poeta e a consciência crítica. Seu último livro, Égloga da maçã, foi lançado este ano. Foi casado com a poeta Laís Corrêa de Araújo, que faleceu em 2006. Uma de suas filhas, Miriam Ávila, é professora da Fale. Ele morreu na tarde desta quarta-feira, 26, aos 84 anos, em decorrência de parada cardíaca.