Bruna Brandão/UFMG
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Há exatamente 39 anos, no dia 22 de outubro de 1973, o casal de militantes políticos Mariluce Moura e Gildo Macedo Lacerda foi preso em Salvador, junto com mais quatro colegas. Esse foi o último dia em os dois que se viram. Lacerda, que era aluno de Economia da UFMG e atuava como membro da União Nacional dos Estudantes, foi levado para Recife, onde teria morrido sob tortura no DOI-Codi. Mariluce, então grávida, teve de abrir um processo de reconhecimento da partenidade de sua filha, já que o corpo do pai nunca foi encontrado. Somente 15 anos depois, a paternidade foi finalmente reconhecida. Essa e outras histórias de violações aos direitos humanos ocorridas no Brasil durante a ditadura militar foram relatadas por seus próprios personagens em audiência pública da Comissão Nacional da Verdade (CNV) realizada hoje à tarde, na UFMG. Além de diversas vítimas de repressão no ambiente acadêmico, estavam presentes o advogado José Carlos Dias, a psicanalista Maria Rita Kehl e a advogada e professora universitária Rosa Maria Cardoso da Cunha, todos membros da Comissão. Rosa Maria (na foto de Bruna Brandão) ressaltou a grande quantidade de estudantes na plateia – muitos ainda no Ensino Médio. “A juventude é a melhor idade para se estudar, e é muito importante que se tenham informações sobre o que ocorreu naqueles anos de brutalidade e violência”, destacou. Presente no evento, o reitor Clélio Campolina Diniz salientou o empenho e a dedicação da Universidade em contribuir com os trabalhos da CNV. “O Brasil precisa conhecer a sua história”, sentenciou. “As investigações desse grupo contribuirão para o registro e a memória do que foi a ditadura militar, para que ela jamais se repita”. A assessora da Comissão da Verdade e professora do Departamento de História da UFMG, Heloísa Starling, também estava presente na audiência. Como pesquisadora, ela desenvolve diversos projetos sobre memória da ditadura.