Maior grupo indígena do país fora da Amazônia, os 46 mil Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, têm sido vítimas de violações de direitos humanos que serão discutidas na UFMG nesta sexta-feira, 26. O evento A Universidade contra o genocídio dos Guarani-Kaiowá terá início às 9h, no auditório da Reitoria, com o debate Povos indígenas e desenvolvimento: o genocídio no Mato Grosso do Sul, que contará com a presença do antropólogo Guarani-Kaiowá Tonico Benites, do antropólogo da Procuradoria Geral da República em Dourados (MS) Marcos Homero, além de professores e integrantes da administração da UFMG. Das 12h às 14h, será realizado piquenique no gramado da Reitoria, com shows das bandas Urucum na Cara, Capim Seco e a presença do DJ Alexandre de Sena. Às 14h30 haverá reunião de pesquisadores com os Guarani-Kaiowá, no Departamento de Comunicação Social, no 4º andar da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). Violações Segundo os organizadores do evento, “nos últimos anos, esses indígenas têm experimentado um dos mais tristes casos de violações de direitos humanos no Brasil, situação que vem sendo denunciada pela imprensa especializada e organizações nacionais e internacionais”. Entre os Guarani-Kaiowá acontecem mais da metade dos assassinatos registrados entre indígenas no país, além de centenas de casos de suicídios, principalmente entre adolescentes, e muitas mortes de crianças por causa da fome e da desnutrição. “Nossos convidados relataram o trabalho degradante, e muitas vezes escravo, a que são submetidos homens e mulheres – jovens e crianças – nos campos de cana-de-açúcar para a produção do etanol, hoje chamado pelos seus produtores de ‘energia limpa’”, comenta o professor César Guimarães, um dos coordenadores do 44º Festival de Inverno da UFMG. “Ouvimos o relato sobre as prisões de mais de 200 jovens guaranis que, por vezes, sequer sabem o que fazem por lá ou compreendem a língua portuguesa”, conta, em artigo publicado no Boletim UFMG. Leia mais aqui.
A participação de índios Guarani-Kaiowá na última edição do Festival de Inverno da UFMG, em julho passado, chamou a atenção da equipe organizadora para a causa da etnia. Desde então, têm procurado constituir rede de professores, artistas e intelectuais contra a violência e a pressão econômica exercida pelo agronegócio na região em que vive esse grupo indígena.
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