Bruna Brandão/UFMG Como parte da programação do lançamento do Centro de Estudos Africanos, que ocorreu nesta segunda-feira, na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG (Face), o professor da Faculdade de Medicina, Francisco Rubió, abordou, nesta tarde, em uma das mesas-redondas do evento, as parcerias entre Brasil e Angola na área de saúde. Ele destacou o projeto “Pró-Angola”, que estabelece iniciativas para estruturação do atendimento em saúde e formação de profissionais da área médica. “O Pró-Angola é um projeto do governo federal que conta com a participação de diversas universidades, entre elas, a UFMG. Aqui ele surgiu como um projeto de extensão da Faculdade de Medicina e nossa primeira missão de visita ao país africano ocorreu em 2006”, conta Francisco Rubió. O Pró-Angola realiza atividades de cooperação entre os dois países. Além dos treinamentos com os médicos e do intercâmbio, o projeto busca desenvolver novos modos de tratar doenças que atingem o país africano. “Um bom exemplo é a malária, doença que ainda mata muitos angolanos. Buscamos novas alternativas para acabar com a larva do mosquito, uma vez que o país possui um saneamento básico muito deficiente e é impossível pensar na prevenção da doença apenas por meio do combate ao mosquito transmissor”, explica. Entre as ações na pauta do Pró-Angola estão o efetivo controle da malária urbana, a implantação do mestrado interinstitucional e a expansão do Telessaúde Brasil-Angola, projeto assinado há três anos pela UFMG em parceria com a Direção de Serviços de Saúde do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas. Por meio do Telessaúde (tema de matéria publicada esta semana pelo Boletim UFMG), clínicos de áreas distantes podem ter uma segunda opinião sobre o diagnóstico de casos médicos, usando a internet como meio de comunicação para análise de exames. Doença falciforme Iniciada em 2006, a cooperação alcança Senegal, Benin, Gana e Angola. Delegações brasileiras visitam esses países para ajudar na implantação de medidas de controle da doença, enquanto especialistas e médicos africanos vêm ao Brasil para fazer treinamentos nos laboratórios da UFMG. “A doença falciforme não tem cura, mas pode ser facilmente controlada. Como o diagnóstico precoce é extremamente importante, uma medida é ajudar os africanos a ampliarem os testes de triagem no período neonatal. Se os recém-nascidos forem rapidamente diagnosticados – o que no Brasil ocorre com o teste do pezinho – a mortalidade da doença vai diminuir”, garante Nélio Januário.
Outro tema abordado no evento foi a parceria entre Brasil e África para o tratamento da doença falciforme. No continente africano, a doença atinge uma em cada 50 crianças nascidas. “A maioria morre antes dos cinco anos de idade. O Brasil tem um programa muito bem-sucedido de tratamento da doença e nossos conhecimentos podem ajudar os africanos a lidar com ela”, afirma o professor da Faculdade de Medicina, José Nélio Januário (na foto acima).