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Nº 1800 - Ano 39
26.11.2012

Conexão Solidária

Hospital das Clínicas vai implantar projeto de telessaúde em Angola

Fabiana Senna*

O Centro de Telessaúde (CTS) do Hospital das Clínicas da UFMG realizou, no período de 11 a 17 de novembro, uma missão à cidade de Huambo, em Angola, para dar continuidade à implantação do projeto piloto de Telessaúde Brasil-Angola, viabilizado por financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O principal foco foi a sensibilização dos gestores e profissionais de saúde para a importância da utilização dos recursos de telessaúde, por meio de demonstração prática da telecardiologia no II Fórum das Doenças Crônicas, realizado nos dias 14 e 15 de novembro. No Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, foi realizado o rastreio de hipertensão arterial e diabetes na população civil e militar angolana, iniciativa das Forças Armadas daquele país.

A equipe de pesquisadores brasileiros participou desse mutirão realizando eletrocardiogramas em cinco postos de atendimento instalados em Huambo. Os exames foram analisados por cardiologistas angolanos baseados no Hospital Regional Militar com o auxílio de equipamentos cedidos pelo CTS.

Na ocasião, o Centro de Telessaúde do Hospital, representado pela sua coordenadora Maria Beatriz Alkmim, pelo professor Renato Minelli Figueira, consultor de economia em telessaúde, e por seu coordenador de TI Lemuel Rodrigues Cunha, realizaram apresentações das tecnologias de teleassistência utilizadas no HC e ministraram treinamento e capacitação de cardiologistas, enfermeiros e técnicos em informática para a implantação do sistema de telessaúde no país. “O Telessaúde põe especialistas virtualmente em lugares onde a presença deles é inexistente”, afirma a professora Beatriz Alkmim.

Ao todo foram atendidas 1.396 pessoas e processados 80 eletrocardiogramas. A realização e análise dos exames foram etapas cruciais do treinamento dos cardiologistas locais, que, por meio dos dispositivos técnicos disponibilizados pelo CTS e pelas Forças Armadas Angolanas, receberam os eletrocardiogramas pela internet e emitiram os laudos a distância.

O projeto

O projeto piloto Telessaúde Brasil-Angola, coordenado pelo professor Manoel Otávio da Rocha, é fruto do Convênio Pró-Angola, assinado há três anos pela UFMG e pela Direção de Serviços de Saúde do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas.

A partir das observações das condições locais e da análise de custo do sistema de telessaúde, a equipe do CTS trabalha, em conjunto com a equipe do Pró-Angola, na formatação de projeto para viabilizar a implantação de uma rede de telessaúde naquele país. Ela será estruturada em um núcleo central na capital, Luanda, e núcleos regionais nas capitais das províncias.

Por meio do serviço, clínicos de áreas distantes obtêm uma segunda opinião de especialistas nas cidades-polo, utilizando a internet como meio de comunicação para análise de exames. Os centros de telessaúde serão equipados com aparelhos de videoconferência e infraestrutura para a realização de atividades de telessaúde assistencial (telediagnóstico e teleconsultoria), que permitirão que os eletrocardiogramas sejam gerados a distância. Além disso, será implantada infraestrutura necessária para o desenvolvimento de atividades educacionais remotas. Essas iniciativas beneficiarão, principalmente, a população que reside em áreas mais longínquas, evitando a necessidade de deslocamentos, além de agilizar os diagnósticos e atendimentos.

Em outubro, o CTS do Hospital das Clínicas realizou a primeira missão ao país, durante a qual foi implantada a tecnologia da videoconferência. No dia 9 de dezembro, os pesquisadores do Hospital retornarão a Angola para dar continuidade à implantação do núcleo central da Rede de Telessaúde, que tem inauguração prevista para 17 de dezembro.

Profissionais angolanos também virão ao Brasil para serem capacitados por especialistas do Hospital das Clínicas. Além disso, o treinamento a distância será contínuo.

*Jornalista do Hospital das Clínicas da UFMG