Criado em Ibirité, Região Metropolitana de Belo Horizonte, o professor Rodrigo Ednilson de Jesus (em foto de Anna Luísa Silveira/UFMG), da Faculdade de Educação, foi um dos poucos da sua turma de amigos de infância a cursar a faculdade. Segundo ele, na família, no bairro e mesmo na sua cidade, "a universidade era uma realidade obscura, inusitada". Ex-office boy, Rodrigo Ednilson, que assumiu recentemente a Pró-reitoria adjunta de Assuntos Estudantis (Prae), conheceu a UFMG na época em que, trabalhando em um escritório de advocacia em Belo Horizonte, passou a circular pelo prédio da Faculdade de Direito. "Aquele ambiente despertou a ideia de prestar o vestibular", diz. Aos 19 anos, ele foi aprovado no curso de Ciências Sociais. Antes de ingressar na UFMG, no ano 2000, Rodrigo procurou se informar sobre as possibilidades de assistência estudantil, já que sua família não poderia arcar com as despesas relativas à rotina de um universitário – ou, como ressalta, não via isso como prioridade. Ele destaca que a demanda financeira para permanência na Universidade extrapola as necessidades básicas, como moradia e alimentação. "A compra de livros e a participação em congressos e seminários também são essenciais para a consolidação da trajetória acadêmica. Isso exige um investimento para o qual muitas famílias não estão preparadas financeiramente nem simbolicamente. Se tivesse de arcar com tudo, seria impossível concluir o curso", afirma o pró-reitor adjunto. Como foi aprovado no vestibular no final de 1999 e iniciou os estudos somente no segundo semestre do ano seguinte, houve bastante tempo para que se organizasse. "Recorri à bolsa-trabalho da Fump [Fundação Universitária Mendes Pimentel]. Assim, fui trabalhar no Hospital das Clínicas para conseguir me manter", recorda o professor. Sucesso aos 30 "Os atendidos pela assistência mencionaram as necessidades prementes, como moradia, alimentação e transporte. Os não atendidos citaram infraestrutura e organização da universidade, acesso à biblioteca e disponibilidade de tempo", afirma ele, lembrando que essa distinção apenas reforça a importância da assistência estudantil para os estudantes carentes. "As necessidades básicas são muito significativas para quem vive com poucos recursos. Para os demais, elas já estão, a princípio, supridas", pondera o pró-reitor adjunto. Em 2006, Rodrigo Ednilson defendeu dissertação de Mestrado em Sociologia com o tema: O que ser aos trinta? Aspirações ocupacionais de estudantes, negros e brancos, na cidade de Belo Horizonte. "Posso dizer que cheguei aos trinta com relativo sucesso, embora esse caminho fosse improvável e antes inimaginável", reflete o professor. Beneficiário das políticas de assistência da UFMG no momento em que aqui ingressou, Rodrigo hoje é testemunha das dificuldades vividas por jovens pobres que chegam à Universidade. Essa dupla vivência reafirma sua convicção de que a assistência estudantil desempenha papel central no sucesso desses jovens e da própria instituição. "Para mim, ela garantiu a estrutura para que eu pudesse fazer minhas próprias escolhas", conclui o pró-reitor adjunto de Assuntos Estudantis. (Matheus Espíndola) Agilidade Pelo novo modelo de atendimento, o estudante faz o registro e, na sequência, entrega a documentação comprovando a condição de renda. Os benefícios aprovados começam a vigorar no início do semestre. Leia mais sobre a assistência estudantil na UFMG Pedidos de assistência estudantil serão analisados durante o registro acadêmico "A UFMG quer se tornar ainda mais diversa”, afirma pró-reitor de Graduação Moradias universitárias recebem estudantes de outros estados que sonham estudar na UFMG
Rodrigo Ednilson conta que, já durante seu curso de mestrado, desenvolveu pesquisa entre os estudantes da UFMG atendidos e não atendidos pela Fump com o objetivo de comparar suas principais necessidades e dificuldades. Ele observou absoluto contraste entre as demandas de cada grupo.
O processo de avaliação das condições socioeconômicas para concessão de assistência estudantil será mais ágil neste ano. Pela primeira vez, a análise dos pedidos de auxílio ocorrerá durante o próprio processo de registro inicial dos calouros, que está marcado para os dias 30 de janeiro, 2 e 3 de fevereiro, no Centro de Atividades Didáticas 2 (CAD2), campus Pampulha.