Tags: | | | | | | | | | |

Mostra de oficinas e eleição de novos membros compõem encerramento do 8º ECVJ

Por Polo Jequitinhonha em

Encerramento uniu participantes, organizadores e oficineiros para acompanharem a apresentação dos trabalhos e deliberarem sobre a próxima edição do Encontro

A emancipação das formas de se pensar e fazer comunicação foi intensamente debatida nos três dias de programação do 8° Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha (ECVJ). Na sessão de encerramento, que aconteceu na manhã de domingo (3), os olhares e as conversas entre os(as) participantes, vindos de 20 cidades de Minas Gerais, deixavam claro o poder transformador dos encontros e das trocas colaborativas.

Identidade. Jovens assistem à Mostra de Oficinas no último dia do 8° ECVJ. Foto: Isabelle Chagas.

Com eleição de novos membros, comissão gestora do ECVJ amplia sua atuação

A oitava edição do ECVJ marca dois anos da criação da Comissão Gestora do Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha, que se tornou a realizadora do evento. Os representantes do grupo, William Nascimento, que é Secretário de Cultura de Pedra Azul, e Felipe Matos de Souza, de Taiobeiras, abriram a sessão de encerramento com a candidatura de novos(as) integrantes.

Para concorrer às duas vagas ofertadas, foram apresentados quatro critérios estabelecidos pela Comissão em parceria com gestores(as) e agentes culturais parceiros(as) do Encontro: ter sediado o Encontro em sua cidade ou desenvolvido alguma oficina ou roda de conversa no evento; participar de coletivos ou desenvolver algum trabalho na área da comunicação; ter experiência com produção de eventos; e disponibilidade para produção.

Expansão. Comissão Gestora elege novos membros. Foto: Isabelle Chagas.

Ao todo, se inscreveram cinco jovens que atuam como comunicadores e produtores culturais em suas cidades: Danielle Bispo (Rubim), Felipe Cortez (Taiobeiras), Ítalo Bruno (Itinga), Iury Ramalho (Itaobim) e Lucas Martins (Araçuaí). Com 19 votos, Lucas foi o escolhido por votação do público, e o segundo membro, nomeado pela própria Comissão, será anunciado nas próximas semanas. “Eu fico muito feliz com a escolha de vocês e garanto que farei de tudo para manter esse Encontro acontecendo da forma mais democrática possível”, afirmou Lucas, em seu discurso de agradecimento.

A escolha da cidade que sediará a próxima edição do ECVJ foi uma das grandes pautas da assembleia. Entre os municípios mais cotados, estão Santa Cruz de Salinas e Araçuaí. A escolha, que envolve uma análise detalhada das condições de infraestrutura e desenvolvimento da produção comunicacional local, será anunciada nos próximos meses pela Comissão.

Mostra das oficinas

Depois das candidaturas, a tão aguardada Mostra de oficinas aconteceu cercada de muita empolgação. As produções são os frutos de dois dias de completa imersão dos(as) participantes nas atividades. Dos mais tímidos aos já acostumados a lidar com um grande público, todos(as) tiveram espaço para partilhar suas experiências.

“O Jequitinhonha, para mim, é um berço de cultura”, assim respondeu Mario Monttinny à pergunta “O que é o Jequitinhonha para você?”, que orientou a oficina Comunicação e desenvolvimento territorial. Além dele, outros(as) quatro participantes realizaram pequenos vídeos falando de suas relações com o Vale, sob a orientação do professor Guildyon Augusto.

A performance foi a aposta da oficina Contra narrativa para discurso de ódio online. Portando cartazes com frases como “Respeita as drag” e “Crespos são lindos” e ao som da canção Como nossos pais, de Belchior, os(as) participantes falaram sobre as diferentes formas de preconceito contra mulheres, negros(as) e LGBTs. “O contra discurso, para nós, é justamente pegar os discursos de ódio e transformá-los justamente naquilo que deveriam ser: pautas combatidas, e não normalizadas”, afirmou Felipe Cortez, responsável pela atividade.

Ofertada pela equipe da Associação Imagem Comunitária (AIC), Edição de peças gráficas trabalhou uma multiplicidade de mídias com os(as) alunos(as). O humor foi tema do grupo de memes, que mesclou cultura pop com referências regionais. Em uma dessas produções, denominada por ele de híbridos, William Nascimento, um dos organizadores do Encontro, é comparado com o cantor canadense Drake. Recuperando a tradição da literatura de cordel, o segundo grupo apresentou o folhetim Vale Encantado.

Já os(as) participantes da oficina Para falar em público colocaram os conteúdos em prática ao subirem no palco. “Antes dos ensinamentos do nosso professor, Olden Hugo, eu jamais conseguiria estar aqui, falando com vocês”, contou uma delas. Além da oratória, a importância da leitura e da escrita foi trabalhada na atividade.

Uma das mais tradicionais do Encontro, a oficina Fotografia é também a que mais atraiu público, com 19 inscritos. Com a câmera na mão, os(as) alunos(as) de Lucas Martins saíram pela cidade em busca de moradores da cidade, como a catadora de lixo Marcileide, o vendedor de sorvete Eduardo Gondinho e a rezadeira e parteira Dona Maria. Como resultado, produziram o jornal Farol da Vigia: Um Retrato de Almenara.

Se reconhecer como jornalista foi uma das principais pautas da atividade Jornalismo investigativo, ofertada por Angelina Nunes e Sérgio Spagnoulo, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Enquanto Angelina trabalhou com as principais técnicas de produção de reportagens de cunho investigativo, como a busca de uma temática pouco abordada, Sérgio apresentou ferramentas para a sistematização e apresentação de dados.

Na Produção para rádios, os(as) participantes realizaram a cobertura da programação do 8° ECVJ. Com o jornalista Vinicius França, eles(as) passaram por todas as etapas da produção radiofônica, da pauta à edição. Confira uma delas, produzida por Renato Araújo, sobre as oficinas.

Quem assistiu aos curtas produzidos na oficina Produção de vídeos não poderia imaginar que a maioria dos(as) alunos(as) ali presentes nunca tinha segurado uma câmera. Com a orientação dos produtores Gabriel Vieira e Vinicius Romualdo, eles(as) experimentaram, na prática, como é fazer um roteiro, captação de imagem e som, edição e finalização. Os vídeos Bicha de Pedra Azul, Gírias e Pai da mata já estão disponíveis.

A cobertura do evento também foi a aposta da NÓS POR NÓS, produzida na oficina ZINE ECVJ (Fanzine), ministrada pela equipe da AIC em parceria com a escritora Herena Barcelos. A publicação, independente e colaborativa, trouxe fotos, entrevistas, depoimentos dos(as) participantes e bastidores do evento.

Memória das sete edições do ECVJ é contada no livro Encontros

O encerramento também contou com o lançamento do livro Encontros: Comunicação, juventude e cidadania no Vale do Jequitinhonha, organizado por Márcio Simeone e Laura Pimenta. O e-book, que reúne as histórias e as memórias das sete edições do Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha, realizadas entre 2012 e 2018, é dividida em três partes.

A primeira, Trajetória, traz textos dos organizadores. Em Uma história de mobilização social e de protagonismo no Vale, Márcio Simeone reúne os principais projetos realizados em mais de uma década de atuação no Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha. Laura Pimenta destaca a relação entre a extensão universitária e a prática de Relações Públicas no capítulo Encontro de Comunicadores: uma experiência de extensão e comunicação.

Presença compila a memória da primeira à sétima edição do ECVJ e traz, na íntegra, a Carta do V Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha, realizado em Medina, em 2016. Marcas, a última parte, é composta pelos relatos de dezesseis comunicadores que participaram da gestão e organização do evento, entre professores(as) e estudantes da UFMG, comunicadores populares e gestores culturais das cidades da região. O Epílogo ficou por conta de Graziela Melo Vianna, um relato-ensaio no qual Vianna conecta as paisagens sonoras do Vale às experiências de pesquisa dela na França.

O e-book está disponível na internet gratuitamente. Leia aqui.



Compartilhe!