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“Um dia, eu também estava sentando nessas cadeiras”

Por Leonardo Soares em

Novidade. Comunicação de diferentes formas. Foto: Isabelle Chagas.

“Já me perguntaram: ‘nossa, Gustavo, por que você toma conta desses adolescentes? É tão chato!’, e eu respondi: ‘é porque um dia eu também fui um desses adolescentes, um dia eu também estava sentado nessas cadeiras, querendo aprender algo, perguntando muito’”. Gustavo começou a gostar intensamente de teatro quando a diretora de sua escola o convidou para uma peça baseada em uma fábula. Depois, outros convites vieram, contemplando sua irmã mais velha e seu irmão gêmeo. Mas seria em 2016 que Gustavo Oliveira Príncipe teria contato constante com os palcos, por meio do Núcleo de Cidadania dos Adolescentes (NUCA), um dos eixos do Selo Unicef, braço do Fundo das Nações Unidas para a Infância. “O projeto consiste em trazer conhecimento aos adolescentes, conhecimento ligado às artes, à cultura e ao teatro, além das diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, ele conta.

Enquanto era aluno do NUCA, o jovem de 20 anos participou de várias caravanas de teatro, mas nunca de um programa como o Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha (ECVJ). Na edição deste ano, a oitava, que aconteceu em Almenara, cidade onde Gustavo mora, ele teve a chance de vivenciar o evento. “Foi a primeira vez que fui ao Encontro e foi maravilhoso estar perto de todos aqueles adolescentes e jovens comunicadores. Jovens que trazem, levam, buscam e informam”, diz. No Encontro, Gustavo foi um dos inscritos da oficina Edição Colaborativa de Peças Gráficas, trabalhando na parte dos memes convidativos, uma maneira divertida encontrada pelos jovens para convidar outras pessoas para o Evento. “Transformamos as fotos tiradas no Encontro em memes convidativos. Memes que ‘rodaram’ muito pelo Instagram, Facebook e WhatsApp. A gente se divertiu e, de certa forma, aprendi muito. Não sabia o quanto era interessante participar de um encontro de comunicadores”, diz ele, que também participou da Assessoria do ECVJ.

Além dessas duas participações, Gustavo também foi uma das atrações durante a noite cultural do evento, na qual pôde demonstrar, junto de mais alguns jovens, suas habilidades em pirofagia, o ato de manipular o fogo. “O que me levou a gostar de pirofagia foi por eu ter ido a uma caravana de teatro em Felisburgo (MG) há um tempo. Lá, eu fiz interpretação, e o meu irmão gêmeo, um curso preparatório de pirofagia. Eu pensei: ‘nossa, é tão massa, quero fazer também’. Depois, quando passamos um período em BH, meu irmão me passou algumas técnicas”, diz Gustavo, que faz questão de dizer que ainda está aprendendo. Uma outra habilidade do rapaz, descoberta graças à sua volta ao NUCA, é a de ensinar. Quando um amigo soube que o jovem estava sem trabalho, mas que já havia integrado o projeto da UNICEF fazendo teatro, participando de fóruns e conquistado certificados por isso, propôs que ele também fosse coordenador. Após o aceite dos outros participantes, o almenarense aproveitou a bagagem adquirida para transmitir o conhecimento que recebera como aluno e, se alguém duvida que ele gosta do quê faz, basta ler, logo no início da matéria, sua primeira declaração.

Depois da participação no ECVJ, Gustavo promete repassar o que aprendeu para seus alunos. “Vou levar para os meus alunos um pouco da oficina que eu participei. O Encontro trouxe todo tipo de arte, assunto e informação. Ele é um lugar para você crescer mentalmente, espiritualmente, enfim, de todas as formas. Hoje, como coordenador de núcleo do Selo Unicef, fico muito feliz. Eu realmente faço o que amo”, afirma. Unindo o trabalho que faz, isto é, ensinando teatro, arte e cultura, à experiência obtida no Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha, Gustavo vê o teatro como “uma forma de comunicação, assim como a música e a arte em si” e termina deixando uma mensagem: “busque, procure, se informe. Aprenda como usar a linguagem digital, os blogs, o rádio… todo tipo de ferramenta para se comunicar. Seja um jovem comunicador! Se emancipe!”


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