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“Participando sem medo de ser mulher”

Por Polo Jequitinhonha em

A música de Zé Pinto foi cantada diversas vezes durante o 8º Fórum da Mulher e relata a ambição feminina de mudar a sociedade.

Sementes. Quem mandou matar Marielle? Foto: Beatriz Costa

O Brasil é um dos piores países em termos de representatividade política feminina. O percentual de mulheres no poder permanece quase o mesmo desde 1940. Muitas ainda têm dificuldades em ocupar cargos de poder, serem eleitas ou terem voz ativa nas tomadas de decisões políticas. Isso acontece devido à exclusão histórica das mulheres na política e que reverbera, até hoje, no nosso cenário de baixa representatividade feminina no poder. As mulheres são 51% da população, mas só governam 12% das prefeituras e somente o Rio Grande do Norte não é governado por um homem. Dos 81 senadores, somente 12 são mulheres, e dos 513 deputados federais, apenas 77.

Apesar das cotas eleitorais determinarem uma porcentagem mínima de 30% e máxima de 70% da participação de determinado gênero em qualquer processo eleitoral vigente, as mulheres não têm chegado aos cargos do governo brasileiro. Muitas candidatas são laranjas, ou seja, só estão ali para cumprir o coeficiente necessário que os partidos devem ter. Muitas não chegam nem a fazer campanhas eleitorais. Em Minas Gerais, apenas 9% da prefeituras são comandadas por mulheres. Em Berilo há duas vereadoras entre os nove eleitos, Sueli de Deusinho e a Claudinha de Valter. Inclusive a mais votada do município é Sueli. 

A palestra de encerramento do 8º Fórum da Mulher tratou do tema e ainda discutiu as eleições de 2020. A palestrante convidada foi a Deputada Estadual Leninha e o debate foi coordenado pela vice-prefeita de Araçuaí, Rita de Cássia. O debate foi produtivo e suscitou discussões importantes que podem impactar as eleições dos próximos ano e transformar aos poucos a conjuntura política atual. Leninha, inclusive, conta que decidiu entrar na política, pois sentia a necessidade de novas ideias, de novas pessoas, que trouxessem novas questões, as questões das minorias. Hoje, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a montes-clarense tem certeza de que as mulheres podem fazer diferença e melhorar a política. 

Marielles. Deputada Estadual Leninha durante o 8º Fórum da Mulher. Foto: Leonardo Soares

Esse assunto é recorrente em todas as edições do Fórum, pois entende-se que a presença de mulheres na política proporcionará um maior diálogo e um pensar mais abrangente em torno de questões que estejam relacionadas às pautas femininas. Políticas públicas são primordiais para o exercício da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres. 

Adriane Coelho conta que sua participação no Fórum foi decisiva na sua candidatura a vereadora de Chapada do Norte em 2012. Durante a palestra de uma das organizadoras do evento, Maria Alice Braga, a psicóloga e então Secretária da Saúde relata a identificação que sentiu, “minhas angústias e sonhos também eram compartilhados por inúmeras outras almas”. A ex-vereadora diz que a participação ativa de mulheres na política constrói uma sociedade mais justa e menos preconceituosa. Ainda, completa, “esse é o nosso momento, nosso espaço, nosso tempo”.

Outra liderança feminina importante do Vale é a ex-prefeita de Araçuaí, Maria do Carmo Ferreira da Silva, conhecida como Cacá. Ela conta que não resolveu entrar na política, mas sim, assumiu sua condição de ser político. Apesar dos enfrentamentos árduos e diários, Cacá é otimista e acredita que momentos de encontro como o Fórum da Mulher provocam o empoderamento, o fortalecimento e a união de mulheres com um mesmo propósito, o de fazer política de maneira inclusiva.


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