Mulheres reconstruindo caminhos

Em 2020, Fórum da Mulher do Jequitinhonha se desdobra em ações virtuais adaptadas ao contexto da pandemia de coronavírus.

O Fórum da Mulher do Jequitinhonha reúne todos os anos mulheres do alto, médio e baixo Jequitinhonha para promover discussões essenciais sobre suas vivências, dificuldades, possibilidades e esperanças. Desta vez, devido ao contexto de pandemia, o evento precisou ser adiado, mas, com uma série de adaptações, o Projeto segue desenvolvendo diversas atividades com as participantes. 

Nesse contexto, o Projeto se divide em duas frentes de mobilização: “Inclusão Digital e Ativismo Cibernético” e “Formação para a Cidadania”. Diante disso, além de tratar das temáticas recorrentes como violência contra a mulher, emancipação feminina, formação de redes e a questão das águas, o Fórum aborda as dinâmicas e relações das mulheres com os aspectos políticos e a tecnologia.

Por meio de encontros online com mulheres de todo Vale o projeto continua cumprindo com o papel de envolver as participantes numa troca de saberes, fortalecendo os conhecimentos e consciência de luta por seus direitos, possibilitando a voz e atuação femininas visando a emancipação social e a cidadania plena. 

Uma das ações que compõem o eixo de Ativismo Cibernético, por exemplo, é a produção digital e audiovisual com vistas à formação política das participantes. Dessa forma, as bolsistas do Projeto tem se dedicado à criação de materiais educativos sobre temas como a função da vereadora, da prefeita, dentre outros. 

Bolsista do Fórum e estudante de Gestão Pública na UFMG, Gabriela Maia Salomão relata que apesar da condição de trabalho, virtual imposta pela pandemia, essa tem sido uma experiência enriquecedora profissional, pessoal e academicamente. “Para além do trabalho que a gente desenvolve dentro do Fórum, é um ambiente de troca muito bom, pois as bolsistas que compõe o projeto possuem habilidades diversificadas, e que juntas somam para fazer um produto muito legal”, diz. Além dela, as coordenadoras do evento também reforçam a boa repercussão das ações nos meios digitais e dos materiais produzidos. 

Histórico do Fórum da Mulher

Iniciado em 2011, o Fórum da Mulher do Jequitinhonha vem acontecendo a cada ano em uma cidade diferente do Vale. No primeiro ano, ele foi impulsionado por demanda das cidadãs, apoiadas pela UFMG, por intermédio do Programa Polo Jequitinhonha e do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher (NEPEM). Naquela vez, o cenário foi a cidade de Jequitinhonha. O evento se viu marcado pela construção coletiva da “Carta Aberta das Demandas das Mulheres do Vale do Jequitinhonha”, que tornou pública à população e aos organismos estatais e não-estatais as reflexões e proposições realizadas e debatidas no primeiro Fórum. 

Além de conduzir os debates das edições posteriores, o documento, ao elencar ações em resposta aos problemas existentes, também auxilia o poder público. E é por isso que se deve compreender tal reunião como um espaço de debate, reflexão e denúncia dos temas que impactam as vidas das mulheres do Jequi.

Ademais, é um lugar de grande importância por ser um ambiente de autopercepção e que, ao mesmo tempo, possibilita a reflexão conjunta. As mulheres têm muito a dizer sobre suas experiências, potencialidades e sobre as possibilidades de articulação destas vivências e especificidades com políticas públicas existentes e que poderão ser desenvolvidas em seus municípios, no estado e no país.

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Por Bárbara Ribeiro e Dayanne Goulart