A competência para gerar tecnologias de nanomanipulação e de nanovisualização de materiais é fundamental para que o Brasil possa se inserir com autoridade entre os produtores de nanotecnologia, afirma o professor Ado Jorio, que trabalha com pesquisa e desenvolvimento de instrumentação científica em óptica para o estudo de nanoestruturas com aplicações em novos materiais e biomedicina.

Pró-reitor de Pesquisa da UFMG e professor titular do Departamento de Física, Ado Jorio discutirá o assunto na conferência Um modelo para o desenvolvimento da nanotecnologia no Brasil, que será realizada às 10h30 do próximo dia 19, na sala B 304 do Centro de Atividades Didáticas de Ciências Humanas (CAD 2), no âmbito da SBPC Inovação.

Em sua opinião, o país pode deixar a posição de importador e assumir o papel de produtor de tecnologias que dão suporte às pesquisas em nanociência. “A nanotecnologia ainda está no seu nascedouro. Em minha concepção, os países que vão realmente liderar esse movimento são os que têm capacidade e competência de gerar os equipamentos responsáveis pelo desenvolvimento da área e da ciência como um todo”, diz.

Um exemplo já estabelecido, segundo o professor, é o microscópio eletrônico, principal suporte para o desenvolvimento da nanotecnologia. “O Brasil importa esse equipamento e todos os diversos instrumentos relacionados a essa área e à produção da ciência”, observa.

Em nichos

Para o pesquisador [em foto de Augusto Lacerda], por se tratar de um campo relativamente novo, ainda é possível que o Brasil assuma uma nova postura nessa tecnologia de fronteira. “O país pode se colocar, em nichos, claro, pois é assim em qualquer ambiente de inovação”, defende Jorio, que recebeu prêmios internacionais por sua contribuição na elucidação das propriedades eletrônicas e vibracionais dos nanotubos de carbono.

Ao lembrar que, no passado, países como Alemanha e Japão copiavam tecnologias, Jorio adverte que “para se inserir com autoridade na nanociência é preciso produzir algo novo”.

Com relação a essa capacidade da pesquisa brasileira, o conferencista vai apresentar proposta em estudo na Rede Brasileira de Pesquisa e Instrumentação em Nanoespectroscopia Óptica, financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), de criação de uma spin off universitária que vai investir no desenvolvimento de equipamentos para nanotecnologia.

O projeto já cumpriu diversas etapas na construção de um portfólio de propriedade intelectual, além de ter avançado como empreendimento e na formação de recursos humanos. “Esperamos que a ideia se concretize em, no máximo, dois anos”, anuncia o pesquisador, que figura na lista dos cientistas mais influentes do mundo em 2015, segundo o levantamento The World’s Most Influential Scientific Minds (em português, Mentes Científicas mais Influentes do Mundo), divulgado pela Thomson Reuters.

(Foto de microscópio eletrônico: Foca Lisboa / UFMG)

A programação da 69ª Reunião Anual da SBPC pode ser conferida no site do evento.