Investimento em jovens traz retorno importante para a ciência

Palestra realizada na quarta-feira, 19, durante a 69ª Reunião Anual da SBPC, em Belo Horizonte (MG), reforçou a importância do investimento nos jovens para o desenvolvimento da ciência no país. O evento foi uma parceria do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e a Fundação Roberto Marinho (FRM).

No encontro, foram apresentados os resultados do estudo A formação de novos quadros para CT&I: avaliação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), do CGEE e da pesquisa Análise da trajetória dos vencedores do Prêmio Jovem Cientista, da FRM.

O presidente do CGEE, Mariano Laplane, apontou dados como a redução do tempo entre a graduação e o mestrado entre ex-bolsistas de iniciação científica (IC). Segundo o estudo, 65% dos bolsistas ingressaram no mestrado em até um ano após a graduação. Além disso, eles recebem remunerações um pouco maior em relação aos não bolsistas. “O estudo mostrou que a bolsas de iniciação científica diminui a desigualdade regional e a igualdade de gênero e promovem um melhor salário no futuro”, resumiu.

Coordenador na Fundação Roberto Marinho, André Pinto mostrou que a trajetória dos vencedores do Premio Jovem Cientista, oferecido pelo CNPq em parceria com a Fundação, também é bem sucedida. “O maior ativo do Prêmio é a trajetória positiva desses jovens cientistas”, ressaltou André.

André Pinto e os jovens cientistas. Foto: Cláudia Marins

Segundo o estudo da FRM, o Prêmio, que já contou com 21 mil projetos inscritos e 194 premiados, proporcionou resultados importantes. Dentre eles, a constatação de que 2 em cada 3 projetos deram origem em um produto, serviço, técnica ou patente; 20% influenciaram política ou projeto; 42% despertaram o interesse do setor publico e 52% o interesse da iniciativa privada. Além disso, 81% dos premiados continuam na carreira científica e 55% desenvolveram ou apresentaram pesquisa no exterior. Cerca de 90% considera que o premio mudou a vida.

Em vídeo, o primeiro vencedor do Prêmio, em 1981, Henrique Malvar, hoje cientista-chefe do grupo de pesquisa em inteligência artificial da Microsoft, falou da importância da premiação e do investimento em pesquisa tecnológica e inovação, especialmente da parceria entre empresas e governo. E deu um conselho aos jovens: “não desistam, os cientistas serão heróis da quarta revolução industrial”.

No evento, falaram, ainda, agraciados de edições anteriores do Prêmio Jovem Cientista, Uende Aparecida Figueiredo, primeira colocada na edição de 2011, categoria graduada; e Priscila Ariane Loschi, primeiro lugar na categoria Estudante de Ensino Superior em 2012. Além disso, o estudante do Amapá, Ícaro Rodrigues Sarquis, premiado na edição deste ano do Prêmio Destaque da Iniciação Científica e Tecnológica do CNPq, falou da importância da bolsa de IC para sua vida. “Esse Prêmio foi uma grande vitória na minha vida e quero seguir a carreira: fazer mestrado, doutorado, ser professor e devolver tudo aquilo que o Brasil investiu em mim. Mudar a vida dos estudantes assim como a educação mudou a minha”, finalizou Ícaro.

Ícaro Sarquis fala da importância do Prêmio de Iniciação Científica para sua vida. Foto: Cláudia Marins

Essas histórias emocionam e mostram o quanto é importante o investimento nos jovens, reforçou o presidente do CNPq, Mario Neto Borges, lembrando de um encontro que teve, quando era presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), com uma bolsista de IC do norte do estado, em Janaúba. “Ela tinha 16 anos, eu perguntei se ela gostava de ser uma bolsista de iniciação científica e ela me respondeu: ‘foi o melhor emprego da minha vida'”, lembrou Mario Neto, emocionado.

Presidente do CNPq, Mario Neto Borges. Foto: Cláudia Marins

O presidente do CNPq falou, ainda, da importância da disseminação da ciência para a sociedade. “Se não divulgarmos isso a todo país, vamos ficar restrito aos ‘convertidos’, que somos nós mesmos”, completou. E ressaltou que o CNPq vem conseguindo “navegar mesmo com as dificuldades orçamentárias” e manter o andamento dos programas como o Pibic. “Pode cortar até o salário do presidente do CNPq, mas bolsas de iniciação científica não se cortam”, finalizou.

O presidente da Fapemig, Evaldo Vilela, também esteve presente no evento e reforçou a necessidade de divulgar a ciência. “Precisamos contar mais essas histórias para a sociedade, que tem poucas oportunidades de conhecer o que fazemos. Falamos uma linguagem que poucos entendem. É muito importante divulgar o que esses jovens estão fazendo, que o Brasil tem ciência, tem talentos, tem cientistas e que o brasileiro passe acreditar mais no país”, completou.

Evaldo Vilela fala sobre a iniciação científica. Foto: Cláudia Marins

Estavam presentes no evento, ainda, os diretores do CNPq, Adriana Tonini e José Ricardo de Santana.

*Este espaço é aberto a colaborações jornalísticas produzidas por instituições que participam da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)