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Nº 1332 - Ano 28 - 20.12.2001

Engenharia desenvolve dispositivos

para evitar "piques" de energia

epois de horas diante do computador, o leitor vê todo o seu trabalho perdido por causa de uma que da de energia. O que para o consumidor doméstico talvez não passe de uma dor de cabeça, para as indústrias os piques de energia costumam contabilizar estragos bem mais expressivos.

Foi para resolver esse problema que uma equipe de especialistas do departamento de Engenharia Eletrônica da Escola de Engenharia desenvolveu um restaurador de manutenção, dispositivo capaz de proteger os processos indus-triais das reduções momentâneas na tensão da rede elétrica. "Essa quedas podem provocar o desligamento das máquinas, que demoram horas para retomar seu funcionamento. Nesse espaço de tempo, as indústrias têm prejuízo muito grande", explica o professor Braz Cardoso Filho, coordenador do projeto.

O trabalho começou em 1999, a partir da tese de Sidelmo Magalhães Silva, orientado pelo professor Braz Cardoso. No ano passado, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) interessou-se pelo projeto e propôs uma parceria. Isso porque em Minas os índices de incidência de descargas atmosféricas - um dos principais responsáveis pelos piques de energia - são elevados. Além da Cemig, o projeto também é financiado por agências de fomento como a Capes e o CNPq.

Em março de 2001 foram criados dois protótipos. Um é o aparelho que corrige o problema da queda de energia, denominado compensador dinâmico de variações de tensão. O outro equipamento identifica e registra o problema. "Enquanto o corretor está em operação, o outro sistema grava tudo o que ocorreu, permitindo a análise posterior do evento", explica Cardoso.

O aparelho desenvolvido pela equipe do professor Braz Cardoso guarda semelhanças com o estabilizador, também conhecido como no break. A diferença, explica, está no fato de o compensador trabalhar com o saldo resultante das energias oferecidas antes e depois da queda. Já o no break desliga a rede e fornece toda a energia da carga.

Os protótipos destinam-se basicamente às indústrias, pois seus custos são elevados para o consumidor doméstico. O valor total do projeto, que inclui aquisição de equipamentos, melhoria da infra-estrutura de laboratório, bolsas e remuneração de pessoal, está estimado em R$ 560 mil.

De acordo com Cardoso, o compensador foi recebido com entusiasmo, tanto pela comunidade acadêmica, quanto pelas indústrias. "Há grande satisfação em constatar que a parceria com a Cemig propicia a produção de tecnologia nacional", ressalta o professor. Em 2001, um artigo produzido pela equipe do projeto foi premiado no Seminário Brasileiro sobre Qualidade de Energia Elétrica, que discute soluções para problemas como a falta de estabilidade na tensão e quedas de energia. O texto descreve o processo de funcionamento do compensador.

O professor Braz Cardoso explica que a má qualidade da energia elétrica afeta todos os consumidores. Um exemplo é o surgimento de ruídos e faixas brancas na tela de televisão, quando este aparelho e o liquidificador estão ligados ao mesmo tempo.

Com duração prevista de quatro anos, o projeto tem uma meta ambiciosa: desenvolver uma solução completa para os problemas de queda de energia, que inclui desde o corretor até o sistema para monitoramento de seu funcionamento e registro dos eventos ocorridos. Sua concretização, no entanto, está condicionada à busca de um parceiro industrial que banque a produção do equipamento em larga escala. Cardoso também deseja ver o sistema sendo operado a distância, pela Internet.

Projeto: Compensador dinâmico de variações de tensão

Equipe: professores Braz Cardoso Filho (coordenador) e Selênio Rocha Silva; Sidelmo Magalhães Silva, Pablo Senna de Oliveira, Sandro da Silveira e André de Souza Reis (pesquisadores)

Financiadores: Cemig, Capes e CNPq

Recursos: R$ 560 mil