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Nº 1332 - Ano 28 - 20.12.2001

UFMG ajuda a construir a cidade do futuro

População de Carbonita, no Vale do Jequitinhonha, une-se a professores da UFMG para planejar ações para os próximos 20 anos

magine um município em que áreas e temas como Saúde, Meio Ambiente, Funcionalismo, Educação, Esporte, Cultura e Desenvolvimento Econômico e Social sejam amplamente discutidos por toda a população, com o auxílio de professores universitários. Some-se a isso que tais debates sirvam de base para o planejamento da cidade durante os próximos 20 anos. Essa experiência vem sendo posta em prática numa das mais pobres regiões de Minas Gerais. A localidade atende pelo nome de Carbonita e a iniciativa faz parte do projeto Pólo de Integração UFMG no Vale do Jequitinhonha, coordenado pela Pró-Reitoria de Extensão, e que atende 56 municípios às margens do rio Jequitinhonha.

Planejar cuidadosamente o dia-a-dia de uma cidade, com o auxílio de professores e alunos de diversas unidades acadêmicas da UFMG, é o novo desafio do Pólo de Integração. Batizado de Cidade Futuro Carbonita, a iniciativa partiu de solicitação dos próprios moradores. Representantes do município mineiro procuraram a Universidade com a intenção de implementar ações semelhantes às existentes em Santo André, no ABC paulista, onde um programa similar gerou ótimos resultados. "É um projeto ousado e que nos estimula a procurar muitas parcerias", afirma um dos coordenadores do Pólo de Integração, Genílson Ribeiro Zeferino.

Com cerca de nove mil habitantes, dos quais quase a metade vive na área rural, Carbonita muito se beneficiará com a proposta de pensar seu futuro antecipadamente. Desde meados deste ano, professores de diversos departamentos, além de coordenadores do Pólo de Integração, discutem as formas de realização dos debates relativos às 15 áreas de interesse da cidade. Para isso, foram criados oito grupos de trabalho, que se reúnem em conferências. A primeira delas, cujo tema foi Meio Ambiente e Urbanismo, aconteceu este mês. Outras cinco estão previstas para 2002. "Nas conferências, a população e a comunidade universitária desenvolverão projetos a serem implementados em Carbonita", explica Zeferino.

Depois das discussões, vem a parte prática. Em áreas como Educação, por exemplo, além de identificar falhas no sistema, será possível compreender as principais demandas de alunos e professores. Em outros setores, como o de serviços públicos, o projeto permite a análise da relação entre servidores e a comunidade. Apesar de as conferências acontecerem ao longo de 2002, muitos objetivos já têm sido perseguidos. Desde o início do projeto, professores da UFMG agem no município. Pesquisadores do Cedeplar/Face realizaram um levantamento sobre as potencialidades econômicas de Carbonita.

 

Comunicação para mobilizar

As atividades desenvolvidas pelo grupo de trabalho Administração Municipal e Comunicação permeiam as das demais equipes. Além de sua participação geral no projeto, que tem o objetivo de discutir instrumentos de comunicação para ajudar a administração municipal nos próximos 20 anos, os responsáveis por essa área estão auxiliando na divulgação do trabalho dos outros grupos. "Cada grupo tem a tarefa de levar a discussão para o maior número possível de pessoas da comunidade", explica o professor Márcio Simeone, do Departamento de Comunicação Social, que orienta, juntamente com alguns de seus alunos, a elaboração das estratégias comunicativas.

Segundo Simeone, o trabalho imediato do grupo tem sido traçar, junto às outras equipes, os planos de convocação dos moradores para as conferências temáticas. "Temos que manter a comunidade mobilizada até maio, quando ocorrerá a plenária final", explica. O professor ressalta que as estratégias são traçadas pelos próprios grupos. "Eles elaboram tudo, nossa função é apenas auxiliar", sentencia. As táticas usadas são simples, mas eficazes: teatros, visitas à zona rural e inserções nas duas rádios locais.

A conferência sobre Comunicação e Administração está marcada para fevereiro, quando representantes da comunidade e funcionários da Prefeitura debaterão formas de inserir o tema na administração municipal. "A partir daí vamos elaborar, com a participação dos alunos, um plano de comunicação para a cidade", finaliza Simeone.