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Nº 1466 - Ano 31 - 9.12.2004

Projeto Rondon, o retorno

UFMG participará de nova versão da iniciativa com projetos em áreas como biodiversidade, cidades, educação, saúde e cultura


Vista do município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, onde o Rondon será lançado


Ana Maria Vieira

nova versão do Projeto Rondon, que pretende incentivar a presença de instituições de ensino públicas e particulares no interior da Amazônia, através do trabalho voluntário de professores e estudantes, terá a participação da UFMG. A Universidade encaminhou seis propostas de diferentes áreas ao Ministério da Defesa, em resposta ao edital do governo federal que reativa o projeto.

Segundo o pró-reitor de Extensão, Edison José Corrêa, a iniciativa, que recebeu grande adesão da comunidade universitária, abre horizontes para a UFMG desenvolver seus projetos. "Por meio do Rondon vamos nos relacionar com novas regiões e grupos sociais, além de dividir experiências e conhecimentos", afirma Corrêa, ao salientar que a iniciativa governamental não substituirá ações de base regional da UFMG, como o Pólo de Integração do Jequitinhonha, o Manuelzão e outros projetos de extensão que se encontram consolidados.

Visão abrangente

De acordo com o professor Tomaz Aroldo da Mota Santos, do ICB e ex-reitor da UFMG, que integrou a comissão responsável pela avaliação e seleção das propostas, os projetos encaminhados pelas instituições apresentam visão bastante abrangente sobre a inserção das universidades na região. "Grande parte das propostas está relacionada a alternativas de melhoria da qualidade de vida, de capacitação e de desenvolvimento da autonomia das comunidades", diz o professor.

Caberá às instituições selecionadas indicar as equipes que participarão da primeira fase do projeto. De acordo com o edital, elas devem ser formadas por alunos e professores dos cursos de graduação e vão trabalhar em 13 cidades da região amazônica. A previsão é de que 200 alunos e professores participem do projeto-piloto. Nessa fase, eles coletarão dados para preparar o diagnóstico sobre a região e definir o projeto final. A partir de julho, o número de participantes será dobrado. A meta do governo é acolher 20 mil universitários e professores.

Novo modelo

Criado em 1967, o Projeto Rondon está sendo relançado a partir de sugestão feita pela União Nacional dos Estudantes (UNE) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano passado. No novo formato, coube às instituições de ensino superior acolher propostas de trabalho de sua comunidade e encaminhá-las para avaliação de uma comissão nacional. Os critérios de seleção levam em conta o conceito e a solidez da instituição proponente, o tempo de existência dos cursos, a qualidade da pesquisa e da extensão universitária e a experiência anterior na região. Pelo modelo antigo, os estudantes inscreviam-se diretamente no projeto.

Segundo Edison Corrêa, a UFMG, por meio da Andifes e do Fórum dos Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, encaminhou documento ao Ministério da Defesa com sugestões para o projeto. "Não queremos que a iniciativa configure-se como invasão do norte pelo sul. Além disso, é preciso respeitar a autonomia das universidades na formulação das ações e a sua estrutura interdisciplinar", diz o pró-reitor.

O Ministério da Defesa fornecerá apoio logístico, cobrindo despesas de alimentação, alojamento, seguro e assistência médica. Na UFMG, o trabalho resultará em um relatório. Os alunos envolvidos farão diários de campo, que serão submetidos aos colegiados para integralização de créditos curriculares.

O projeto será lançado em janeiro de 2005 em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, a 1.100 quilômetros de Manaus. As populações de Tabatinga, Tefé, Yauarete, Maturacá, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Santo Antônio do Içá, Carauari, Eirunepé, Fonte Boa, Coari e Santa Isabel do Rio Negro também serão beneficiadas pela nova versão do Rondon.

Projetos enviados pela UFMG

Equipe 1
Tema: Biodiversidade e sustentabilidade
Temas específicos: diagnóstico socioambiental participativo; pesquisa etnobiológica entre indígenas; levantamento de histórico socioambiental
Unidade: ICB

Equipe 2
Tema: Desenvolvimento de cidades
Unidades: Escola de Arquitetura e Fafich

Equipe 3

Tema: Educação e Cultura
Temas específicos: educação indígena, sistema de educação
Unidade: Fafich

Equipe 4

Tema: Gestão econômica e social do município
Temas específicos: estrutura do município; serviços públicos; planejamento e orçamento de entidades públicas; balanço público; publicidade das ações; convênios e parcerias; órgãos de fomento às atividades econômicas.
Unidade: Face

Equipe 5

Tema: Meio ambiente e saneamento
Temas específicos: pressões e impactos ambientais; áreas degradadas e possibilidades de recuperação; coleta e destinação de lixo; abastecimento de água; problemas decorrentes de práticas agrícolas, pastoris e de extração mineral e vegetal.
Unidade: IGC

Equipe 6

Tema: Saúde
Temas específicos: equipes de saúde da família; atenção básica; capacitação de agentes comunitários; educação permanente em saúde; farmácia social; medicina e odontologia preventiva
Unidades: Faculdade de Odontologia, ICB, Escola de Enfermagem e Faculdade de Medicina