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Nº 1480 - Ano 31 - 21.4.2005


UFMG prepara planos para gerenciar resíduos

Compostagem de sobras verdes e levantamento de substâncias químicas descartáveis são iniciativas em andamento

Ana Rita Araújo

uem percorre o campus Pampulha disposto a apreciar a paisagem tem a sensação de conforto psicológico ao se deparar com as extensas e bem conservadas áreas verdes. E, talvez por isso, nem imagina para aonde vão os cerca de sete mil metros cúbicos* de folhas secas, galhos e grama aparada, recolhidos a cada ano, em um trabalho ininterrupto da Divisão de Áreas Verdes, do Departamento de Planejamento Físico e Obras (DPFO) da Universidade.


Equipe responsável pela pesquisa avalia material a ser usado na compostagem
Foto: Eber Faioli

Os chamados resíduos verdes são apenas parte de um grande volume de sobras provenientes das atividades diárias do campus. "A Universidade tem obrigação de dar destinação correta a lâmpadas fluorescentes, restos de alimentos de cantinas e restaurantes, substâncias químicas resultantes de experiências em laboratórios e materiais descartados nos serviços de saúde", enumera a engenheira Eliane Ferreira, coordenadora do Programa de Gestão de Resíduos da UFMG.

O grande desafio agora é elaborar planos de gerenciamento desses resíduos, exigência legal e pré-requisito para a liberação das obras do Campus 2000 , projeto que está transferindo unidades acadêmicas para o campus Pampulha. Mesmo antes da elaboração dos planos, diversas iniciativas estão em curso, como a compostagem dos resíduos verdes e o levantamento de estoques de resíduos químicos em todas as unidades acadêmicas. Consultoria foi contratada para apresentar soluções de descarte, depois de inventariar e classificar o passivo dessas substâncias. "Praticamente todas as unidades acadêmicas geram resíduos químicos", afirma Eliane Fereira.

Resíduos verdes

O esforço da UFMG em proporcionar uma destinação correta aos seus resíduos encontra respaldo na própria atividade acadêmica. O Departamento de Serviços Gerais (DSG) solicitou ao Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia que elaborasse proposta de gerenciamento dos resíduos verdes do campus Pampulha. A resposta virá em forma de dissertação de mestrado a ser elaborada pela bióloga Anselma Dias Lapertosa, aluna de pós-graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia. Trata-se de parceria inédita entre uma unidade administrativa e um programa de pós-graduação da Universidade.

"É uma excelente oportunidade para aliarmos a parte executiva com a pesquisa acadêmica", aprova o engenheiro agrônomo Geraldo Motta, há 12 anos responsável pelas áreas verdes da Universidade. Ele explica que já se faz reaproveitamento de resíduos verdes na UFMG, mas em condições precárias, uma vez que não há sequer espaço adequado para a atividade.

Sob a orientação do professor Raphael Tobias de Vasconcelos Barros e com o auxílio de dois bolsistas de iniciação científica, Anselma Lapertosa estuda a qualidade do material que hoje vai para a compostagem**, o chamado material fino, que inclui grama podada e folhas secas. Além de avaliar a qualidade do composto final e sugerir formas para enriquecê-lo, transformando-o, por exemplo, em adubo, a pesquisa deve elaborar projeto de construção de ambiente específico para a compostagem. A pesquisadora também fará levantamentos quantitativo e qualitativo dos resíduos alimentares provenientes de cantinas e restaurantes do campus, para verificar a possibilidade de incluí-los na compostagem do resíduo verde.

Anselma Lapertosa acredita que o resultado de sua dissertação ajudará não apenas à UFMG, mas também poderá ser útil ao gerenciamento de áreas verdes de outras universidades e prefeituras. "Pretendemos elaborar um modelo para o descarte adequado desse tipo de resíduo", anuncia.

* Volume e quivalente a sete mil caixas d'água de mil litros cada, uma vez que um metro cúbico corresponde a mil litros.

** Processo de transformação de materiais grosseiros, como madeira triturada e folhas, em materiais orgânicos utilizáveis na agricultura. Envolve transformações extremamente complexas de natureza bioquímica, promovidas por milhões de microorganismos do solo que têm na matéria orgânica in natura sua fonte de energia, nutrientes minerais e carbono.