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Nº 1492 - Ano 31 - 14.07.2005


Festival de Inverno estimula diálogo das artes

Vesperata abre 37ª edição neste domingo, na rua da Quitanda, em Diamantina

Regis Gonçalves

om sua tradicional Vesperata, espetáculo cênico-musical realizado quinzenalmente na rua da Quitanda, Diamantina recebe pela sexta vez consecutiva o Festival de Inverno da UFMG, que chega este ano à sua 37ª edição. A abertura será presidida pela reitora Ana Lúcia Gazzola e pelo prefeito Gustavo Botelho Júnior, em cerimônia prevista para as 18h deste domingo, dia 17, no teatro do Instituto Casa da Glória. Durante todo o dia, artistas do grupo A Terceira margem promovem intervenções nas ruas do centro histórico.

As atrações da abertura serão o coral Eny Assunção Baracho e grupo Música Figurata Minas Gerais, com recital em homenagem ao compositor barroco José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita. Um concerto do violonista José Lucena Vaz, às 21h, na Capela Imperial de Nossa Senhora do Carmo, dá seqüência ao programa que será coroado às 22h, com a Vesperata.

O 37º Festival de Inverno da UFMG prossegue até o dia 30 de julho com uma programação que prevê cerca de 50 eventos culturais, entre shows de música, mostras de teatro e de dança, exibições de filmes e vídeos, performances, exposições de arte e recitais de poesia.


Titane, atração musical do 37º Festival de Inverno da UFMG
Foto: Eliane Torino

Formação e atualização

Mas este é apenas o lado mais visível de um evento que, ao longo de quase quatro décadas de história, não se limita apenas a promover espetáculos. Ao contrário, o Festival de Inverno da UFMG tem se pautado por atividades de formação e atualização artísticas que, ao lado da promoção e desenvolvimento da cultura, fazem dele o mais importante evento brasileiro de extensão universitária no campo da cultura. “O Festival contribui para enriquecer o próprio projeto de ensino, de formação e de pesquisa da Universidade, tornando-se, ao mesmo tempo, instrumento para a educação continuada de pessoas que atuam profissionalmente na área”, afirma a reitora Ana Lúcia Gazzola.

Segundo a reitora, o Festival deixou raízes e sementes em todas as cidades por onde passou. “Ele não só gerou, mas de alguma forma criou condições para que outros festivais surgissem em cidades como Ouro Preto, São João del Rei e Poços de Caldas. Por outro lado, grupos culturais importantes em Minas Gerais e no país formaram-se no âmbito do Festival ou derivaram de suas atividades”.

Com orçamento de R$ 840 mil, o Festival é auto-financiável. Os recursos destinados à sua realização foram captados pela Diretoria de Ação Cultural (DAC) da UFMG junto a empresas públicas e particulares, através das leis de incentivo à cultura, estadual e federal. “Apesar da grande competição existente nesse mercado de captação, conseguimos vencer todas as barreiras e obter o apoio dos mais importantes patrocinadores da cultura do país”, comemora o coordenador-geral do Festival, o professor e escultor Fabrício Fernandino.

Diálogos

Tendo como conceito norteador o tema Diálogos possíveis, o evento oferece, em suas cinco áreas temáticas (Artes audiovisuais, Artes cênicas, Artes plásticas, Literatura e Cultura e Música) e na de Projetos Especiais, 2.628 vagas em diversas atividades, entre oficinas de iniciação e de atualização, cursos, seminários simpósios e encontros. Dessas, 1.440 destinam-se aos alunos do Festival e a pessoas da comunidade diamantinense interessadas no curso Astronomia, teoria e prática, que levará à cidade moderno instrumental científico para observação astronômica, entre telescópios digitais, lunetas e um planetário inflável.

Outros diálogos também serão possíveis dentro dessa programação. Um exemplo é o grupo de trabalho Artista em residência: uma experiência transdisciplinar, que reunirá, sob a coordenação do videoartista Eder Santos, 35 profissionais com currículo consolidado em artes audiovisuais, artes cênicas e artes plásticas, além de música, literatura e cultura, para interagirem numa oficina de criação coletiva. Mais importante que o produto final – provavelmente uma releitura pós-moderna da Vesperata – será o processo criativo. “Durante as duas semanas de convivência, cada artista terá liberdade para fazer o que quiser, num trabalho de intenso diálogo e interação”, diz Santos.

Também merece destaque o curso Ecoturismo: turismo na natureza, que levará um grupo de especialistas em Turismo ao Parque do Rio Preto para uma vivência intensiva. Além de assistirem palestras, eles terão a oportunidade de se preparar para a elaboração de projetos de turismo sustentável na região. Um seminário sobre Gestão cultural permitirá aos gestores e interessados atualizarem-se sobre as leis de incentivo e produção cultural, enquanto o simpósio Diálogos possíveis porá lado a lado, em quatro mesas-redondas, um artista e um cientista, na tentativa de apontar os rumos da arte e da cultura no mundo globalizado.