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Nº 1539 - Ano 32
13.07.2006

“Esporte com humor” ou “humor com esporte”?

Guilherme Brasil e Denis Marco*

empre que a Michelle Bruck, âncora da Rádio UFMG Educativa(104,5 FM), anuncia o Bumerangue, ela enche o nosso ego. “Vai começar o programa de esportes mais sexy do dial mineiro, quiçá mundial”. Quem ouve essa chamada nada irônica, deve se perguntar, com aquela cara de estranhamento: “Programa de esportes em rádio pode ser sexy?” Se é ou não, fica a cargo do ouvinte. Sabemos, apenas, que o programa é pra lá de diferente.

O Bumerangue nasceu para contrariar os programas de esporte espalhados nas freqüências radiofônicas. Não queremos falar de esporte sentados numa cadeira estofada, enquanto a barriga ganha espaço. Nossa proposta é a de um programa participativo, em que sentimos o gostinho de cada modalidade, mesmo que, certas vezes, haja “gotinhas” meio amargas.

Quando inventamos de passar pelo tal “Teste de Esforço Máximo”, no Centro de Excelência Esportiva da UFMG, o Cenesp, junto com atletas semi-profissionais, sofremos um pouquinho. Pedalar na ergométrica a toda velocidade, enquanto estagiários do Cenesp adicionam “pesinhos extras”, fez com que a gente suasse bastante. Mesmo assim, conseguimos um tempo razoável – cansados, maltrapilhos, semi-desmaiados, mas conseguimos!

Antes o cansaço fosse o maior dos sofrimentos. Durante vários longos e humilhantes dias, desfilamos pela UFMG com as pernas depiladas – exigência do teste, que previa a colocação de sensores no corpo. Momentos desagradáveis de se recordar, mas importantes para a consolidação de nossa idéia de programa de esportes. Afinal, quem se importa com o respeito de parentes e amigos?

Não paramos por aí. Com o Bumerangue, dizemos, com o peito estufado, que somos apresentadores esportivos, e não mediadores de programa de esportes. Não exibimos corpo de atleta (infelizmente), mas corremos a volta da Pampulha – com direito a medalha – e jogamos futebol americano com o único time do gênero em BH, o que nos custou uma semana de corpo doído. Também vimos o mundo lá do alto, com a turma do Parapente, na Serra da Moeda. Pode parecer que fazemos o programa só para passear e ir ao estádio de graça. Pensando bem, isso é verdade! Contudo, o que nos move, no fundo, é o desejo de desvendar o universo do esporte, de maneira alternativa. Se for de graça, melhor.

Tudo bem! A idéia é muito legal, inovadora. Mas como transportar isso tudo para o rádio? A resposta é: munidos de certa falta de compromisso positiva. Isto é, com leveza e descontração. O Rugby, por exemplo, esporte muito conhecido na Europa, e cheio de adeptos na América Espanhola, não passa, aos olhos dos brasileiros, de um monte de gente que esqueceu a bola e partiu para a pancada. Como bons “explicadores do esporte”, nossa matéria poderia apenas quebrar os estereótipos do Rugby, destroçar paradigmas e levar a nocaute diversos mitos. Pensando bem, de novo, a gente até fez isso! Mas de maneira bem diferente. Quem ouviu o Bumerangue nesse dia, não aprendeu regra nenhuma. No lugar disso, descobriu a maneira como os atletas respeitam o juiz, os adversários, e, após os jogos, saem para beber cerveja.

No Bumerangue, também a música deixa de ser apenas música, e se torna personagem do programa. Se falamos do superstar do futebol americano, usamos Backstreet Boys. Quando o assunto é o espírito lutador do corredor de fim-de-semana, lá vem o tema de Rocky. Brega, baiana, romântica, pauleira, a música é, sem preconceito de gêneros, nossa comparsa na construção do humor. Por isso, se o tema é paraglider, Asa de Águia neles! Fica a cargo do ouvinte a criação da imagem e sua versão da bobagem.

O Bumerangue chegou para ser o irmão mais novo dos programas de esporte tradicionais, aquele curioso que não se cansa de perguntar: “Por que você só fala de futebol? Não existem outros esportes?” Tudo bem que o ludopédio seja a paixão nacional. Contudo, lembramos que existe esporte fora das quatro linhas. Amado por quase todos no Brasil, o futebol vicia até quem deveria falar de outras modalidades esportivas. Na rádio, então, é mais fácil ouvir campeonato da terceira divisão do Piauí do que se inteirar dos campeonatos de peteca ou de boliche.

Para nós, não é porque o rádio apareceu no Brasil lá pela década de 20 que já esteja velho. Ele pode muito bem esconder a idade e se passar por um coroa atlético e bem apessoado. Nossa intenção é justamente essa: tornar o rádio sexy, com um corpinho de 18 (e garanhão, se bobear!). Falamos de um rádio que joga Rugby, pula de paraquedas e encara um joguinho de peteca. No Bumerangue, o rádio pratica esporte, e não fica só olhando da arquibancada.

Você pode conferir o Bumerangue todas as sextas-feiras, a partir das 16h30, na UFMG Educativa (104,5 FM).
O e-mail do programa é bumerangue@cedecom.ufmg.br.

*Estudantes de Comunicação Social e apresentadores do Bumerangue na
Rádio UFMG Educativa

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