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Nº 1592 - Ano 34
26.11.2007

Curso de História completa 50 anos de fundação

Data começou a ser comemorada com seminário que debateu a “onda” de criação de cursos na segunda metade do século 20

Da redação

O curso de História da Fafich, um dos mais tradicionais da UFMG, está completando 50 anos de fundação. E pela primeira vez a Universidade e o próprio departamento que o abrigam lançam um olhar de celebração – sem perder de vista o viés crítico – sobre a trajetória do curso.

“Não houve, ao longo desse período, o hábito de promover comemorações, até mesmo por causa da postura crítica dos intelectuais que não costumam se orientar por esses ritos”, afirma o professor Mauro Lúcio Leitão Condé, chefe do departamento de História.

O pontapé inicial das comemorações foi dado na semana passada, entre os dias 21 e 23 de novembro, com a realização do seminário A universidade e o curso de história: o pensamento brasileiro no século XX, no auditório Professor Baesse. O seminário foi organizado com o objetivo de debater a “onda” de criação de cursos de História no Brasil, na segunda metade do século passado e que, segundo a comissão responsável pelas comemorações dos 50 anos, “conduziu o pensamento historiográfico a um novo patamar”.

Nessa perspectiva, um dos destaques foi a conferência O pensamento brasileiro, os cursos de história e a nação apresentada pela professora Eliana Regina de Freitas Dutra. O evento também contou com uma aula-show na arena da Fafich, em que pesquisadores e músicos interpretaram e comentaram composições de Chico Buarque e Edu Lobo.

Memória

O lançamento do projeto Memória da história é outro marco das comemorações. A iniciativa prevê o resgate e a organização de amplo acervo de informações, documentos, registros e depoimentos sobre as contribuições do curso à sociedade e ao debate intelectual brasileiro. Em março de 2008, será montada exposição com fotos, banners, documentos e uma série de registros sobre o curso, seus atuais e antigos professores e os alunos e ex-alunos. As comemorações estão sendo organizadas por comissão coordenada pela professora Priscila Antunes.

O curso de história da UFMG foi criado no segundo semestre de 1957 e começou a funcionar efetivamente no primeiro semestre do ano seguinte. Até então, História e Geografia formavam um curso só, denominado Geo-História. O novo curso surgiu a partir de diretriz do governo federal, materializada na Lei 2594, de 1955, que determinou o desdobramento das duas disciplinas. Esse movimento conferiu nova relevância a elas ao longo da segunda metade do século 20.

Durante esses 50 anos, o curso de História formou 3.401 profissionais. Atualmente, o departamento conta com 412 alunos na graduação e 92 na pós-graduação.

Em 1990, a área foi reforçada com a criação do mestrado e, nove anos depois, surgiu o doutorado. Recentemente, a Pós-Graduação em História recebeu conceito 6, atribuído a programas de nível internacional.

Com a marca da pluralidade

Uma relação respeitosa com a diversidade de temas e linhas de pesquisa. Essa é a principal marca do curso de História, na avaliação da vice-reitora Heloisa Starling, professora do departamento há mais de 20 anos. “Não existe uma corrente teórica hegemônica ou que se sobreponha às outras”, afirma Heloisa, ao lembrar que o departamento abriga, já há algum tempo, importantes vertentes de estudo, como História da Cultura e História da Ciência, e se prepara para absorver novas frentes, como História da África e História Ambiental.

Mesmo tendo cursado uma graduação em Jornalismo na PUC-MG, mestrado no Departamento de Ciência Política e doutorado no Iuperj, Heloisa Starling credita ao departamento a maior contribuição à sua formação. “Boa parte do que sou como profissional e cidadã devo ao ambiente que encontrei no curso”, reconhece ela, cuja relação com o departamento começou em 1975, quando ingressou na graduação.

Heloisa cita dois momentos que considera fundamentais na história do departamento. O primeiro, nos anos 70, foi caracterizado pelo surgimento de uma cultura de pesquisa. Para isso, diz ela, foi decisiva a contribuição das professoras Maria Efigênia Lage, Norma de Góes Monteiro e Beatriz Ricardina.

Essas três mulheres, cada uma a seu modo, desenvolveram um ambiente muito favorável à pesquisa entre os alunos. Elas ensinaram muita gente a pesquisar, fichar e catalogar documentos históricos”, recorda-se a vice-reitora.

Outro marco, a partir do final dos anos 80, coincide com o processo de modernização administrativa e acadêmica do departamento, que culminou com a incorporação de novas vertentes de estudo e com a própria criação da pós-graduação. “A partir daí, houve um arejamento historiográfico, marcado, por exemplo, pela influência européia”, conclui Heloisa Starling.