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Nº 1606 - Ano 34
22.04.2008
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O uso de fototerapia em lesões produzidas por leishmaniose é uma das pesquisas em curso na UFMG que poderão se beneficiar da técnica para espectroscopia de lasers femtossegundos. Desenvolvida por equipes da Faculdade de Farmácia e dos departamentos de Física e Química do ICEx, a investigação foi iniciada há um ano com a avaliação da atividade de fotossensibilizadores sobre o protozoário causador da doença.
A inovação do processo reside no uso de fulerenos no composto dos fotossensibilizadores, que poderá reduzir custo e imprimir maior praticidade ao tratamento. Essa molécula, com diâmetro de um nanômetro (bilionésimo do metro) e formada por cadeia de carbonos, possui, entre suas características, a propriedade de gerar radicais livres quando exposta à luz ultravioleta (UVA). “Sua eficiência é maior que a de outros componentes de fotossensibilizadores existentes no mercado”, diz Maurício Pinheiro, professor que integra, com seu colega Klaus Krambrock, do departamento de Física, a equipe de pesquisa responsável pela avaliação de diversos materiais em formulações para fototerapia.
Os tratamentos ocorrem por meio de reação dos fotossensibilizadores à luz. Expostas sobre as lesões, essas formulações químicas absorvem a energia da luz e, na presença de oxigênio existente na pele, se transformam em radicais livres capazes de promover a morte de células e de microrganismos infecciosos.
Paulo Cerqueira |
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Ana Paula e Renata: testes em andamento na Faculdade de Farmácia |
Na UFMG, testes preliminares da terapia revelaram-se promissores. “Os resultados são animadores o suficiente para investigar, em próximas etapas, a eficácia da técnica sobre a leishmania dentro do macrófago na forma amastigota e em animal infectado com a forma cutânea da doença”, diz a doutoranda da Faculdade de Farmácia Renata de Souza Pietra, outra integrante do grupo de pesquisa.
A forma amastigota do parasita leishmania se multiplica dentro do macrófago, no organismo animal. A promastigota, flagelada, existe no inseto responsável pela transmissão, o mosquito palha. A doença pode se manifestar nas formas cutânea e visceral. No Brasil, o tratamento privilegia a abordagem sistêmica mesmo para a forma cutânea da doença, uma vez que o parasita pode se disseminar para outros locais, além do sítio de desenvolvimento cutâneo da lesão.
No entanto, mesmo com o tratamento sistêmico, o parasita não é eliminado totalmente do organismo, nem mesmo quando há cura clínica, como explica a professora da Faculdade de Farmácia Ana Paula Fernandes, pesquisadora da equipe e orientadora da tese de Pietra. Ela observa, no entanto, que terapias tópicas das lesões, como as fotodinâmicas, podem atuar como suporte às sistêmicas. Artigo recente publicado por pesquisadores da Universidade de Harvard fortalecem, nesse sentido, hipóteses que podem subsidiar os estudos na UFMG. Seus autores mostram que, como a terapia fotodinâmica elimina parasitas e células infectadas, ela acaba por promover a migração de outras estruturas celulares sadias ao sítio de infecção. Em tese, isso poderia ocasionar alteração no padrão de resposta imune, favorecendo o controle da multiplicação do parasita e a cicatrização da lesão.
A hipótese encontra aliado nos fulerenos, ainda que o grupo norte-americano tenha utilizado outros materiais como fotossensibilizadores. Mas já se sabe que os fulerenos possuem grande eficácia também para a captura de radicais livres na ausência de luz. Essa propriedade ajudaria o organismo a modular respostas de defesa imunitária.
Foca Lisboa |
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Maurício e Klaus: novos materiais para terapia de leishmaniose |
Na UFMG, a síntese dos fulerenos é feita no departamento de Física por Krambrock e Pinheiro, mas novos derivados deles, com capacidades diferenciadas para gerar radicais livres e absorver luz em diversos comprimentos de onda, são produzidos por equipe do departamento de Química, liderada pelas professoras Rossimíriam de Freitas Gil e Rosemeire Brondi Alves.
Cabe ainda a Pinheiro e a Krambrock avaliar a eficiência dessas moléculas em gerar radicais livres. A etapa é considerada fundamental para a pesquisa, pois estabelece parâmetros comparativos sobre a qualidade de diversos fotossensibilizadores. O método utiliza ressonância paramagnética eletrônica e armadilhas de spin e poderá agora contar com o laser femtossegundo. Espectroscopias resolvidas no tempo são consideradas eficazes para avaliar o decaimento de energia de fotossensibilizadores ao serem excitados pela luz. O processo, quando ocorre muito rapidamente, sinaliza para a baixa eficiência do material em gerar radicais livres.
Os estudos do grupo contam com recursos da Capes, CNPq e Fapemig.