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Nº 1632 - Ano 35
03.11.2008

De bem com o ambiente

UFMG amplia medidas para reciclagem e
descarte correto de resíduos

Manoella Oliveira

Foca Lisboa
Alcione Aguiar
Alcione Aguiar apresenta as possibilidades da reciclagem com mesa feita de sobras de banner

No Departamento de Serviços Gerais (DSG) da UFMG, os copos de plástico estão banidos. Cafezinho e água agora são servidos em canecas individuais. A iniciativa é apenas uma entre as várias adotadas pela comissão de coleta seletiva do prédio, criada este ano para planejar e executar ações administrativas e educativas relativas ao lixo do chamado grupo D – plástico, papel, vidro e metal.

Outras 11 unidades da Universidade já aderiram ao projeto, aprovado pelo reitor Ronaldo Pena em agosto. O objetivo é que cada uma delas confira identidade própria ao que é gerenciado de forma global pela Comissão Geral de Coleta Seletiva do Campus Pampulha, sob a coordenação de Eliane Ferreira, diretora do DSG e do Programa de Gestão de Resíduos (PGR) do mesmo departamento.

Nas unidades que produzem lixo químico e de saúde – este de natureza infectante – como a Escola de Veterinária e o ICB, passam a funcionar também comissões específicas para esses resíduos. Desde sua criação, em 2004, o PGR já gerenciava o descarte de materiais como resíduos de áreas verdes, químicos, lâmpadas e encaminhava o lixo orgânico para o aterro sanitário e para a compostagem realizada no campus.

Na mesma linha, outra medida da Universidade que beneficia o meio ambiente são as obras realizadas pela Copasa para instalar interceptadores de recolhimento de resíduos líquidos no campus Pampulha. O objetivo é que o volume de esgoto (1,5 mil metros cúbicos) produzido na UFMG e lançado diariamente no córrego Engenho Nogueira, afluente do Ribeirão do Onça, seja coletado e encaminhado para a Estação de Tratamento de Esgoto do Onça. O projeto, orçado em R$ 1,5 milhão e viabilizado com recursos do FGTS, deve ser concluído ainda neste ano.

Entreposto químico

Uma das áreas que vêm se empenhando em desenvolver mecanismos para descarte adequado de resíduos é o Departamento de Química. Lá o principal projeto em discussão é a criação do entreposto de resíduo químico. A idéia é que substâncias químicas e misturas provenientes de pesquisas descartadas por todas as unidades sejam encaminhadas para o prédio e recicladas – ou para alguma empresa que o faça. O que não puder ser reutilizado será descartado de maneira ambientalmente correta. Álcool sujo, por exemplo, pode ser facilmente reaproveitado. Os resíduos da Química são recolhidos uma vez ao ano e descartados corretamente na natureza.

Essas propostas integram o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Especiais, em fase de planejamento que segue as diretrizes do Decreto Federal 5940. O dispositivo estabelece que todo material reciclável descartado por órgãos e entidades da administração pública federal deve ser destinado a associações de catadores. O Plano, elaborado pelo PRG em parceria com as comissões de resíduos das unidades, está sendo analisado na Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) de Belo Horizonte e já foi aprovado para o campus Saúde.

De acordo com Alcione Aguiar Souza, integrante da comissão geral de coleta seletiva e do PGR, o ponto principal da ampliação do projeto de coleta seletiva será a doação de material para os catadores. “A partir daí vamos desenvolver outros trabalhos que envolvam a comunidade acadêmica. A Universidade gera, por dia, 1,5 tonelada de resíduos grupo D, dos quais 65% são orgânicos, ou seja, sobras dos restaurantes. Esse desperdício precisa ser revisto”, defende Alcione.

As comissões de coleta seletiva das unidades realizaram, no mês passado, um primeiro encontro para troca de informações e planejamento. Uma das idéias já em prática diz respeito a atividades voltadas para orientar funcionários da UFMG sobre as potencialidades da reciclagem. Ainda este ano, serão realizadas oficinas para confecção de caixas de presente e de bandejas a partir de restos de papéis, e de bolsas e outros objetos feitos de sobras de tecidos com o uso da técnica fuxico. No campus Saúde, já foi realizada uma oficina de reaproveitamento integral de alimentos, que será repetida posteriormente.

Palestras também estão incluídas. “É uma maneira de reciclar não só o lixo, mas nossas idéias”, diz Alcione. Outras ações educativas consistem na distribuição de sacolas de lixo para toda a frota da Universidade e de etiquetas que identificarão o conteúdo de caixas dispostas nas salas de aula como material descartável ou reciclável. Os resíduos que se enquadrarem nesta última categoria serão transportados para os módulos de lixo espalhados pelo campus Pampulha, coletados e direcionados pela SLU ou por um caminhão da Fundep para os catadores ou armazenado em contenedores. “Dentro desses compartimentos, o lixo fica junto, mas ele não se mistura. Os catadores estão acostumados a fazer triagem, é muito simples”, diz Alcione.