Busca no site da UFMG

Nº 1639 - Ano 35
2.2.2009

Bônus comprova potencial inclusivo

Graças ao sistema, percentual de egressos da escola pública
na UFMG alcançou 45% no Vestibular 2009

Itamar Rigueira Jr.

Os resultados do Vestibular 2009, divulgados no dia 23 de janeiro, já revelam mudança significativa do perfil de alunos novos da UFMG, provocado pelo aumento do percentual de alunos de escola pública e de alunos autodeclarados negros aprovados para os 78 cursos da UFMG (incluindo as versões noturnas). O concurso deste ano aprovou 44,8% de estudantes egressos de escola pública, frente aos 33,1% de 2008 e aos 31% de 2007. Dos 5.911 novos alunos, 2.012 (34,04%) foram beneficiados pelo bônus para alunos de escola pública e, entre eles, aqueles autodeclarados negros.

Aplicado pela primeira vez este ano, o sistema prevê acréscimo de 10% no total de pontos obtidos para quem cursou os três anos do ensino médio e os últimos quatro anos do ensino fundamental em escola pública. O bônus sobe para 15% caso o candidato se autodeclare negro. O sistema será aplicado pela UFMG até 2012, e então será mantido, modificado ou descartado de acordo com análises de seus resultados ao longo do período.

Segundo a professora Vera Resende, coordenadora da Comissão Permanente do Vestibular (Copeve), as análises preliminares confirmam a expectativa de que o novo sistema seja capaz de valorizar o mérito e o esforço de candidatos que, apesar de condições menos favoráveis de aprendizado, chegam bem perto da aprovação. “As suspeitas de que o bônus baixaria o nível dos aprovados não se confirmaram. Prova disso é que os primeiros colocados foram beneficiados pelo bônus. Muitos dos bonificados nem precisariam dele”, afirmou Vera Resende, em entrevista à Rádio UFMG Educativa.

Na frente

Roberta Tameirão Matos Dayrell (Medicina), Igor Luiz de Moura Rios (Engenharia Química), Rommel Fernandes Domingos (Ciência da Computação), Leticia Oliveira Santos (Medicina) e Rafael Tupinambá Dutra (Medicina) foram, nessa ordem, os primeiros colocados na contagem geral. Todos receberam bônus. Rommel Domingos teve acréscimo de 10% às suas notas nas duas etapas, e os outros receberam 15%, já que se autodeclararam negros ou pardos.

O curso de Medicina, tradicionalmente um dos mais concorridos nos vestibulares da UFMG, teve 320 aprovados. Destes, 92 (28,75% do total) tiveram o bônus adicionado à nota. Entre eles, 25 (27,2%) tiveram bônus de 10% e 67 (72,8%) receberam acréscimo de 15%. O curso passa a contar com 33,7% de alunos egressos das redes públicas, frente aos 16,2% de 2008.

Os cursos com maiores percentuais de alunos aprovados com ajuda do bônus foram os de Licenciatura em Química noturno (70%), Pedagogia noturno (68,18%) e Biblioteconomia noturno (65%). Engenharia de Produção (7,78%), Arquitetura e Urbanismo diurno (10%) e Direito diurno (11,5%) foram os que tiveram, em termos relativos, menos aprovados com o benefício do bônus.

Com os resultados do Vestibular 2009, os cursos com maior incidência de alunos egressos de escola pública são as versões noturnas de Licenciatura em Física (87,5%), Arquivologia (82,5%) e Biblioteconomia (82,5%). Os cursos com menor percentual desses estudantes são Engenharia de Produção (14,4%), Direito diurno (16%) e Engenharia Agrícola e Ambiental (17,5%).

Empurrão providencial

As estatísticas do Vestibular 2009 da UFMG revelam um número expressivo de candidatos que só foram aprovados por causa do bônus. Das 5.911 vagas preenchidas, 690 (11,7%) foram ocupadas por candidatos cuja aprovação dependeu do programa. Nesse universo, o curso mais impactado pelo sistema foi o de História noturno: 27% dos seus aprovados não teriam ingressado sem o “empurrãozinho” do bônus. Outros cursos fortemente impactados pelo sistema foram Direito noturno (23%), Medicina (21%), Ciências Biológicas diurno (20%), Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (20%), Geografia noturno, Farmácia (20%), Geografia diurno (18%), Medicina Veterinária (18%) e Nutrição (18%).

tabela