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Nº 1696 - Ano 36
24.5.2010

Das 55 universidades públicas federais brasileiras, 11 estão em Minas Gerais, número que supera o de três regiões brasileiras isoladamente, já que a região Norte tem oito dessas instituições, a região Sul possui nove e o Centro-Oeste, cinco. Estão em Minas Gerais as universidades federais de Juiz de Fora (UFJF), de Lavras (UFLA), de Minas Gerais (UFMG), de Ouro Preto (Ufop), de São João del-Rei (UFSJ), do Triângulo Mineiro (UFTM), de Uberlândia (UFU), de Viçosa (UFV), dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri (UFVJM), de Alfenas (Unifal) e de Itajubá (Unifei).

UFMG lidera produção científica em
Minas Gerais

Trabalho traça retrato da distribuição de recursos
entre as Ifes mineiras

Ana Rita Araújo

Nada menos que 20% de todas as universidades públicas federais do país estão em Minas Gerais. Pesquisa que será apresentada no Seminário de Diamantina nesta quarta-feira, 26, traçou retrato desse grupo de 11 instituições sediadas no estado, com o intuito de conhecer a distribuição de recursos governamentais e a produção de conhecimento decorrente.

O trabalho, que se vale de dados consolidados de 2008, destaca o papel-chave que a UFMG desempenha na produção de conhecimento no contexto do sistema mineiro de inovação, classificando-a como a “principal receptora de recursos e líder na produção científica e na oferta de ensino superior”, embora as outras universidades também apresentem desempenho relevante. “Essas instituições não formam um grupo homogêneo”, comenta Túlio Chiarini, professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e um dos autores do artigo.

Com 40% dos grupos de pesquisa do estado, a UFMG realizou, em 2008, 46% dos projetos de pesquisa do conjunto de instituições mineiras, seguida pela Universidade Federal de Viçosa, com 19% do total. A UFMG concentra mais docentes – 31% do total, enquanto a Universidade Federal de Uberlândia(UFU) tem 17%; e doutores – 38%, novamente seguida pela UFU, com 13%. Também na UFMG está alocada quase metade dos investimentos realizados pelas universidades federais mineiras.

Como afirmam os autores, “não deve ser surpresa a maior concentração de recursos destinados à pós-graduação na UFMG, que recebeu 48% dos investimentos no ano em estudo, à frente da UFV, com 27%, e da Universidade Federal de Lavras (Ufla), com 12%. “Tal aspecto deve se explicar pelo tamanho da universidade, por sua tradição no meio acadêmico, sua pluralidade quanto aos segmentos de ensino e pesquisa abrangidos, sua infraestrutura de pesquisa, bem como pela qualidade e produtividade científica dos seus pesquisadores”, justifica o autor, em artigo.

Na opinião de Chiarini, “uma série de aspectos formam um contexto propício à liderança da UFMG, que possui pilares extremamente fortes tanto por sua infraestrutura como por sua capacidade de produzir pesquisas científicas de primeira linha”.

Transbordamento

Os autores levantam questões – não respondidas no artigo – a respeito do que seria mais vantajoso para o desenvolvimento do sistema nacional de inovação. Questionam, por exemplo, se seria mais produtivo descentralizar a UFMG, criando novos campi em outras regiões do estado, de modo a gerar transbordamentos de conhecimento para áreas periféricas de Minas.
Discutem ainda até que ponto seria eficiente deixar de alocar recursos em uma instituição que já possui expertise em diversas áreas de pesquisa para direcioná-los a outras instituições menos avançadas em determinados setores. “Quisemos apontar que se deve aproveitar o know-how de certas instituições menores em segmentos específicos”, conta Chiarini, ao exemplificar com o caso da Unifei, que tem como destaque a área de engenharia. “Até que ponto seria eficiente criar cursos que destoam totalmente da sua especialização? Não temos como dizer sem uma análise matemática, estatística e até mesmo econométrica aprofundada, mas intuitivamente acreditamos que isso talvez não seja interessante”, explica.

Esse modelo, segundo o qual uma grande instituição recebe os maiores incentivos governamentais, não parece trazer riscos para o sistema nacional de inovação, na avaliação dos autores. “Arriscado seria não investir na UFMG ou em qualquer outra grande universidade no Brasil, pois elas são pilares importantes do nosso sistema de inovação”, afirma Chiarini.

Segundo os autores, a presença de um agente capaz de produzir conhecimento científico de alto nível em diferentes setores, como é o caso da UFMG, pode auxiliar as demais instituições de ensino superior, que têm a possibilidade de aproveitar esse conhecimento em suas próprias pesquisas, muitas vezes voltadas para as necessidades regionais.

Artigo: Produção de pesquisa científica e de conhecimento: um retrato da atual distribuição de recursos entre as universidades federais mineiras
Autores: Tulio Chiarini, professor da Universidade Federal de Itajubá; Karina Pereira Vieira, mestre em Economia pela UFMG; e Paola La Guardia Zorzin, professora da PUC Minas