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Nº 1742 - Ano 37
13.6.2011

Tem VAGA aí?

Trabalho de arquiteta da UFMG lança mão de modelagem e análise espacial para compreender dinâmica do tráfego de veículos no campus

Ana Rita Araújo

Em 10 de novembro de 2010, das 7h às 19h, a arquiteta Valéria Soares de Melo Franco contabilizou a entrada de 18.174 veículos no campus Pampulha. Os dados foram coletados para oferecer subsídios à dissertação de mestrado defendida em maio passado, no Instituto de Geociências (IGC), sobre o tráfego no campus.

Um dos objetivos da pesquisa, segundo a autora, é o estabelecimento de fatores de equivalência para cálculo de permanência dos usuários no campus. “Para sabermos de fato quantas vagas de estacionamento são ocupadas, não basta somar o número de servidores e de alunos que utilizam automóvel”, defende, ao lembrar que há pessoas, como os estudantes de pós-graduação, que têm aulas, em média, três vezes por semana.

Segundo a pesquisadora, a metodologia aplicada baseia-se nos conceitos de análise sistêmica ambiental, apoiada por ferramentas que permitem ordenar e apresentar as informações espacializadas, suas relações entre si e com o meio onde ocorrem. Valéria Franco trabalhou com informações recolhidas em pesquisa de campo – contagem volumétrica de veículos e pesquisa de origem-destino, dados populacionais de 2010 obtidos junto à administração da Universidade, além de informações extraídas de relatórios de controle ambiental elaborados para o projeto Campus 2000. Para o desenvolvimento da metodologia foi montado banco de dados composto por imagens, bases cartográficas e dados.

Origem e destino

Na pesquisa, as portarias do campus são definidas como origem de viagens, e os prédios como destino. Assim, ao utilizar o critério de carga gerada por edificação, foi possível contabilizar e distribuir o número exato de veículos que se destinam a cada local. A partir da construção de um sistema em rede da malha viária do campus, Valéria Franco analisou a relação de oferta e demanda nos estacionamentos, incluindo pátios e ruas, priorizando locais nas proximidades dos prédios. O estudo também identificou as áreas de sobrecarga, bem como as limitações e as potencialidades do sistema de tráfego local. “O mestrado em modelagem oferece muitas possibilidades de utilização de ferramentas para análise espacial, como geotecnologias e softwares, alguns dos quais gratuitos”, comenta Valéria, que é arquiteta do quadro permanente da UFMG.

Ao focalizar o tráfego no horário diurno – 7h às 19h –, a pesquisa permitiu localizar e distribuir o volume de circulação de veículos no horário de pico (7h às 9h). O estudo também considerou os prédios do campus como geradores de viagens. “Trata-se também de uma inovação, pois em outros cálculos é feita uma distribuição direta, proporcional à porcentagem da população que utiliza automóvel de cada edificação”, destaca a pesquisadora.

A autora acredita que o estudo pode contribuir para o estabelecimento de diretrizes para as políticas de planejamento e gestão do território do campus, uma vez que os resultados das análises permitem identificar polos de conflitos e suas interferências no sistema, além de regiões de concorrência por estacionamento.

Tese e dissertação da UFMG são PREMIADAS pela ANPUR

O conceito não é novo. No caso brasileiro foi consagrado há pelo menos duas décadas, mais precisamente no ano de 1988. A chamada operação urbana é um instrumento previsto pela Constituição Federal para viabilizar intervenções nas cidades que atendem a interesses públicos, mas executadas pela iniciativa privada. O problema é a tensão que decorre desse modelo. De um lado, a cidade vista como mercadoria, pautada pelos usos privados; de outro, a busca pelo direito à cidade e ao uso democrático do espaço público.

Uma análise desse conflito é proposta pela pesquisadora Daniela Abritta Cota, autora de tese de doutorado (A parceria público-privada na política urbana brasileira recente: reflexões a partir da análise das operações urbanas em Belo Horizonte) recentemente premiada pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur) e defendida no ano passado no IGC.

Orientada pelo professor Geraldo Magela Costa, ela se debruçou sobre as influências das parcerias público-privadas no desenvolvimento urbano de Belo Horizonte a partir de 1996. Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de São João del-Rei, Daniela recebeu o prêmio no dia 23 de maio, no Rio de Janeiro.

Outro trabalho desenvolvido na UFMG também foi reconhecido pela Anpur como a melhor dissertação de mestrado defendida em 2010: A festa e a cidade: experiência coletiva, poder e excedente no espaço urbano, de Marcos Felipe Sudré Souza. Desenvolvido no programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, o trabalho, orientado pelo professor Roberto Luís de Melo Monte-Mór, analisa a apropriação do espaço urbano pelas festividades.

Dissertação: Modelagem e análise espacial utilizada para a avaliação do sistema de tráfego no campus Pampulha da UFMG
Autora: Valéria Soares de Melo Franco
Orientadores: Allaoua Saadi e Maria Márcia Magela Machado
Defesa: 26 de maio, junto ao Programa de Pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais do IGC