Com 3,4 milhões de metros quadrados mantidos sob preservação, o campus Pampulha oferece a sensação de conforto psicológico a quem se depara com suas extensas e bem conservadas áreas verdes. No entanto, o ambiente aberto, inserido no contexto urbano, cria condições que exigem cuidados especiais para evitar ou minimizar impactos ambientais provocados pela ocupação humana.
O controle de zoonoses é um exemplo dessa delicada relação com a natureza, como lembra o professor Raphael Tobias de Vasconcelos Barros, diretor de Gestão Ambiental da UFMG. Segundo ele, além de possuir uma fauna de mamíferos e de aves adaptados ao convívio relativamente próximo aos humanos, o campus pode, em determinadas circunstâncias, oferecer ambiente para a proliferação de mosquitos e de animais peçonhentos, como escorpiões e aranhas.
Em sua opinião, é preciso conjugar ações institucionais e atitudes individuais de cada um dos usuários do campus. “Resíduos sólidos e entulhos são abrigos que favorecem a proliferação desses animais”, alerta Barros, que cita riscos de transmissão de doenças pela urina de ratos ou pela picada de mosquitos. Segundo ele, cabe à Universidade melhorar a condição de infraestrutura, ao tampar ralos e fechar frestas nos prédios para evitar a entrada de animais, além de promover a frequente limpeza e manutenção em bueiros, canaletas de drenagem e outros ambientes.
“Já à comunidade acadêmica, em geral cabem as pequenas atitudes, que fazem a diferença e que estão perfeitamente dentro do espírito da campanha Bocados de Gentileza”, afirma o professor, ao lembrar, por exemplo, que embalagens e outros objetos jogados em locais inadequados podem se tornar foco para multiplicação do Aedes egypti, mosquito transmissor da dengue. “Sobretudo quando esses objetos estão em trilhas e caminhos de difícil acesso para as equipes de limpeza”, ressalta.
Para o controle de escorpiões, têm sido consideradas algumas práticas, como comenta o professor. “Prosaicamente, uma das hipóteses é a criação de galinhas d’angola, que são predadores naturais do escorpião”, diz.
Raphael Tobias Barros lembra ainda que o campus está inserido na Regional Pampulha, sob a responsabilidade sanitária da Prefeitura de Belo Horixonte. “Equipes de técnicos continuamente visitam o campus para procedimentos como a borrifação de produtos que impedem a eclosão de larvas, mas nenhuma ação exime os usuários do campus de adotar cuidados e de agir responsavelmente”, afirma.
Com relação ao descarte de resíduos, Raphael Barros informa que antigamente o assunto era tratado por iniciativa institucional e pessoal embasada em uma consideração ecológica. “Mas desde agosto de 2010, temos a Lei 12.305/10 ou Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que precisa ser cumprida”, adverte.