Busca no site da UFMG




Nº 1325 - Ano 27 - 22.08.2001

 

Cecor faz 21 anos

Centro de Conservação da Belas-Artes chega à maioridade
com nível de excelência reconhecido no Brasil e no exterior

 

o dia 5 de setembro, completam-se 21 anos de muito respeito e dedicação ao patrimônio histórico e artístico brasileiro. A data marca o aniversário de maioridade do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), da Escola de Belas-Artes, cujo trabalho de excelência é reconhecido nacional e internacionalmente. Desde sua criação, fruto dos esforços da professora Beatriz Coelho, o Cecor acostumou-se a incluir no currículo projetos importantes para a manutenção da memória cultural do País. “Com o passar dos anos, adquirimos uma visão crítica que nos tornou referência no Brasil e no exterior”, ressalta a diretora do Centro, Anamaria Ruegger Almeida Neves.

Fundado como evolução natural do curso que forma especialistas em Conservação e Restauração desde 1978, o Cecor marcou sua trajetória pelo nível de detalhamento de suas análises. Em todo projeto com o qual se envolve, seja de instituições públicas, privadas ou de particulares, a equipe de especialistas do Centro analisa os problemas específicos de cada peça. Das obras, são apuradas informações precisas sobre itens como autoria, estilo, época, contexto, possíveis intervenções anteriores e bibliografia especializada. “Mas o Cecor não é um órgão apenas de prestação de serviços. Ele é também importante formador de profissionais”, lembra a diretora.

Com equipe fixa de 12 pessoas, o Cecor mantém, em seus laboratórios, bolsistas de pós-graduação e de iniciação científica, além de estagiários de diversos departamentos da UFMG. Alunos e professores dividem-se entre os setores de conservação e restauração de Pintura, Madeira policromada, Documentos sobre papel, e dos laboratórios de Documentação fotográfica e de Conservação Preventiva.

Projetos

O Cecor já esteve envolvido em importantes projetos de resgate do patrimônio cultural (leia quadro). Recentemente, o Centro ganhou projeção pela restauração e análise de uma imagem de Nossa Senhora da Piedade, pertencente à comunidade da cidade mineira de Felixlândia. Além de restaurá-la, a equipe de especialistas descobriu que se tratava de obra do artista Aleijadinho. Na volta para casa, a obra foi recebida com festa pela população. Segundo Anamaria Ruegger, para os próximos meses estão programados dois grandes projetos: a restauração de pinturas e esculturas do Museu de Arte Sacra de Mariana e de 86 peças da Casa de Cultura de Paracatu.

Para celebrar a maioridade do Cecor, está programado, para 3 e 4 de setembro, um seminário sobre Segurança do Trabalho. Um dia depois, na data oficial de aniversário do Centro, haverá coquetel comemorativo na Escola de Belas-Artes. Está prevista, ainda, exposição sobre os projetos desenvolvidos no setor durante a II Semana do Conhecimento da UFMG, que acontece de 10 a 15 de setembro.

Algumas restaurações

– 86 ex-votos da Basílica de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas
– Obras de arte da pinacoteca do Caraça
– Telas do Palácio da Liberdade e do Arquivo Público Mineiro
– Documentos manuscritos do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto
– Pinturas murais de Di Cavalcanti
– Pinturas do Grande Hotel de Araxá
– Santuário de Santo Antônio, em Divinópolis

 

 
A viagem do altar de Olinda

Além de restaurações, o Cecor realiza consultorias de conservação preventiva. Em breve, os americanos poderão contemplar, em seu país, o suntuoso altar de uma igreja de Olinda, datado de 1783. A peça, que pertence ao mosteiro pernambucano de São Bento, está sendo desmontada, e segue no final de setembro para os Estados Unidos, onde ficará exposta por quatro meses no Museu Guggenheim, de Nova Iorque. Para monitorar a desmontagem e garantir as condições climáticas ideais ao transporte e permanência da obra em solo norte-americano, foram demandados os serviços do Laboratório de Ciências da Conservação, ligado ao Cecor.

No caso do transporte do altar, os serviços do Laboratório foram requisitados, através da Fundep, pela Fundação Joaquim Nabuco, de Pernambuco. Ao lado de um especialista inglês em douramento, a equipe da Escola acompanhou a restauração do altar e analisou detalhadamente as condições de clima para a viagem aos Estados Unidos. Os profissionais são obrigados a verificar itens como materiais de embalagem e equipamentos de proteção contra choques térmicos e variações excessivas de temperatura, umidade e pressão.

Projetos como esse representam a nova linha de ação do Laboratório, que tem se especializado em dar assistência a iniciativas públicas e privadas na área de conservação preventiva. “Nosso objetivo sempre foi desenvolver projetos de pesquisa, ensino e extensão. Hoje, isso é uma realidade”, afirma o coordenador do laboratório, Luiz Antônio Cruz Souza.