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Professor da FAE estuda projeto educacional do MST
ue
motivos levam um movimento social ligado ao campo a investir num projeto educativo?
Essa foi uma das questões que o professor Antonio Julio de Menezes
Neto, da Faculdade de Educação da UFMG, quis responder através
da tese Além da terra: a dimensão sociopolítica do
projeto educativo do MST. O trabalho foi defendido em outubro de 2001,
na Faculdade de Educação da USP, e mostra como uma classe pode
criar alternativas para garantir sua inserção na sociedade.
Durante três anos e meio, Menezes estudou o projeto educativo do MST, suas propostas e sua importância nas lutas sociopolíticas da organização. "Hoje está claro que, quando se trata de reforma agrária, apenas a posse da terra não basta", avalia. Por isso, o movimento concentra-se na busca do direito à cidadania no meio rural e elaborou um sistema educacional próprio - voltado para a formação política crítica e a capacitação de gestores para as suas cooperativas - que permita garantir a permanência do homem no campo.
Segundo o professor, o projeto do MST insere a educação em um contexto de democratização da terra e da própria sociedade, à medida que a encara como forma de viabilizar a agricultura e a vida no campo. "Isso traz benefícios não apenas sociais, mas também de produtividade", afirma. A presença da escola no meio rural também assume um papel importante, pois evita que o camponês vá para a cidade em busca de formação. "Sua proposta é ampliar o número de escolas e até o nível oferecido, chegando, inclusive, ao ensino superior", completa.
Menezes concentrou sua análise em uma escola técnica mantida pelo MST na cidade de Veranópolis, no Rio Grande do Sul. A Escola Josué de Castro é um projeto piloto e oferece cursos de formação de professores e de técnicos em cooperativismo para alunos ligados ao MST de todo o país.
A
instituição é modelo na aplicação do projeto
educativo do movimento. A formação de professores busca suprir
a demanda de profissionais para lecionar nas escolas dos assentamentos, que
são públicas e mantidas pelo governo. "Isso possibilita
aproximar os conteúdos das escolas dos assentamentos dos ideais do
MST", explica o professor.
O curso de formação de gestores, por sua vez, tenta melhorar a administração das cooperativas formadas pelos assentados. Segundo Menezes, embora as cooperativas sejam bem organizadas, o nível educacional nos assentamentos é pequeno, o que, em muitos casos, gera problemas de gestão.
Além disso, temas ligados à diversidade cultural estão presentes nas discussões e até mesmo na metodologia adotada nos assentamentos. "O MST espera que esses alunos transformem-se em lideranças mais arejadas", explica Menezes. O professor acredita que a ampliação das escolas e essa formação abrangente podem melhorar o diálogo dos líderes do movimento com as forças políticas do país e a sua imagem frente à sociedade. "Mas é óbvio que isso depende também das reações e de mudanças na própria sociedade", ressalta o pesquisador.
Para Antonio Julio Menezes, o fato de um movimento social estar preocupado com educação pode ser considerado pioneiro. "As pessoas sempre reivindicam educação, mas montar sua própria escola, discutir sua própria pedagogia, isso é inédito", afirma. O MST está construindo outra escola em São Paulo, e existem também convênios com universidades para estudo de novos projetos educacionais, como a Pedagogia da Terra, no Espírito Santo.
A escola técnica do Rio Grande do Sul adota a chamada pedagogia da alternância. Durante 75 dias por ano, os alunos permanecem na escola, onde realizam atividades nos três turnos. Pela manhã, têm aulas de disciplinas obrigatórias como matemática, português, educação física e outras. Na parte da tarde, dedicam-se a outras tarefas da instituição, como padaria, mercado e restaurante.
"À noite, eles têm algumas reuniões e, claro, um tempo livre", completa o professor. Durante outros 75 dias do ano, eles vão às cooperativas aplicar o que aprenderam. Eles são avaliados pelos cooperados e levantam novos problemas, que serão trabalhados em seu retorno à escola, onde reiniciam o ciclo e permanecem mais 75 dias.
Menezes observa que a pedagogia da alternância poderia servir de espelho para outros sistemas de ensino: "Para esses alunos, a escola tem mais sentido. Eles alternam o conhecimento e sua aplicação". Trata-se de uma experiência barata, que poderia ser melhor trabalhada pelo poder público. "O ensino médio praticamente inexiste no meio rural. Seria uma alternativa para parcela significativa dos jovens brasileiros, especialmente os do campo", finaliza Antonio Julio Menezes.
Tese:Além da terra: a dimensão sociopolítica do projeto educativo do MST
Autor: Antonio Julio de Menezes Neto
Orientadora: Carmem Sylvia Vidigal de Moraes
Defesa: 16 de outubro de 2001
Local: Faculdade de Educação da USP
Linha de pesquisa: Estado, Sociedade e Educação