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Nº 1382 - Ano 29 - 30.01.2003

Patrimônio bibliográfico da UFMG vale R$ 10 milhões

Inventário apura perdas de 6% no acervo da Universidade

Carla Maia

ais de 650 mil obras, que valem cerca de R$ 10 milhões. Esse é o patrimônio bibliográfico da UFMG, apurado pelo inventário do acervo do sistema de bibliotecas, que acaba de ser concluído. Trata-se da primeira iniciativa desse vulto, envolvendo todas as unidades.

O inventário aponta as aquisições, baixas e perdas referentes a livros, mapas, vídeos, CDs, catálogos e partituras do sistema de bibliotecas ao longo de 20 anos, além de revelar aspectos qualitativos do acervo, relacionados ao estado de conservação e ao valor das obras. "Agora, dispomos de dados reais sobre o patrimônio bibliográfico da UFMG", afirma a diretora da Biblioteca Universitária, Simone Aparecida dos Santos. Segundo ela, a grande vantagem do inventário é que ele possibilita a identificação das áreas mais problemáticas, que precisam de investimento e maior controle sobre o acervo. A unidade com maior número de obras é a Fafich, com 83.640 livros. A que reúne o patrimônio mais valioso é a biblioteca da Faculdade de Letras, estimado em R$ 1,2 milhão.

Perdas

"Constatamos que muitas obras raras foram furtadas, e muitos livros, mutilados", diz a diretora. O índice de perdas chega a 6%. "Do ponto de visto quantitativo é pouco, mas, no aspecto qualitativo, perdemos obras de grande valor, algumas muito antigas, outras recém-adquiridas", afirma Simone dos Santos. Entre as perdas, há a edição francesa do livro Théâtre de Schiller, do próprio Schiller, que data de 1869. Outra baixa significativa é um livro de Henri Hauser, editado em 1915, intitulado Les sources de l'histoire de France. A diretora defende a implantação de sistema de segurança nos moldes dos que já funcionam na Fafich e na Faculdade de Medicina, que impedem a saída irregular de livros, através de aparelhos de controle magnético.

Raridades

O acervo de obras raras da UFMG, que nunca havia sido inventariado, inclui obras do século 16. "Há livros e documentos únicos no país", destaca a diretora. Entre eles, o testamento de Martim Afonso de Souza, manuscrito em pergaminho entre 1533 e 1538. Outra preciosidade é a primeira edição do livro Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade, autografada pelo autor, e que pertenceu a Cyro dos Anjos. Esses volumes estão disponíveis apenas para consulta. "Pretendemos desenvolver um CD-ROM com um catálogo das obras de grande valor", ressalta a diretora.

Outro problema são os livros danificados. "Há obras em que faltam capítulos inteiros", informa Simone dos Santos.

O inventário mobilizou equipes das 29 bibliotecas da UFMG, além de um grupo exclusivamente contratado para finalizar o processo. "É fundamental, agora, adotar uma rotina de controle em cada unidade, para manutenção e preservação do acervo. Cada biblioteca terá uma planilha de controle mensal para registrar perdas, doações, compras e transferências", esclarece a diretora. Simone Santos também destaca a importância de investir em acervos bibliográficos de cursos mais recentes, como Turismo e Artes Cênicas.

"Nosso objetivo é que o inventário passe a ser realizado anualmente", anuncia o auditor geral da UFMG, Marcos Eustáquio de Oliveira Murta. Ele explica que a averiguação periódica para constatar existência, localização e estado de conservação dos bens móveis de órgãos públicos é uma exigência legal, fiscalizada pela Controladoria Geral da União, pelo Tribunal de Contas da União e pela Auditoria Geral da UFMG. "Os bens públicos devem ser fiscalizados regularmente. Em caso de extravios, a lei exige que seja aberto inquérito", explica Marcos Murta.

A realização do primeiro inventário do acervo bibliográfico do sistema de bibliotecas era uma das metas da atual gestão da UFMG. Para o auditor Bruno Wilke, o inventário não havia sido realizado antes devido a dificuldades operacionais: "O tamanho do acervo representa um desafio. Essa foi uma iniciativa pioneira entre as instituições de ensino superior".

 

Inventário em números

Acervo da UFMG reúne 650.139 obras.
Há cerca de 20 anos, o acervo da UFMG era
composto por 119.610 obras.
O valor do acervo chega a R$ 9.967.936,75.
A média é de 20 livros por aluno.
Fafich é a unidade com maior acervo: 83.640 livros.
A Biblioteca da Fale tem o acervo mais valioso: R$ 1,2 milhão.
Índice de perdas é de 6%.
São 5.768 obras raras.
O acervo do musicólogo Francisco Curt Lange é formado por 1.028 peças, avaliadas em R$ 196 mil.
As coleções de Murilo Rubião, Henriqueta Lisboa e Oswaldo França Júnior somam 10.435 livros.
Nas duas últimas décadas, o total de doações e aquisiçõesfoi de 575.257 obra