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Nº 1407 - Ano 29 - 11.09.2003

Programa Recém-Doutores impulsiona carreira de pesquisadores na UFMG

Flávio de Almeida

s professores da UFMG contemplados com recursos do Programa de Auxílio para a Pesquisa dos Recém-Doutores têm mais chances de conseguir uma bolsa remunerada pelo CNPq, publicam mais artigos em periódicos especializados e orientam mais trabalhos acadêmicos do que os doutores que não foram financiados pelo programa.

Essas são algumas das conclusões apuradas em estudo que avalia o impacto acadêmico da iniciativa. Os resultados do levantamento foram apresentados pelo pró-reitor de Pesquisa, José Aurélio Garcia Bergmann, na última reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) que definiu o montante destinado à edição 2003 *. "Os conselheiros ficaram sensibilizados com os resultados e decidiram aumentar os recursos", conta o professor Bergmann. Este ano, o Recém-Doutores, custeado pelo Fundo Fundep de Apoio Acadêmico, receberá R$ 350 mil. Em 2002, R$ 242 mil foram reservados ao programa. O estudo tomou por base a trajetória dos doutores beneficiados em 1999.

Com base na Plataforma Lattes (banco de dados do CNPq que registra a produção acadêmica dos pesquisadores brasileiros), o estudo da Pró-Reitoria de Pesquisa comparou a trajetória dos pesquisadores contemplados com a daqueles que não foram financiados, em 1999, pelo Recém-Doutores. Como o número de beneficiados é bem menor que o de não-contemplados - 49 a 139 - o professor Bergmann fez uma análise pareada entre os dois grupos. "Procuramos comparar pesquisadores com perfis semelhantes nos dois universos", explica. Dessa forma, ele escolheu, tanto em um quanto no outro grupo, doutores da mesma área e unidade - quando possível, até do mesmo departamento - e com tempos semelhantes de conclusão do doutorado.

Ao final, o professor José Aurélio Bergmann verificou que o desempenho dos doutores beneficiados pelo programa é superior ao dos pesquisadores não-beneficiados. Um exemplo: 22,5% dos recém-doutores financiados conseguiram uma bolsa remunerada do CNPq ao longo de 2001, contra 8,9% dos doutores não-contemplados. A produção dos doutores financiados pelo programa também é maior. Em média, eles chegam a produzir, por ano, 1,07 publicações científicas do tipo 1 (artigos, livros, capítulos de livros e artigos completos em anais de eventos) a mais do que os não-contemplados. Os pesquisadores beneficiados pelo programa também levam vantagem no quesito orientação científica: 3,60 orientações/ano contra 2,85 dos não-contemplados.

O levantamento também revela que o Recém-Doutores ajudou a fortalecer os laços com a Instituição: 72% dos professores exercem funções administrativas, e 75% integram grupos de pesquisa, sendo que 43% destes lideram essas equipes.

Ajuda providencial

Quando concluiu o doutorado em 1999 e retornou dos Estados Unidos, a professora Cibele Queiroz da Silva, do departamento de Estatística do ICEx, levou um choque. Acostumada com recursos de última geração em Seattle, ela teve que se virar com um jurássico computador de 166 Mhz, que mal dava para ler e-mails.

Desanimada, chegou a pensar em procurar outra instituição para trabalhar. "Recebi convites da Unicamp, da Universidade Federal de São Carlos e de universidades dos Estados Unidos e do Chile", revela. Mas não levou adiante a idéia de sair da UFMG por causa de uma ajuda providencial: os cerca de R$ 5 mil que recebeu do Programa dos Recém-Doutores, usados na compra de um computador bem mais potente, de uma impressora e de alguns materiais básicos. Assim, sua carreira acadêmica deslanchou. "Foi com esse computador que passei a ter melhores condições de trabalho. Consegui produzir cinco papers e preparar um minicurso", conta Cibele Queiroz.

O Recém-Doutores também abriu novos horizontes para outra pesquisadora da UFMG, a professora Betânia Gonçalves Figueiredo, chefe do departamento de História da Fafich. Em 1999, ela recebeu cerca de R$ 9 mil e usou os recursos para impulsionar o grupo Scientia et Technica, que realiza estudos na área de história da ciência. "Com esse dinheiro, compramos computador, impressora e lançamos até a primeira versão do nosso site", conta a professora.

Quatro anos depois, o Scientia et Technica está consolidado. Ele reúne professores dos departamentos de História, Química, Matemática, Sociologia e Antropologia, Filosofia e da Faculdade de Letras, é credenciado pelo CNPq e deu origem à linha de pesquisa Ciência e Cultura na História, que integra o programa de pós-graduação em História.

 

*As inscrições para a edição 2003 estão abertas até 10 de outubro. Para concorrer ao benefício, o interessado dever ter concluído o doutorado a partir de agosto de 2000 ou a partir de agosto de 1998, desde que contratado pela Universidade a partir de janeiro de 2000.

As inscrições ao Programa podem ser protocoladas nas unidades acadêmicas, junto aos núcleos de assessoramento à pesquisa ou equivalentes. Mais informações pelos telefones (31) 3499-4034 e 3499-4035. A íntegra do edital está disponível na página www.ufmg.br/prpq.