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História e arte na rocha
Marcas e rótulos gravados em pedras litográficas registram história
de Minas na primeira metade do século 20
Andréa Hespanha
ntes
da invenção da fotografia e dos métodos modernos de impressão,
os rótulos e marcas dos produtos eram feitos por meio da litografia,
técnica de gravura em que o artista desenha sobre a pedra
litográfica, para que a imagem seja registrada em papel. Muitas
dessas pedras, pertencentes ao Atelier da Litografia da Escola de Belas-Artes,
despertaram na professora Maria do Carmo de Freitas Veneroso o desejo de resgatar
a história da litografia comercial em Minas Gerais da primeira metade
do século 20, por meio de estudos desses rótulos.
Maria do Carmo de Freitas começou o trabalho de recuperação e registro da memória do Atelier de Litografia com um levantamento das origens da técnica e das pedras disponíveis no acervo. Nasceu então a pesquisa Antigas marcas, novas mídias: a arte humanizando a tecnologia, que tem como objetivo preservar a memória do Atelier. "Ele não deixa de ser um museu, devido ao maquinário do século XIX e às pedras litográficas, raridades históricas gravadas em um mineral já extinto", explica a professora.
Minas Gerais foi um dos principais centros de litografia comercial no Brasil, principalmente por causa da indústria de laticínios, que gerava a produção de rótulos e marcas de manteiga, cachaça, fumo de rolo, banha e queijo. Os primeiros desenhistas litográficos vieram da Europa, trazendo modelos de paisagens européias seguidos fielmente no desenho dos rótulos. Num segundo momento, surgiu o que se pode chamar de design caipira, marcado pela incorporação de elementos locais ao desenho dos rótulos.
Interesse acadêmico
A litografia deixou de ser aplicada comercialmente nos anos 60, quando surgiu a técnica de impressão em off-set. Por isso, os maquinários e pedras das antigas estamparias chegaram às escolas de arte, despertando o interesse acadêmico pela técnica. Em Belo Horizonte, uma das precursoras da pesquisa sobre o tema foi a artista Lótus Lobo (leia entrevista abaixo), da Escola Guignard, cujo trabalho inspirou os estudos de Maria do Carmo Freitas.
Antes do estudo da iconografia e hibridismo das marcas, a professora e uma equipe de bolsistas recuperaram e registraram 114 rótulos gravados nas pedras do Atelier. Essas marcas foram fotografadas com câmera digital e arquivadas em CD-ROM. "Selecionamos dez rótulos mais representativos para serem impressos e formarem um álbum de litogravuras", informa a professora. Os álbuns produzidos serão doados a escolas de artes e museus. Para Maria do Carmo, além de resgatar a importância artística da litografia, o trabalho sob sua coordenação ajuda a preservar imagens que representam a estética de uma época, que corre risco de se perder. "As pedras litográficas podem ser polidas para a confecção de novos desenhos, e assim as marcas desaparecerão", acrescenta.
Para recuperar os desenhos, Maria do Carmo valeu-se da litografia off-set ou fotolitografia, pouco usada no Brasil, mas que se apresenta como alternativa para a litografia tradicional em pedra. Para não perder a característica da gravura, usa-se o mesmo procedimento da litografia em pedra, substituída pela chapa de off-set, mais fácil de ser adquirida e manipulada.
Com suas reservas esgotadas, a pedra litográfica
é um material calcáreo proveniente da região da
Bavária, Alemanha. A principal característica dessa pedra,
que hoje só é encontrada em ateliês de artistas,
é a sensibilidade à gordura, essencial para o processo
de gravação da imagem. O desenho é feito com materiais
formados por partículas gordurosas, como lápis ou crayon
litográfico, ou tusche, sobre a pedra que possui uma granulação
que possibilita a aderência do material gorduroso. A pedra passa
por um processo de gravação química, que deixa
a gordura penetrar, criando uma "mancha química" e
tornando as áreas sem imagem insensíveis à recepção
de gordura. Para reaproveitar a pedra litográfica, basta polir
a sua superfície. |
/Lótus
Lobo
Retrato de época
Assim que os antigos maquinários e pedras vindos das estamparias litográficas
em processo de desativação chegaram às escolas de artes
pláticas, Lótus Lobo, ex-professora da EBA e da Escola Guignard,
interessou-se pela técnica. A artista passou a desenvolver pesquisas
sobre a litografia comercial, transformando-se numa das litógrafas
mais importantes de Minas Gerais.Em entrevista ao BOLETIM, Lótus Lobo
conta como a litografia entrou em sua vida.
Como a senhora descobriu a litografia?
Descobri a técnica quando entrei na Escola Guignard, na década de 60. Anos depois, quando trabalhava na montagem do meu ateliê, comprei algumas pedras da Estamparia de Juiz de Fora, que havia sido desativada. A partir dessas pedras, marcas e rótulos, comecei a desenvolver pesquisas sobre a litografia comercial em Minas Gerais. Durante muitos anos, lecionei a disciplina de litografia na Guignard e, em meados dos anos 70, na UFMG, onde montei o ateliê de litogravura.
De que maneira o estudo dessas marcas pode resgatar a história
de uma época?
Esse estudo pode levar a muitas leituras. O desenho das marcas reflete um
pouco os gostos da sociedade em determinada época. O estudo também
resgata as indústrias, fazendas e o estilo dos produtores dessas marcas.