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Santo veneno
Dissertação descobre clones de toxinas do veneno de escorpião que poderão resultar em soros mais eficientes
Jurandira Gonçalves
roteínas,
sais, aminoácidos, toxinas e muitas substâncias de potencial
farmacológico desconhecido. Tudo isso pode ser encontrado no veneno
de animais peçonhentos. Partindo da riqueza desses venenos, a pesquisadora
Kênia Pedrosa Nunes, aluna do programa de pós-graduação
em Farmacologia Bioquímica e Molecular do ICB, descobriu clones (leia
glossário nesta página), que codificam toxinas presentes no
veneno do Tityus serrulatus, o escorpião amarelo, de grande incidência
em Minas Gerais. O estudo, transformado em dissertação de mestrado
defendida em 20 de fevereiro, pode resultar em soros terapêuticos mais
eficientes e até na produção de vacina contra o veneno.
O trabalho de Kênia Nunes começou com o estudo da TSVII, uma potente neurotoxina presente no veneno do escorpião amarelo. "Enfrentava dificuldades para conseguir material em quantidades suficientes para o estudo, já que esta toxina corresponde a uma pequena parte do veneno. Por isso, passei a procurar um clone que a codificasse", afirma a pesquisadora. O estudo, desenvolvido a partir de um acervo de fitas complementares ao DNA, os cDNAS, propiciou a descoberta de vários clones que podem codificar outras toxinas - algumas, inclusive, desconhecidas ou com potencial ainda não dimensionado.
Em seu trabalho de caracterização da TSVII,
Kênia Nunes descobriu o epitopo, a região imunodominante da toxina.
O epitopo é a parte da toxina reconhecida pela célula do animal
infectado e que desencadeia a produção de anticorpos. Segundo
Kênia Nunes, essa descoberta permitirá a síntese do epitopo
em laboratório. "Essas frações sintetizadas em laboratório,
ou
peptídeos sintéticos, como são conhecidas, não
são tóxicas e podem contribuir para produção de
soros terapêuticos de melhor qualidade", explica a pesquisadora.
Obstáculos
Segundo a pesquisadora, a aplicação de terapias baseadas em venenos de animais peçonhentos enfrenta obstáculos técnicos e operacionais. Um dos problemas diz respeito à pequena quantidade de frações tóxicas, provenientes do veneno, disponibilizadas para estudos. "O veneno tem muitas enzimas, algumas tóxicas. Precisamos separá-lo e trabalhar apenas com uma fração muito pequena", diz Kênia Nunes, explicando que este é um motivo que leva os cientistas a buscarem clones que codifiquem toxinas. Outro obstáculo reside no próprio processo de produção do soro terapêutico. Ele é baseado na injeção do veneno não-fracionado em um animal. Seu organismo reage, ativando a produção do soro. O procedimento causa grande sofrimento e diminui a vida média do animal, já que, além das frações terapêuticas, ele também recebe substâncias nocivas.
Coordenador do Laboratório de Imunoquímica de Toxinas e orientador da dissertação de Kênia Nunes, o professor Carlos Chávez Ólortegui afirma que, apesar dos avanços na área, a qualidade dos soros terapêuticos precisa melhorar. Além do processo de produção do antiveneno, ele também vê problemas nas metodologias de diagnóstico e administração do soro. "A administração em humanos ainda não é adequada. Os soros não são totalmente purificados, além de nem sempre escolhidos corretamente. Também faltam métodos de diagnóstico", aponta o cientista.
O laboratório desenvolveu um kit imunodiagnóstico que permite precisar a quantidade de toxina em circulação no organismo da vítima e identificar o volume exato de soro terapêutico a ser administrado. O diagnóstico, admite Kênia Nunes, carece de aperfeiçoamentos. "Ele precisa ser melhorado para especificar o tipo de toxina que circula no organismo", explica.
O trabalho da pesquisadora integra linha de estudos que envolvem
dois laboratórios do ICB, o de Imunoquímica de Toxinas, do departamento
de Bioquímica e Imunologia, e o de Biologia Molecular, ligado ao departamento
de Farmacologia. Os estudos são realizados em parceria com a Fundação
Ezequiel Dias (Funed), centro produtor de soros em Minas Gerais.
Glossário
cDNA: fita complementar ao DNA. Neurotoxinas: toxinas que atuam sobre o sistema nervoso. Epitopo: região imunodominante da toxina. É a parte reconhecida pela célula e a partir da qual se desencadeia a produção de anticorpos. Peptídeo: Seqüência de aminoácidos correspondente a uma parte da proteína. Peptídeo sintético: parte da proteína sintetizada em laboratório. |
Dissertação: Clonagem e análise de sequências
de cDNAS que codificam toxinas presentes no veneno do escorpião Tityus
serrulatus
Autora: Kênia Pedrosa Nunes
Defesa: 20 de fevereiro de 2004
Unidade: Instituto de Ciências Biológicas
Orientadores: professores Carlos Chávez Ólortegui
e Evanguedes Kalapothakis