Busca no site da UFMG

Nº 1625 - Ano 34
12.09.2008

UFMG acelera para crescer

Universidade trabalha em várias frentes para receber novos cursos, alunos, professores e servidores na “era Reuni”

Itamar Rigueira Jr.

Concursos para professores e servidores técnicos e administrativos, construção de prédios, criação de cargos e funções de direção e elaboração de projetos curriculares para novos cursos. A UFMG se movimenta para viabilizar sua adesão ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), lançado em 2007 pelo MEC.

Os objetivos do programa são múltiplos: expandir a oferta de educação superior pública, com inclusão social, aumentar fortemente o número de vagas no turno noturno; modernizar os projetos pedagógicos dos cursos, com o emprego de metodologias de ensino que permitam o atendimento, com qualidade, de maior número de estudantes e reduzir a evasão no ensino superior. No conjunto das Ifes, haverá, até 2011, investimentos adicionais da ordem de R$ 2 bilhões e aumento de 70% das matrículas, que passarão das atuais 600 mil para cerca de 1 milhão.
A UFMG receberá substancial volume de recursos. Apenas na infra-estrutura para sustentar a expansão serão investidos R$ 72,8 milhões.

Outros R$ 52 milhões serão aplicados na contratação de professores e funcionários e no pagamento de bolsas. O impacto do Reuni também poderá ser notado no chamado orçamento de custeio – responsável pela manutenção cotidiana da Universidade –, devendo saltar dos atuais R$ 60 milhões para cerca de R$ 100 milhões anuais até 2012, ano em que o programa de expansão deverá estar totalmente implantado. O Reuni prevê a abertura de 2.102 novas vagas no Vestibular, sendo 1.455 no período noturno. O número de matrículas na graduação passará das 25.500 existentes em 2007 para 33.830 em 2012. Ao todo, serão criados 41 novos cursos.

Contratações

Para fazer frente a essa nova demanda, a Universidade vai receber 406 vagas de professores em dedicação exclusiva. Isso significa número ainda maior de docentes a serem contratados, já que parte deles terão regimes de 20 e 40 horas.

Esse número de vagas, 406, é o máximo que a UFMG poderia ter para a expansão que se propôs a realizar. Esse total só poderia ser aumentado se também houvesse um crescimento ainda maior nas vagas de vestibular. A necessidade de docentes em dedicação parcial, ou seja, de professores que tenham contato mais estreito com a atividade profissional externa ao ambiente acadêmico, ainda não foi completamente definida pelas unidades. Mas a estimativa, segundo o pró-reitor de Graduação, Mauro Braga, é de que cerca de 80% dessas vagas serão providas em DE e 20%, em T40 ou T20.

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) já autorizou a realização de concurso, ainda em 2008, para a contratação dos primeiros 62 professores, que serão lotados em 15 unidades. Todos eles atenderão à demanda dos novos cursos, mas poderão também atuar naqueles já existentes hoje.

As 62 novas contratações estão relacionadas à demanda do primeiro semestre de 2009. Para resolver às necessidades ligadas aos períodos seguintes, haverá novos concursos no primeiro e segundo semestres do ano que vem e também em 2010.

A UFMG vai promover concursos, até 2011, para a contratação de 600 servidores – 400 de nível médio e 200 de nível superior. Já no início de 2009 serão admitidos 70 servidores em função das necessidades do Reuni, para trabalhar principalmente nas unidades acadêmicas com cursos novos e em áreas da administração central que dão suporte à graduação. Para alguns cargos, serão chamados candidatos aprovados no último concurso, realizado no primeiro semestre para preencher 142 vagas e que não tem qualquer vinculação com o projeto de expansão. Para o restante, será realizado outro concurso, possivelmente ainda este ano, segundo a pró-reitora de Recursos Humanos da UFMG, Elizabeth Spangler. Numa segunda etapa, ainda no próximo ano, está prevista a contratação de mais 100 servidores.

Foca Lisboa
Mauro
Mauro Braga:
Reuni é operação arrojada

Mudanças de gestão

A expansão da Universidade, com a criação de cursos e a oferta de mais vagas, gera mudanças também na estrutura de direção de algumas unidades. Segundo a professora Ana Starling, assessora especial para o Reuni, criam-se novos colegiados de curso e, portanto, novos coordenadores – e assim por diante. Ela informa que a UFMG já recebeu do MEC os primeiros cargos que poderá aplicar. São 62, entre eles 15 Funções Gratificadas 1 (FG1), três FG2 e onze Cargos de Direção (CD). Para toda a vigência do Reuni, serão cerca de 250 novos cargos e funções.

Caso típico dessas mudanças é o Instituto de Ciências Agrárias (ICA), no campus de Montes Claros, que vai abrigar mais quatro cursos. Além dos novos colegiados, com seus respectivos diretores, o ICA passa a ter dirigentes com status proporcional àquele que a unidade agora ocupa na estrutura da UFMG. O antigo NCA transformou-se em Unidade Acadêmica.
A Pró-Reitoria de Graduação trabalha intensamente para a aprovação dos projetos pedagógicos dos 15 cursos criados com base nos recursos do Reuni. Foi estruturado, no âmbito da Prograd, um setor que apóia a elaboração dos projetos. Oito deles já passaram por esse setor e estão nas mãos de relatores, que os encaminharão para exame da Câmara de Graduação.

Mesmo as versões noturnas de cursos que já existem devem cumprir esse processo, uma vez que suas grades curriculares precisam se ajustar à menor disponibilidade de horário no turno da noite. “Alguns desses cursos têm, em suas versões noturnas, ênfases e características um pouco diferentes, incluindo o tempo previsto para sua duração”, justifica Mauro Braga

Expansão sem precedentes

Mauro Braga diz que “há uma angústia justificável” com relação ao andamento das providências para a adequação às mudanças provocadas pela adesão ao Reuni. E garante que a Reitoria está trabalhando de forma integrada para a resolução dos problemas. “O Reuni é uma operação arrojada, uma expansão como jamais houve no sistema federal de ensino superior. É mais do que natural, portanto, que esse momento inicial gere contratempos e dificuldades. Além do mais, há etapas a cumprir no setor público, especialmente no caso de obras físicas, que são diferentes e mais demoradas que no setor privado”, ressalta ele, lembrando que não há como construir, para 2009, os prédios do Reuni. Mas, acrescenta, serão encontradas alternativas adequadas para receber, com o padrão UFMG, os novos estudantes.

A professora Ana Starling acrescenta que a implantação de um programa desse porte demanda um período de transição. “Estamos arrumando a casa, e nosso grande esforço é para que os problemas sejam reduzidos ao mínimo possível”, afirma.

obras

Parte da estrutura física já está pronta

Ainda que os Centros de Atividades Acadêmicas (CADs) não estejam prontos para uso em 2009, boa parte da estrutura física que abrigará a primeira grande leva de alunos egressa com o Reuni – 1.500 estudantes, distribuídos em 33 cursos (19 novos e 14 ampliações) – já está pronta. Em primeiro lugar, porque parte significativa dos novos cursos será ofertada à noite, turno em que a Universidade dispõe de espaço ocioso.

Quanto aos horários diurnos, o impacto inicial do Reuni já está acomodado. Os alunos novos do ICEx, por exemplo, vão utilizar, a princípio, dependências da Escola de Engenharia. Mais tarde, passam para o bloco 3 da Engenharia, prédio que nas próximas semanas começa a ser construído no terreno do antigo Pavilhão Central de Aulas (PCA) e estará pronto até o início de 2010. Este prédio vai receber também as turmas do ciclo básico da Engenharia. Como vai abrigar número de alunos maior do que o excedente do Reuni, o prédio do ICEx terá, em pouco mais de um ano, ocupação menor que a atual.

Os carros-chefes da infra-estrutura física do Reuni são os três Centros de Atividades Acadêmicas (CADs): Ciências Naturais, Ciências Humanas e Ciências Exatas. Os dois primeiros têm seus projetos arquitetônicos detalhados e contam com autorização para a supressão de árvores, informa o pró-reitor de Planejamento, José Nagib Cotrim Árabe. Para isso, a UFMG deverá implementar ação de compensação ambiental e está negociando com a Regional Pampulha o plantio de árvores na Estação Ecológica (em proporção de 10 para cada árvore derrubada) ou projetos de compostagem de resíduos vegetais.

O CAD-CN, que será construído em frente ao ICB, está em fase de execução do projeto estrutural e deverá ter seu canteiro de obras aberto no início de outubro, o que exigirá o remanejamento provisório do estacionamento do ICB para o Mineirão. Os projetos complementares (elétrico, hidráulico etc.) estão em licitação. Quanto ao CAD-CH, que ocupará lugar atrás da Faculdade de Letras, está sendo preparada a licitação dos projetos complementares. Estes centros terão salas para 40, 60 e 80 alunos e dois anfiteatros de 200 lugares cada um. O CAD-CN também terá um auditório de 700 lugares. Ambos os prédios estarão prontos no início de 2010.

O CAD3, de Ciências Exatas, que será construído próximo ao prédio do ICEx, terá sua localização definida nas próximas semanas. A partir daí, começa a elaboração do projeto. A demanda inicial do ICEx para o prédio já foi levantada.